Capítulo 11 - Eu gostava de ser usado.

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Nícolas





Depois da conversa com a minha mãe, eu resolvi me adiantar. Puxei a minha pasta da cadeira,e guardei os materias que restava na mesa, e os levei comigo até  a porta. E assim que sai, a fechei. E me aproximei da cozinha.

— Onde o Artur está? — Indaguei a uma garçonete.

— Ele está  no vestiário.
— Prontamente  me respondeu de forma educada e solicita.

— Obrigado. — Ela assentiu e eu dei meia volta e segui em direção  aos vestiários. Empurrei a porta grande em um  tom claro, e me enfiei naquele corredor estreito até  chegar em uma sala mais ampla,cheia de armários  e alguns bancos. O Artur estava sentado no banco, terminando de se vestir enquanto emendava ainda uma conversa com o seu sobrinho.

— Já  vai meu amigo? — Indagou-me assim que  me viu.

— Sim,só vim te avisar. — Sorri.

— Então  vá  com Deus. — Sorriu-me de volta de forma carinhosa. — Eu vou ficar pra fechar os gregos, depois vou. — Eu assenti.

— Luan você  está  melhor? — O rapaz assentiu.

— Obrigado pela atenção  Nícolas.
— Eu assenti. Me virei e refiz o meu trajeto até  o salão  do gregos.

Dei boa noite para alguns funcionários, que passaram por mim até  a minha saída. Me aproximei  do meu carro ,assim que o avistei no estacionamento. E destravei as portas. Liguei o rádio numa canção qualquer e em seguida girei a chave na ignição ,dando partida em direção  a casa dos Sarkozys.




Gisele






Me senti inchada , depois de tomar duas taças  de sorvete com o Davi. Estávamos  igual a duas crianças  sentadas no chão da cozinha com o pote em mãos e a boca suja de calda de morango. Lembravamos do nosso passado sujo , nesses cômodos  da renome, na época  da Lone.

— Gi,vivemos coisas boas nesse escritório. —Constatou. — Você  me fez esquecer o drama que eu sofria com a minha  ex. —Eu ri.

— É. — O olhei. — Eu lembro.

— As vezes lembro-me de como eu era destruído  por causa de uma mulher que amei. Das coisas que me fez passar. Da vergonha que senti ao sair fugido da minha cidade. E agora só lembro desse tempo como algo que apenas aconteceu,como se tivesse passado com outra pessoa e não  comigo. Entende? — Eu assenti. — Eu não  tenho sentimentos ruins e nem bons. — Respirou fundo.  Agora , nesses  meses que passamos longe um do outro,tive a  oportunidade  de conhecer uma mulher fascinante e até  que não  foi tão  difícil  conquista-la. — Ele riu. — Ela é  a mulher da minha vida. — Constatou.

— A maluca que o perseguia.
— Pensei alto. — Lembro-me do Artur,murmurar isso sempre.
—Rimos.

— Eu sempre agradeço  a ele mentamente por ignora-la.
— Admitiu. — Com aquele porte todo,não  sei como consegui faze-la me amar e esquece-lo.

— Ela viu em você algo que eu também  vejo. — Confessei.

— O quê? —  Indagou-me curioso.

— O enorme coração  que você  tem.
— Ele sorriu. — Esse seu jeito doce,e humano. — Ele já  sorria todo bobo.
— Encanta qualquer mulher.

— Infelizmente ,não  consegui roubar o seu coração pra mim. — Confessou fingindo está triste.

— Na época  eu era vida  louca. 
— Rimos. — Eu queria  ferir o Erick.  Ferir minha mãe.  Eu queria ser vista. Era a forma que eu encontrei de chamar a atenção  das pessoas mais próximas  a mim.

— E ,eu fui usado. — Constatou.

— É. — Eu ri. — Você  foi usado.
— Afirmei.

— Eu gostava de ser usado.
— Afirmou-me.

— Eu sabia disso. — Rimos.



Nícolas





Demorei um pouco,até  chegar na casa dos meus pais. Estacionei o carro bem a frente ,da casa. Logo vi o vulto de minha mãe  na janela. Não  demorou muito para que ela abrisse a porta e se revelasse com um sorriso aliviado em minha direção. Eu sorri de volta e abri a porta do carro e sai. O tranquei e em seguida me aproximei da minha mãe.  Era nítido  as suas marcas do tempo em seu rosto,a maquiagem leve que ela usava a deixava mais bonita mais não  disfarçava as rugas que insistiam em ficar a mostra em sua pele. Ela abriu seus braços  na esperança  deu retribuir o seu abraço. Assim eu fiz. A abracei e ela me apertou em seus braços.

— Senti a sua falta. — Murmurou em um sussurro.

— Eu sei. — Me desprendi do seu abraço e a beijei em seu rosto. Minha mãe  sorriu.

— Vamos entrar? —  Eu assenti. — A Fátima  tirou o bolo de milho do forno agorinha.

— Delícia! — Murmurei empolgado. Minha mãe  deixou-me entrar primeiro, e em seguida fechou a porta e me seguiu até  a sala.

— Filho, porque demorou tanto em vir me ver? —  Resmungou, enquanto sentava-se no sofá. Me sentei ao seu lado e me deixei relaxar um pouco.

— Ando com tanto trabalho. O Gregos está  crescendo muito, e com isso eu tenho que ficar mais tempo envolvido com a administração  do restaurante.
— Confessei.

— Nossa filho. — Sorriu. — Graças a Deus  tudo vai bem ,por lá. — Eu assenti. - E a Gisele, não  falo com ela à  dias. — Constatou.

— A Gi anda com a cabeça  na lua. Ela só  pensa em engravidar.

— Mais filho, é  normal uma mulher querer ser mãe. Ainda mais quando estão  casados a tantos anos,como vocês. — Eu assenti.

— Eu não  ligo se vamos ter um filho ou não. —  Minha mãe  se espantou.
—  Mãe,eu quero uma vida com a Gisele, do jeito que é, da forma que é.  Só  tirando essa  parte da neurose.
— Minha mãe riu. 

— Ela tem que relaxar.
—Afirmou-me .

— Também  acho, mais ela não.  Até  está  pensando  em fazer tratamento.
— Constatei.

Meu pedacinho tão esperado✔Onde histórias criam vida. Descubra agora