Capítulo 13 - Confiança

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Fiquei rolando na cama, impossibilitada de relaxar para dormir.

Eu não parava de pensar que Troy Malfoy havia tentado nos matar. Sabia que era impossível impedir o baque na velocidade que estávamos, exceto por um feitiço muito preciso, e mesmo assim com sérios riscos de gerar outro tipo de acidente.

Ainda sentia dores na minha coxa, que havia amortecido a queda, e nos cotovelos, ralados de quando fomos jogados para os lados. 

Mas de todas as dores ou angústias, a maior era que eu não entendia. Estava convivendo com Troy Malfoy há mais de um mês e algo dentro de mim me dizia que ele não era uma pessoa má. Tio Neville também acreditava nisso. Mesmo assim, eu sabia que por mais boa pessoa que ele fosse, seu pai e seu avô tinham algum peso em sua história e era este fato que me fazia duvidar de mim.

Troy Malfoy era manipulador, sim. Era autêntico também, falava o que pensava, assim como falava muitas coisas bem pensadas. Fazia coisas proibidas, como entrar na festa da Corvinal sem autorização ou fingir que era maior de idade para conseguir bebidas alcóolicas. Mas eu acreditava que a sua maldade parava por aí. Eu, sinceramente, não podia acreditar que Troy fosse capaz de prejudicar as pessoas intencionalmente.   

Eu tinha certeza que ele não pretendia nos matar. Eu tinha certeza que não pretendia me matar, ao menos. 

Alguma peça estava faltando naquele quebra-cabeça.

Sem mais hesitações, vesti o sobretudo por cima da camisola, calcei minhas botas e deixei o quarto em silêncio. Em dez minutos, estava em frente ao quarto dos monitores. Havia um quarto para os monitores da Sonserina e eu sabia que era proibido estar lá a essa hora.  A ideia de estar exatamente em frente àquele quarto era insana, mas eu não podia evitar. Tudo o que precisava fazer era torcer para ele estivesse sozinho.

Dei três batidas leves e esperei. Estava prestes a bater de novo quando a porta se abriu.

Troy não pareceu surpreso em me ver. Inclusive, estava de calça e blusa de botão. Às duas da manhã.

- Oi. – eu disse.

Ele demorou um pouco antes de decidir se afastar para que eu entrasse.

Estava sozinho. Havia uma única cama, o que indicava que não dividia o quarto com outro monitor. As velas estavam acesas e havia livros e pergaminhos sobre a mesa. Me perguntei se ele estaria estudando... Me perguntei se ele sequer se lembraria do que acontecera ou se sofria de algum distúrbio de memória.

Troy fechou a porta, colocou as mãos nos bolsos e me olhou. Sem nenhuma palavra.

- Você está bem? – perguntei.

Seus olhos me encararam por mais um tempo no mesmo silêncio. Depois, ele abaixou a cabeça e deixou um riso triste escapar.

- Está preocupada comigo?

Não respondi. O seu tom era bem mais amargo do que eu estava acostumada.

De repente, Troy ergueu os olhos e veio até mim, segurando meu braço. Puxou as mangas para cima e viu os ralados nos meus cotovelos.

- Me impressiona que não tenha ido falar com a McGonaggal, que não tenha fugido de mim. De todos os lugares seguros do castelo, você veio parar justamente no mais perigoso!

Eu não tinha medo dele. Nenhum. Mesmo com os olhos ferozes em cima de mim.

- Eu não estou vendo nada além do meu parceiro de poções. – eu disse.

- É exatamente deste perigo que me refiro.

- Pois eu não tenho medo algum de você.

Troy me encarou como se eu fosse louca, largou meus braços e se sentou sobre a cama, olhando para baixo.

O Céu é O LimiteOnde histórias criam vida. Descubra agora