Capítulo 27 - Ficou gatão

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Nícolas


A Gisele dormia,no quarto  principal da casa de praia. Eu retirei suas roupas,sua sandália e limpei seu rosto borrado com uma toalha umedecida que aprendi ao longo dos tempos que era assim que ela gostava de retirar sua maquiagem. Eu a olhava e foi inevitável  não  sentir o gostinho de felicidade. Aquela mulher  deitada na cama de casal,nua coberta com lençóis brancos de algodão, era a mesma mulher que me tirou do sério no primeiro dia em que a vi de verdade. Acariciei seus fios loiros e beijei com carinho seu rosto,tendo cuidado de não  acorda-la. Numa cadeira ao lado da cama,deixei um bilhete carinhoso, em cima do vestido branco de renda,com uma coroa de flores brancas que a Fernanda me ajudou a fazer,e me enviou pelo Davi que foi buscar com ela ,que no momento estava desmaiada de sono ,antes de vim pra cá. Fechei a porta do quarto devagar,e saí em passos leves para a varanda da casa. Os rapazes ainda estavam lá, sentados sentindo a brisa do mar e o frescor em seus rostos  cansados.

— Já  vamos.— Nos disse o Davi,assim que me viu voltar. —  A Gi deve dormir  pelo menos por umas cinco horas ou mais. Ela bebeu bastante.
— Eu assenti.

— Quer ajuda,em mais alguma coisa? — Perguntou -me o Artur,com uma bolsa de gelo encostada em sua boca. Me sentei ao lado  deles e sorri.

— Obrigado por tudo. — Os rapazes assentiram. — Vocês  já  fizeram muito por nós.

— Foi um prazer,te ajudar. — Me disse o Artur sorrindo.

— Faz tempo em que não  me divirto assim,como ontem. — Contou-nos,o Davi.

— Como você tá  enxergando ,sem óculos? — E foi ali que o Artur o notou.

— Caramba,então  era isso que eu não  conseguia entender, o que faltava em você. — Riu, ao falar e o Davi sorriu também.

— Ganhei essas lentes da minha esposa,e resolvi testar ontem.
—Contou-nos. — E olha que tô  gostando. — Nos disse.

— Ficou diferente. — Falei e ele sorriu.

— Um diferente bom,ou um diferente ruim? — Indagou-me.

— Bom. — Sorri.

— Ficou gatão. — Rimos do jeito em que o Artur falou ,com tanta convicção.




Gisele





Abri meus olhos e os esfreguei, em seguida. Eu ainda estava deitada de bruços, apalpei o meu lado da cama e me virei. Olhei pro teto e vi que aquele não  era o teto da minha casa,observei o quarto e notei que nada ali,se parecia com o quarto da minha casa. Me sentei na cama,e me espreguicei. Respirei fundo,e bocejei. Eu ainda estava cansada pela noite que passei acordada ,dançando  e bebendo. Me divertir tanto que agora tô tentando entender como vim parar aqui.

Coloquei-me de pé  e fui olhar pela janela. Sorri ao constatar que ali eu tinha uma visão  privilegiada do mar. Eu queria vim pro mar,mais o Davi me negou e agora apareci aqui. Como eu vim parar aqui?  Logo pensei em algo que me deixou assustada. Será  que fui maluca ao extremo ,que traí  meu ruivinho com outro desalmado? Tentei dessipar esse pensamento de minha mente. Eu não  teria tanta coragem pra isso. Sou louca,mais não  o suficiente para deixá-lo sair da minha vida por algo que cometi. Voltei para a cama e me sentei, logo ouvi uma batida na porta que me fez tremer na base,não  respondi nada e a porta foi se abrindo devagar.

—Bom dia.
— Cumprimentou-me ,uma senhora com uma bandeja em mãos. Ela trazia consigo suco,torradas e algumas frutas. — Não  sabia que já  tinha acordado. — Comentou,enquanto deixava  a bandeja sobre a mesa de madeira que ficava na frente da cama. — A senhora precisa de algo? — Indagou-me, e eu apenas a olhava,quieta.  Com os pensamentos  a mil por horas.

— Posso te fazer uma pergunta? — Ela assentiu e sorriu. Parecia ser bastante simpática. — Como eu vim parar aqui?

— Ah,é isso. — Murmurou sorrindo. — O senhor Artur a trouxe. Ele estava junto de um outro rapaz vestido de um jeito esquisito. — Eu ri.

— Ah,esse devia  ser o Davi. O rapaz esquisito. — Pensei alto e  senhora sorriu.

— Mais alguma coisa?  — Eu assenti.

— Quem tirou as minhas roupas,foi você...— Espremi os meus olhos e ela logo entendeu o que eu queria saber.

— Suzete. — Me disse. — Me chamo Suzete. — Eu assenti e sorri. — Não.
— A olhei sem entender.

— O Artur as tirou? — Ela negou. — O Davi? — Ela negou. — Eu as tirei?
— Eu ri de nervoso.

— Fique tranquila. — Pediu-me.
— Logo a senhora entenderá  tudo.

— Aqui é  onde. — Perguntei ,já  a vendo seguir para a porta.

— Aqui é  a casa de praia dos senhores  Sarkozys. — Eu ri e logo entendi. — Mais alguma coisa? — Eu neguei e ela se foi. Me sentei no chão, ainda erolada no lençol, puxei da bandeja uma torrada e comecei a come-la. Olhei para os lados e busquei algo familiar. Eu sorri ao notar um vestido lindo em renda,ao lado de uma coroa de flores com um bilhete. Levantei e voltei a me sentar na cama,ao lado da cadeira. O vestido era lindo. O forro era curto ,de alças  finas, decote profundo. Peguei o bilhete e senti um aroma gostoso. Eu sabia  de quem era aquele perfume, amadeirado com cítrico. O Nícolas  usa aquele perfume direto,agora.  Cheirei o pequeno papel,e sorri. Desdobrei e vi que era a letra dele,traços únicos que eu reconheceria até se estivesse em outro país, em outro lugar,em outro mundo. As tenhos grafadas dentro do peito,dentro da minha alma. Li com um sorriso bobo,e dizia apenas.

"Se arrume.
Te espero na areia da praia. Te amo! Assinado seu ruivinho Nícolas Sarkozy."

Meu pedacinho tão esperado✔Onde histórias criam vida. Descubra agora