Capítulo 24 - O plano

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Eu havia acabado de gabaritar a décima prova de poções seguida e receber a menção honrosa do Snider quando, no jantar, ouvi dois garotos da sonserina comentando sobre ela.

- Estão falando que conseguiu superar a Wood no treino passado.

- Sério? Cara... Ela tem as maiores notas, manda bem no quadribol e ainda é uma gata. Estou começando a achar que ela está na casa errada.

De quem estavam falando?

- Eu sei lá... Só sei que estou louco para assistir essa garota no jogo de amanhã.

Para a surpresa de todos, na final contra a Corvinal, a apanhadora escalada de última hora pela Grifinória foi a Potter. Ao ouvir seu nome no altofalante sendo aclamado pelo público, torci para que caísse lá de cima. Quando ela pegou o pomo de ouro com uma manobra mirabolante aos míseros quinze minutos de jogo, tive vontade de que morresse de uma doença horrível. Quando a legião de fãs de todas as casas foram cumprimentá-la e a ergueram acima deles comemorando, senti uma raiva imensa se apossar de mim.

Eu era o aluno mais incrível da escola, eu era genial! Como assim justo a idiota da Potter ia tomar isso de mim?

Passei o verão inteiro tentando tirar aquela vitória da minha cabeça, mas tudo o que conseguia pensar era como os Potter haviam nascido para arruinar os Malfoy. Meu pai já tinha contado história ridículas sobre eles, seus ninhos cheios de filhos, os cabelos vermelhos, a cicatriz e eu tinha cada vez mais certeza de que eram um lixo. Eu só não podia esperar que aquela garotinha do quarto ano pudesse se destacar daquele jeito. Pelo amor de Merlin, ela tinha sardas! Como podiam achar aquela magrela bonita?

Foi naquele verão, também, que eu tive a minha primeira doença séria. Apenas para descobrir que não se tratava de uma doença normal. Meu pai disse que poderia preparar tudo para que eu me tornasse um comensal, que já estava na hora, mas quando Scorpius me contou o que era preciso, dei para trás. Briguei com todos eles, na merda ao perceber que eram tenebrosos e hipócritas.

Voltei para o meu sexto ano em Hogwarts com um único objetivo: encontrar uma droga de uma poção que acabasse com aquela doença de uma vez por todas e me tornasse livre daquela família. Foi neste momento que comecei a me interessar pelas plantas e a admirar o Longbottom. Por motivos históricos, ele parecia saber da minha doença, assim como Snider e os dois acabaram sendo as pessoas que eu procurava quando sentia dores ou não conseguia respirar. Foi por causa da minha doença que eu ganhei um quarto de monitor apenas para mim. Foi por causa daquela maldição que todas as piores e melhores coisas começaram a acontecer comigo.

Naquele ano, a Potter ficou cada vez mais popular por suas jogadas incríveis e começou a disputar as melhores notas comigo. Bom, vamos ser honestos, o quinto ano era bem mais fácil que o sexto. Ela também começou a namorar uns idiotas e ganhou o título de Rainha da Festa do Lago. Tão ridículo que me fazia querer vomitar cada vez em que aparecia naquela maldita festinha, toda feliz e animada, conversando com todo mundo. E eu via tudo do outro lado do lago, é claro, como uma onça feroz que observa e admira a sua presa.

No fim do meu sexto ano, voltei a ter febre e convulsões com aquela droga de doença e minha mãe me arrastou para uma droga de acampamento cheio de riquinhos comensais em uma última esperança de que eu pudesse ver que valia a pena. Mas eu jamais me tornaria um deles. Eu jamais machucaria seres inocentes para poder viver. Jamais. E não era culpa minha se eles se achavam merecedores disso, porque eu achava uma droga.

Comecei a voar alto e a fazer manobras arriscadas apenas para me sentir vivo. Às vezes, eu voava em direção ao chão com toda a velocidade possível, sabendo que a gravidade me ajudaria e, no último momento, fazia um feitiço de rebote. Os arranhões e cortes na pele me ajudavam a sentir menos a dor interna gerada pelo fato de saber que eu ia morrer a qualquer momento.

Quando voltei para Hogwarts em meu sétimo ano, eu já tinha um novo objetivo.

- Eu conheci uma garota. - contei para o Snider, enquanto jogávamos xadrez na sala de poções.

- Hum... Bonita?

- Bonita é eufemismo.

Eu tinha que admitir que no último ano, ela havia se tornado algo mais parecido com uma mulher.

- O que foi, Snider, não acredita em mim? - brinquei, mas ele apenas decidiu mover seu peão. Jogadas pequenas, mas que podiam ganhar a mesa a qualquer momento.

- É claro que acredito.

- Pois então.

- Vai chamá-la para sair?

- Que falta de criatividade...

Ele me encarou.

- Troy...

- Eu pretendo me divertir.

- Se divertir?

- Sim, diversão. Não conhece? É o que as pessoas normais fazem, apesar de que não me considero muito normal.

Ele bufou.

- Seria bom se agisse com um pouco mais de normalidade.

- Olha só quem fala... - movi minha rainha, sorrindo ao perceber a sua tática. - Relaxa, ok? Não vou fazer nada que você não faria.

Após mais algumas jogadas, Snider deu seu xeque-mate.

- É disso que tenho medo.

O Céu é O LimiteOnde histórias criam vida. Descubra agora