Capítulo 10 - Já estou tendo lapsos de Alzheimer.

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Gisele



Alguns (longos) minutos
depois



Minha vista começava a embaçar,as esfreguei e em seguida encostei-me no encosto de minha confortável poltrona e voltei a degustar mais um pouco de café que havia no copo de porcelana que estava sobre a minha mesa. Não demorou muito para que eu ouvisse vozes,vindo do corredor. As vozes cada vez ficavam mais evidentes,até que o Davi abriu a porta e anunciou a minha pequena. Ele fez aquele drama e eu como sempre fui ignorante com ele. No fundo eu sei que ele gosta de me ver irritada. Depois que expulsei o Davi da minha sala,após deixar a minha ruivinha segura ao meu lado,voltei a me sentar e indiquei a cadeira na minha frente ,da minha mesa para ela. Logo se sentou e eu pude notar o quanto ela estava inquieta.


— Então,me conte o que aconteceu?
— Apoiei meus cotovelos a mesa e foquei meus olhos aos seus.

— Bom... — Ela gaguejou um pouco,estava visivelmente nervosa.
— Ah,tia. — Respirei fundo e voltei a me encostar no encosto da cadeira.

— Vamos fale logo, você está me deixando nervosa com tanto suspense. — Ela soltou um riso frouxo.

— Ok! — Respirou fundo e eu mantive meu olhar ao seu. — Gi, o Luan me pediu em namoro. — Logo meu sorriso se abriu com aquela notícia.

— Já estava na hora. Ô menino lerdo , é aquele. — Confessei toda risonha.
— Mais, qual o mal nisso? —A indaguei confusa com a sua feição preocupada.

—  Ele quer pedir para a minha família,para que possamos namorar em paz. Já que o Miguel anda me chantageando desde que me viu agarrada nele, na praça.
— Eu bufei irritada com aquela confissão.

— Que moleque intrometido!
— Bati com as mãos na mesa, furiosa.
— Vou ter ,que ter ,uma conversinha com ele urgênte.

— Tia, você me ajuda com isso?
— Perguntou-me já sabendo que a resposta seria sim.

— Pode ser domingo essa tal conversa? — Eu assenti. — Então, só se for agora. — Ela arregalou os olhos, me vendo discar o número de alguém muito próximo de mim ,daquela família.

— Oi mãe. — A dona Marina logo atendeu. — Faz um favor pra mim?
— Óbvio que ela diria sim, esse é o mal dos Morais. — Marque uma reunião com todos os membros da família Saldanha Sarkozy Garcia e a nossa ,Morais para domingo a tarde. Temos algo urgente a tratar. E antes que ela pudesse me questionar pelo tal motivo tentei acalma-la. — Não é nada grave,é apenas algo que merece a atenção de todos.
— Ela tentou interrogar-me mais ,na tentativa de descobrir o motivo ,mas foi em vão. A minha boca é um túmulo cheiroso. Finalizei a ligação,e sorri vitoriosa por cumpri a minha missão.



Nícolas




Pedi um lanche pra nós dois, após me sentar ao seu lado no balcão do gregos. Tentei puxar assunto com ele,sobre o motivo que o pertubava tanto. Ele falou pouco,não confessando abertamente o que realmente o incomodava. Tentei tranquiliza-lo falando um pouco mais sobre mim e a Gi,após descobrir que se tratava de uma moça, a sua inquietação. Foi bom relembrar um pouco sobre as peripécias da minha loira. Tempos bons, diga-se de passagem. O Artur se surpreendeu com a presença do sobrinho e se aproximou de nós dois. Ficamos conversando mais um pouco , e na hora que eu iria perguntar que menina era aquela que ele tanto temia, fui interrompido com um telefonema da minha mãe. Um dos funcionários, mais chegados a mim, me informou e eu fui atendê-la no escritório. Dona Adriana estava aflita.

— Filho... Você está ai?

— Oi mãe. O que houve? — Puxei uma das cadeiras e me sentei.

— Nícolas, eu estava me sentindo cansada então acabei adormecendo. Mas quando acordei, senti um aperto no peito. E logo lembrei-me de você e de um sonho ruim que tive de noite.
— Pude ouvir a sua respiração pesada vinda do outro lado da linha.
— Filho,tá acontecendo alguma coisa? Se tiver me conte por favor. 
— Suplicou-me.

— Dona Adriana , não há nada. Acalme-se. — Tentei tranquiliza-la.

— Tem certeza? — Insistiu.

— Absoluta. — Sorri. — Daqui a pouco eu irei para casa,antes de ir eu vou passar ai,pra você ter certeza de que estou bem,ok?

— Obrigado filho. Te amo! Nunca se esqueça disso. — Afirmou-me.

— Pode deixar,não irei esquecer.


Gisele





Depois que me despedi da minha pequena menina mulher,após coloca-la dentro de um táxi. Paguei o valor da corrida ao pobre homem e lhe dei mais um beijo na bochecha e logo o motorista arrancou com o carro.

— Não quis leva-la em casa? — Fui intertompida pelo som da voz daquele nerd grudento.

— Você não tem mais nada pra fazer,não ? — Ele riu.

— Poxa,queria ter me despedido dela.
— Confessou tristonho. Já que chegou a frente da renome atrasado.

— Ela tá crescendo ,e eu envelhecendo Davi. — Confessei e ele sorriu.

— A velhice chega pra todo mundo. Então não precisa se sentir especial por isso. —Eu revirei os meus olhos e me virei para olha-lo. — Você não respondeu a minha pergunta.
— Constatou.

— Qual delas? — O indaguei ele bufou.

— O motivo pelo qual você não fez questão de leva-la pra casa. — Eu sorri forçadamente.

— Eu te respondi ,e você nem percebeu. — Dei de ombros e segui até a entrada do prédio da Renome.

— Acho que tô envelhecendo mais rápido que você. Já estou tendo lapsos de Alzheimer. — Acabei gargalhando.

— Davi e seus dilemas. — Murmurei , enquanto subia as escadas e o Davi me seguia.

— Gi,responde de novo. Eu realmente não ouvi. — Eu ri. Óbvio que não. Já que eu fingi tê-lo respondido. Pensei comigo. — Gi! — Chamou-me novamente. Por favor.

— Ok! — Parei de andar e o olhei.
—Eu não a levei para casa porque quero fazer uma surpresa pro meu ruivinho. Quem sabe não é hoje que o Nícolas Junior é fabricado. — Ele gargalhou.

— Ou a malditinha,né? —  Eu revirei os olhos.

— Davi,onde você havia se metido para chegar agora, aqui? — Ele esticou a sacola para mim. E eu a peguei. A abri e desvendei seu conteúdo. Com um sorriso nos lábios.

— Sorvete! — Constatei.

— E... — Insistiu para eu continuar.

— Calda... — Suspirei.

— Isso ai. Sorvete com calda. 
—Gabou-se. —Agora você podia me agradecer. — Passou por mim e começou a subir as escadas na minha frente.

— Obrigado Davizinho, meu lindinho.
— Gargalhou.

— E gostosão. — Eu ri.

— Disso ai, você passa longe. — Ri com a cara de desgosto que ele fez.

Meu pedacinho tão esperado✔Onde histórias criam vida. Descubra agora