Gisele
Seguimos juntos até a casa da Fernanda. Todos já haviam chegado. Faltava apenas a minha menina descer. O Nícolas me olhava confuso.
— O que ele faz aqui? — Indagou-me meu ruivinho intrigado. — Eu nem sabia que eles eram tão próximos.
— Constatou.— Já já vamos descobri. — Apenas lhe disse isso,e segui até o rapaz.
— Ele deve está me odiando.
— Disse-me o Luan, encarando o Nícolas de longe em um canto da sala.— Ele nem faz idéia do que se trata essa reunião. — Lhe confessei.
— Não contou a ele?
— Perguntou-me perplexo.— Não. — O afirmei com a maior naturalidade do mundo.
— Eu não vou sair vivo daqui.
— Murmurou e eu ri.— Gi, Venha aqui por favor.
— Chamou-me a Fê. Eu assenti e fui até ela. — Tem como você ir até a padaria buscar mais pães? — Eu assenti. — Obrigada. — Beijou meu rosto em gratidão. — Não tem nada melhor do que conversar de barriga cheia. — Sorrimos.
Meia hora depois
A padaria estava cheia e tive que aguardar na fila por dez minutos até chegar a minha vez. Aproveitei e comprei alguns biscoitos amantegados. Na volta,deixei os pães na mesa , junto com os biscoitos e abri a geladeira atrás de uma água gelada. Ouvi algumas vozes alvoroçadas vindo da sala. Assim que voltei para a sala com um copo de água nas mãos, vi e ouvi todo aquele drama de família ser executado,bem ali , na minha frente. Homens feitos, tentando afastar a menina dos olhos deles do mundo real. Da adolescência dela. Das vontades dela.
— Isso aqui tá parecendo um circo armado. — Minha voz saiu um pouco debochada, logo fui fuzilada com os olhos do seu Sidney em mim. E não era um olhar bom, mais não me importei. Realmente , eles estavam parecendo um bando de palhaços brigando por um espaço de atenção da platéia, que no caso éramos nós. O restante da família que só ouvia e pouco se metia. O coitado do Luan,não parava de mexer as pernas. Ele estava em pânico,no lugar dele eu também estaria. Não somos uma família muito fácil de se lidar. E ele foi mexer logo com a menina mais vigiada da família. Sentei-me ao lado da Pérola , no braço do sofá. Deu uma vontade de abraca-la e protege-la desses bárbaros,mais se eu fizesse isso seria igual a eles e não a rebelde da família.
Eu os olhava com um sorriso nos lábios,os homens da casa bringando para defenderem a honra da Perolazinha. Eles a tratavam como se ela ainda fosse uma menina indefesa. Coisa que ela não é, já que aprendeu a se cuidar sozinha. Eles não suportam a idéia de aceitar que ela não precisa mais deles. Que ela cresceu e virou uma mulher. Minha mãe tentava parar a briga de galo alfa dos rapazes ,era uma tentativa frustada ,já que eles imendavam em mais argumentos sem fundamentos. Chegava a ser hilário, se não fosse tão trágico. Eu gostava dessa bagunça ,eu fazia questão de está presente no meio deles , e sentada na primeira fila. Ao lado da minha menina, como sempre foi. E será.
Meu mundo começou a desmoronar assim que a dona Marina desmaiou. Primeiro eu pensei que fosse por causa da pressão baixa,o dia estava quente ,a sala abafada ,apesar da Fê deixar todas as janelas abertas e o ventilador ligado. Mais ainda assim, estava abafado. Havia muita tensão no nosso meio, muitas discussões por todos os lados,vindo de todas as partes. Era como se tivessemos no meio do tiroteio. Tentando não se ferir, mais era impossível. As balas "comiam" soltas. Mais não era apenas isso. Era algo mais. Me desesperei ainda mais, quando de fato vi a feição de temor no rosto do seu Sidney.
Por sorte, ele foi ágil. Se recompôs e fez o que devia fazer. Ele sabia que ela estava prestes a sair de nossas vidas. Meu coração desacelerou, meu mundo parou. Meus ouvidos se fecharam de tal forma que eu gritava e não me ouvia gritar. Eu só pensava: Minha mãe vai morrer! Minha mãe vai me deixar.
Senti uma mão me puxando para perto de si. Um abraço forte e acolhedor. Um pouco trêmulo e desesperado , não pela situação em si,mais por minha reação. Ouvi o Nícolas sussurrar no meu ouvido : Ela vai ficar bem. Vai ficar tudo bem. Mais eu sabia que aquilo não era verdade. Não era. E não é. Nada mais vai ficar bem. Sempre vai ter um vazio em meu peito, um aperto no coração, uma pontada de saudade nas minhas lembranças ,na minha vida.
— A ambulância já está chegando.
— Afirmou-nos , o Erick. Ele parecia ser o mais sensato de todos nós.— Eu quero ir com ela.
— Sussurrei ,já empurrando o Nícolas para me soltar de seus braços.— Gisele ,se acalme. — Pediu-me a Fernanda,mais a última coisa que irei fazer é me acalmar. Ninguém consegue se manter calmo vendo sua mãe morrer. Eu os ignorei ,e subi as escadas com pressa e me aproximei dela. Ela estava pálida e quase desfalecida. Meu choro se descontrolou eu me deitei ao seu lado e a abracei. Encostei meu ouvido em seu peito,e eu mal ouvia os batimentos de seu coração. Vi que os olhares das pessoas a nossa volta se entrelaçaram. Eles também sofriam, quietos no mundo deles. Mais eu? Eu demonstrava o meu sentimento de impotência. Virei novamente aquela menina pequena, que deitava na cama ao lado da mãe para se proteger dos pesadelos que tinha de noite. Seus braços sempre me envolvia e eu adormecia de forma tranquila. Como eu almejava, ter esse abraço agora nesse momento.
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Meu pedacinho tão esperado✔
Storie d'amore→PLÁGIO É CRIME← ↓↓↓ Sequência de livros Livro 1 -Pedacinho meu Livro 2- Um pedaço de mim Livro 3- Um pedacinho de nós dois Livro 4 - Meu pedacinho tão esperado (Continuação do livro 2) Livro 5- Um pedacinho do meu C...