Capítulo 39 - A maldita e suas neuras

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Ps:
Peço desculpas pela demora. Passou- se, muitas semanas desde a minha última postagem.
Espero que esse capítulo mate um pouco da sua saudade. Acreditem,eu levei muito tempo para termina-lo. A jovem aqui resolveu casar, assim do nada e agora está tentando reorganizar a vida de casada com a de escritora e com o trabalho. É brabo,mas eu vou pegar um pouquinho da forcinha da Gi pra conseguir. Eu prometo não sumir de novo e começar logo a escrever o próximo capítulo. 
Boa leitura






Nícolas






Deixei a Gisele dormindo. Vesti uma roupa mais leve, e sai pra correr. Fazia anos que eu não fazia isso. Eu me lembrava do Bolinha, vindo apressado me receber depois que eu voltava. Da peluda deitada ao lado dele, dos dias em que éramos só nós, em nossa solidão. Da época em que as vacas magras reinavam. Do tempo em que aprendi o que era a realidade de quase oitenta por cento da população desse país.  Hoje sou outro, graças aquela época.  O corpo era mais definido, uns anos mais novo,mais estou aqui de novo, tentando reviver um pedaço daquela história.  Passei pela antiga lanchonete onde um dia, vendi hambúrgueres. Da época em que a Helena namorava o dono, do tempo em que ela supôs que estava grávida e não estava. Passei pela floricultura da Fernanda. Ainda fechada. Voltei pela rua onde eu ia sempre comprar ração pro meu amigo de quatro patas. O sol começava a aparecer, e a quebrar um pouco do gelo que a temperatura estava. Voltei pra casa, e ela ainda dormia. O Félix veio se alisar em minhas pernas. Abaixei-me para acaricia-lo.

— E ai amigão? Tá com fome? — Ele miou. É, ele estava faminto.  Abri o armário e peguei um pouco de ração e despejei em seu pote. Eu nunca fui fã de gatos, mas aprendi a aprecia-los. Eles eram uma versão rebelde da minha loira. Acho que por isso, ela amava os gatos. Lavei minhas mãos em seguida, abri a geladeira peguei alguns ovos e a frigideira no armário. Coloquei pó na cafeteira,  e água.  O café começava a passar aos poucos, e eu quebrava os ovos, um a um, para prepara-los de forma mexida. Joguei alguns temperos, uns tomates com cebola picada e um cheiro verde. Me frustrei quando lembrei de ter colocado os bacons antes, mais já era tarde. Eles estavam quase prontos. Eu animado, cantarolando um música antiga, mexendo os ovos, pano de prato nos ombros, todo suado naquelas mesmas roupas que usei para correr. Fazia tanto tempo que eu não me sentia bem, desse jeito. Dormi pouco, mais me sinto ótimo.  Nem tinha me dado conta de que ela já havia acordado e que me observava com um sorriso no rosto.  O mesmo sorriso pelo qual eu me apaixonei. A mesma cena que já vivi,a anos atrás e que não me canso de reviver. Era a mesma mulher, mais encorpada, os cabelos bagunçados no mesmo tom de sempre. Uma blusa larga, que era minha, sem nada por baixo. Desliguei o fogo, o café já havia passado todo, pelo filtro. O cheiro exalava pela casa. Me aproximei dela, que estava parada na batente da porta da cozinha americana que tínhamos. Depositei um beijo em seus lábios,  e ela me retribuiu com gosto, e um abraço apertado ignorando que o meu suor não estava tão evidente. Era cheiro de macho. Ri, ao me lembrar disso de anos atrás. Ela vivia me dizendo isso, sempre que eu chegava em casa das minhas corridas. Nunca consegui leva-la comigo.

— Tá se sentindo melhor? — Ela me abraçou ainda mais forte, e eu a protegi em meus braços. 

— Um pouco. — Murmurou ainda sonolenta.

— Tá com fome? — Depositei um beijo no topo de sua cabeça. — Eu preparei os ovos do jeito que você gosta. 

— Eu só preciso...— E se desprendeu dos meus braços com tanta pressa em direção ao banheiro que eu a segui, mas ela fechou a porta na minha cara.

— Gisele, você não tá nada bem.
— Esbravejei para que ela podesse me ouvir. — Tem certeza de que não quer que eu te leve no hospital?

Meu pedacinho tão esperado✔Onde histórias criam vida. Descubra agora