Nícolas
Eu respirava fundo e me sentia um pouco incomodado em está naquele lugar. Estávamos no meio do cemitério, rodeados de lápides pelo chão e eu sentia arrepios ao olhar para aquelas placas de concreto , ao imaginar uma mão puxando meu pé. Era neurose, eu sei. Mais era inevitável não cogitar essa idéia sem pé e nem cabeça.
— Nícolas,você está bem? — Indagou-me o Erick. — Você está pálido,quer que eu te traga uma água?— Ofereceu-se.
— Eu só não me sinto confortável de está pisando em um monte de cadáveres. — Ele assentiu e saiu de perto de mim. Eu me apressei para chegar na Gisele que estava ao lado do caixão de sua mãe. Estavam em peso seus amigos da corporação. Seu Sidney estava abatido, abraçado por minha filha. O Miguel estava com as mãos apoiadas sobre os ombros da minha mulher. A Fernanda, ao lado do pai, triste e o Erick tomou seu lugar ao lado da esposa. Chamamos um amigo, da corporação. Seu sidney ficou mais aliviado por vê-lo dizendo palavras tão lindas sobre ela. Uma oração começou. Logo a Helena e seu marido se aproximaram de nós. Foi bom vê-los, os cumprimentei com um aceno simples e a Gi me abraçou assim que me viu ao seu lado. Ela estava abatida,se segurando para não chorar. O caixão era bem bonito. Era num tom de vermelho aveludado. Custou caro. Seu Sidney não mediu esforços para lhe dar mais esse agrado, em sua despedida. O Símbolo do corpo dos bombeiros estava bem acima do caixão fechado. O senhor de pele escura,cabelos brancos e voz tranquila cantou uma música que eu não havia ouvido até então. Era bonita e transmitia uma mensagem boa. Ouvimos todos quietos, com nossas batalhas internas,rodeados de tristeza e destruidos por essa perda repentina. A minha sogra, a mulher que gerou a mulher que amo. Eu me sentia com o coração apertado por vê-la sofrer. A música acabou. A Gi se desesperou ao perceber que o momento crucial estava próximo. A apertei em meus braços e me esqueci que o medo tomava conta de mim e a reconfortei. Algumas palavras foram ditas. Ali eu vi o homem forte, que quase me quebrou no meio ,se quebrar. Caindo de joelhos e deixando suas lágrimas e sua dor evaporar. Ele chorava como uma criança,o Erick o abraçou e o levantou. A Gisele, foi tomada pelo mesmo sentimento de angústia. Ela desabou assim que desceram o caixão. Eu a segurei.
— Gi, você ainda quer fazer isso? — Murmurou seu primo,o Henrique , com os olhos vermelhos e a cara inchada. Ela assentiu e ele esticou uma de suas mãos para ela. O Miguel se encostou em mim. Triste, vi que ele chorava e o abracei de lado. A Gi se aproximava do caixão novamente , e o Henrique pediu a atenção de todos. Olhamos para eles,e o Henrique começou a falar.
— Minha tia.— Olhou para o caixão com os olhos cheios de lágrimas. — Fui criado por ela,pra quem não me conhece. Sou seu sobrinho. O menino que aprendeu os valores da vida com ela. Que ganhou o primeiro caminhão das mãos dela. Que aprendeu a ser respeitoso com uma mulher,por influência dela. Se eu consegui ser um oficial da Marinha, foi por causa dos conselhos dela. Sou grato por tudo que ela fez por mim, e pelo carinho que sempre deu a mim. Não sou filho do seu sangue, mais os tenho em minha veia. E por isso,gostaríamos de lhe fazer essa última homenagem.
— Por ela. — Emendou a minha loura. — Não fui a melhor das filhas, mais sei do tamanho do amor que ela tinha por mim. — Emocionou-se e logo eu senti uma lágrima rolar em meu rosto. — A fiz passar noites em claro,mais finalmente aprendi a retribuir todo o amor que ela dedicava a mim e espero que eu seja tão sábia e tão amorosa quanto ela foi. — A Ana ,esposa do Henrique a entregou algumas rosas, para ela e para seu marido. — Essas flores são pra ela, junto de um poema que ela tanto amava. O Henrique assentiu para ela. E a Gi começou a recita-lo. Enquanto o Henrique jogava as rosas em cima do caixão. A Gi fez o mesmo, com as que estavam em suas mãos. — Não sou o sol, mais sou aquela que brilha ao nascer do dia. Não sou a Lua,mais sou aquela que relux no céu. Não sou o mar,mais sou uma onda cheia de conquista. Sou aquela que derrama amor , pelos caminhos da vida. Sou aquela que entre as lágrimas das tristezas, floresce a alegria por entre os espinhos das ruínas. A vida é um espetáculo que a gente esconde a tristeza no momento que as cortinas se abrem. Enche o mundo de brilho e assim que as luzes apagam, consiste em lutar pelos dias em que o sorriso se torne verdade. Esse foi um dos primeiros poemas que ela me ensinou a amar.
— Eles se abraçaram, a Gi chorava aos prantos e um aplauso tomou conta do lugar.— Marina ,esse era o seu nome.
— Emendou o Henrique abraçado a Gi. — Que a tristeza passe,e deixe pelo caminho vasto que iremos pecorrer, alegrias pelos dias que tivemos ao seu lado. E que reste depois disso, apenas o sentimento chamado saudade.
— Disse por fim.— Adeus! — Sussurrei emocionado,me despedindo. Agradecido,por ter deixado a Gi ,seu pedacinho no mundo pra mim.
— Obrigado. — Sussurrei e logo a Gi correu pros meus braços e eu a apertei contra meu corpo deixando-me derramar as lágrimas sufocadas dentro do meu peito.
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Meu pedacinho tão esperado✔
Любовные романы→PLÁGIO É CRIME← ↓↓↓ Sequência de livros Livro 1 -Pedacinho meu Livro 2- Um pedaço de mim Livro 3- Um pedacinho de nós dois Livro 4 - Meu pedacinho tão esperado (Continuação do livro 2) Livro 5- Um pedacinho do meu C...