Capítulo 9 - Vivendo, parceira

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- Por que está saindo comigo?

Ele demorou a responder, e ficou olhando para mim como se eu fosse louca. Enquanto isso, tentei manter meu olhar firme mesmo com a garganta ardendo com o álcool.

- Você é a minha parceira de poções.

- Não vem com essa. Desde quando parceiros de poções vão à festas juntos?

- Desde que eles queiram.

Franzi o cenho. Era só isso o que ia dizer?

Então, bebi mais um pouco e devolvi o copo para ele. Depois me virei para o céu estrelado.

- Achei que você não bebesse.

- Você está afim de mim. - eu disse, sentindo a coragem circular nas veias junto ao sangue.

- É uma pergunta?

Revirei os olhos e me voltei para encontrar um sorriso irônico na cara dele.

- Vou entender como uma afirmação se não disser o contrário.

- Não pretendo te desiludir.

- Você podia ter convidado qualquer garota.- comecei. - Podia ficar com ela aqui ou no banheiro, sei lá! Mas você convidou a mim.

- Porque eu gosto de ficar com você. - nossos olhos se encontraram. - Eu gosto de conversar com você, gosto da sua cara de quem não está entendendo nada quando eu falo.

Arregalei os olhos e ele riu:

- De como você tenta me matar com o olhar, também. - acrescentou. - Sei lá, Potter. Gosto da sua voz.

- Então... - apertei os lábios, pensativa. - Você gosta de mim, mas não gosta de mim.

Ele arqueou ambas as sobrancelhas e alguns segundos depois, apoiou os cotovelos sobre a marquise.

Se ele estivesse afim, teria falado agora. Fiquei parada, olhando para os meus pés, assimilando que ele não estava afinal. Era um misto de alívio com um misto de vazio.

- O que você acha das estrelas? - me perguntou, claramente desviando o assunto e me juntei a ele.

- Hum... Acho que são nuvens de poeira.

- É isso o que você acha delas?

- Hum, não só. Elas também são... Brilhantes e lindas.

- Há um grande abismo entre as duas respostas.

- Na verdade, não. Elas são essas duas coisas: poeira e beleza. Sabe aquilo que dizem, né?

- Hum...

- Que as estrelas que vemos da Terra não existem mais e que o que vemos é apenas o brilho delas.

- Incrível. Estes brilhos duram nossas vidas inteiras. E mais de um milhão de anos.

- O que significa que não somos nada perto delas, já que apenas o brilho dura tantas vidas nossas.

- Somos poeira também, parceira.

Nossos olhos se encontraram e me senti um tanto perdida dentro de mim mesma. Em uma inspiração, tudo fez sentido.

- O céu é o limite, não é? - murmurei.

Eu sei que ele não estava afim de mim e que eu tinha namorado.

Sei também que eu sou uma Potter e ele é um Malfoy.

Mas não pude evitar querer chegar mais perto dele. Não pude evitar olhar para os lábios, que ele não enfeitiçara. Cheguei perto o suficiente para sentir sua respiração, o perfume bom de colônia e para tocar a ponta dos nossos narizes.

O Céu é O LimiteOnde histórias criam vida. Descubra agora