Nícolas
Deixei a minha pequena em casa, depois de leva-la a uma sorveteria para tomar seu sorvete. Rimos bastante, e conversamos também. Tudo era muito recente. A perda da Marina, minha filha com o coração partido pelo filho do meu melhor amigo. Eu, desatento que sou lembrei-me do episódio horrendo que vivemos naquele dia. A perguntei como eles estavam lidando com tudo,e ela respondeu-me com um simples: Não sei. Aquele infeliz sumiu da vida dela. Tenho que me lembrar de ir atrás dele pedir explicações. Saí da casa da Fernanda e passei em um mercado próximo. Comprei algumas cervejas, e as levei comigo até a casa do Sidney Saldanha. Ele estranhou ao me ver parado na porta dele, segurando uma sacola de plástico. Convidou-me para entrar. Eu sempre o vi muito ativo. Falando alto, cheio de si. Mandando em tudo,tendo tudo sobre o controle dele. O que eu via agora era o oposto. Era apenas um homem sozinho, e triste. Tudo naquela casa lembrava dela. As fotos ainda estavam lá. A presença dela ainda era muito forte ali.
— O que te trás na minha casa?
— Ofereceu-me um espaço em seu sofá. A televisão ligada em um programa que eu antigo de comédia. Mas eu duvidava se ele realmente assistia, ou se trancava em seus pensamentos. Os olhos marejados não mentiam.— Eu quis vim te ver.— Ele olhou-me, duvidoso do que acabará de ouvir e soltou uma risada.
— Eu vivi pra ouvir isso sair da sua boca. — Eu acabei rindo também.
— Ah, eu te trouxe isso. — Peguei uma garrafinha da bolsa e o entreguei. Abri uma, e tomei um gole.
— A Gi sabe que você veio aqui? — Eu neguei.
— Ela nem faz idéia.— Ri,e o vi tentar abrir a garrafa dele. Puxei o abridor do meu bolso,mas ele não quis e tirou a tampinha com o dente.
— Como ela está? — Tomou um gole generoso.
— Melhor. Ainda sofre, mais tá seguindo em frente. Coisa que você também devia fazer. — E foi naquela hora que eu percebi o que acabará de fazer. Aquele cara já tentou me quebrar no meio,por causa da filha dele.
— Fico feliz por ela. — E tomou outro gole.
— Desculpe-me a minha intromissão.
— Tentei tomar mais cuidado dessa vez. Ele tava velho,mais não menos perigoso. — Porque você não se desfaz dessas coisas? — Ele sorriu fraco.— Eu devia. E vou fazer, mas não vai adiantar muito. É aqui dentro. — Tocou em seu peito. — Que dói mais. Todos os dias. — Tomei um gole da minha bebida. — Eu espero que você não sinta o que estou sentindo tão cedo.
— Nem eu. — Ele deu alguns tapas em minhas costas. E eu me tremi todo.
— Vou preparar uns petiscos pra gente.
— Levantou-se e foi pra cozinha. Eu o segui. — Como foi a lua de mel?— Foi maravilhosa, apesar de tudo.
— Puxei uma cadeira e me sentei. Ele pegou umas linguiças da geladeira.— Vô, a mãe deixou eu dormir aqui.
— Veio correndo até a cozinha, o Miguel e o seu cachorro inseparável. — Oi Nico.
— Veio cumprimentar com um aperto de mãos confuso. — O senhor não se importa,não é?— Não. Mas não mexa no canal da televisão. — O Sidney riu,e o garoto bufou.
— Mais o senhor nem está vendo.
— O Sidney sorriu. E foi um sorriso tão sincero,que fazia sentido o garoto querer ficar com o avô. Fazia bem pros dois.— Tá,mais não faça bagunça. — E o Miguel correu pra sala.
— Ele te venera. — Comentei.
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Meu pedacinho tão esperado✔
Romance→PLÁGIO É CRIME← ↓↓↓ Sequência de livros Livro 1 -Pedacinho meu Livro 2- Um pedaço de mim Livro 3- Um pedacinho de nós dois Livro 4 - Meu pedacinho tão esperado (Continuação do livro 2) Livro 5- Um pedacinho do meu C...