Capítulo 13 - Um malévolo,pequenino

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Gisele





Deixei meu carro estacionado na frente da minha casa. Acenei para uma senhora que estava regando as flores de seu pequeno jardim. Ela acenou e sorriu para mim de volta. Tranquei o carro e me encaminhei para a entrada da minha casa. Abri a porta e me apressei para me jogar no sofá,após voltar a fechar a mesma.
Respirei fundo  e foquei meus olhos ao teto. Senti falta do meu gatinho. Nessas horas ele vinha direto para o meu colo e eu o acariciava. Saudades do meu peludo, ele podi ter literalmente  setes vidas. Fui interrompida das minhas lembranças  com o toque do meu celular. Puxei a minha bolsa, do braço  do sofá  e a vasculhei atrás  do meu telefone.

— Oi...  — Disse totalmente  desanimada. E percebi que ela notou isso, no tom da minha voz.

— O que houve filha? — Indagou-me dona Marina.

— O de sempre. Eu sou uma  inútil que não consegue gerar um neto pra senhora. — Murmurei e ela calou-se com o meu tom irônico.  — Mãe, será  que sou estéril?

—  Não  penso que seja por causa disso.  — Me disse num tom acolhedor. — Filha, a ansiedade está  te consumindo. Se acalme! — Eu soltei um suspiro alto e pude ouvir sua risada.

— Não  consigo. — Murmurei. 

— Eu sei que não. — Sorri. — Se conseguisse você  não  seria a minha filha.

— Isso é  verdade. Eu seria tudo, menos eu mesma.

— Gi,eu fiz aquele bolo de cenoura com chocolate. Quer vir comer um pedaço  comigo? — Me animei.

— Bolo de cenoura! — Pensei alto e ouvi novamente sua risada. — Óbvio que quero. —  Me ajeitei no sofá. 
— Vou tomar uma ducha, e já já,chego ai.

— Tá  bom. Te aguardo. — Logo finalizei a ligação  e me coloquei de pé. Enquanto me aproximava do banheiro ,comecei a retirar as minhas roupas e as deixei no caminho por onde passei. Cheguei ao banheiro sem nenhuma peça  de roupa. Abri o chuveiro e me coloquei em baixo  dele. Senti uma sensação  boa, assim que a água  pecorreu meu corpo.


Alguns minutos depois


Eu já estava vestida, com um macaquinho roxo ,que deixava minhas costas desnudas,e boa parte de minhas coxas à mostra. Calcei meus chinelos ,com alças decoradas com alguns brilhos e terminei de secar meus cabelos com o secador. Eles estavam ensopados. Assim que consegui retirar o excesso de água, desliguei e o deixei sobre a prateleira de madeira  que ficava em baixo do espelho retangular. Perfurmei-me ,e passei um brilho nos lábios.  Me olhei,mais uma vez e gostei do que vi. Peguei as chaves do meu carro ,e segui até  a porta e a tranquei em seguida. 

Demorei alguns minutos até  chegar na casa da dona Marina. A luz da cozinha estava acesa, e vi seu reflexo pela janela. Saí  do carro e me encaminhei até  a porta. Apertei a campanhia e não  demorou muito para que seu Sidney viesse me cumprimentar.

— Ora ora, até  que enfim apareceu.
— Disse-me , todo animado por me ver. Me aproximei dele e o abracei. Ele me retribuiu com um abraço  forte e acolhedor.

— Vim por um bom motivo.
— Murmurei e ele riu e me deu espaço  para entrar.

— Ninguém renega aquela gostosura de bolo. — Me disse e eu assenti sorrindo. Ele fechou a porta e me seguiu até  a sala. Assim que chegamos,minha mãe veio até  nós.  Abriu seus braços  e eu a abracei. Ela exalava aquele mesmo  cheiro. Cheiro de flores cítricas.

— Já  estava com saudades. —  Me disse, assim que nos soltamos.

— Eu sei. — Ela sorriu. Seu Sidney  se sentou no sofá  e sugeriu para que eu me sentasse ao seu lado. Assim eu fiz. Ele mudou o canal da Tevê  , e colocou em um documentário.  Víamos  muitos desses, no tempo em que Morei com eles. Nos tempos de paz.

— Vou buscar um pedaço  generoso de bolo pra gente. — Me disse e eu assenti.

— Também  vou querer. — Pediu,seu Sidney. E a mãe  riu.

— Vou trazer pra você  também. —  E saiu em direção  a cozinha.

— Então, como andas as coisas com você  e o Nícolas? —  Indagou-me semtirar seus olhos da Tevê.

—  Estão  bem. — O afirmei. Ele sempre fazia questão  de saber se ele ainda me tratava bem. Ele tinha medo de que o Nícolas  me ferisse. Ele me tratava como um pai, com o mesmo cuidado que ele tinha com a Fê. — O Nícolas está  cada vez mais ocupado com o Gregos. Eles estão se superando. —  O afirmei e ele assentiu.

— Eles foram corajosos. — Eu assenti.  — Que bom que deu certo. — Mais e você,tá  lidando bem com a Renome?

— Ah,sim. —  Murmurei. —  O Davi me ajuda bastante. —  Ele me olhou.  —  Cada dia que passa ando cada vez mais atolada em trabalho, mais estamos dando conta. Pelo menos,por enquanto. Ele assentiu e minha mãe  apareceu com nossos pratos cheios de bolo. Peguei o meu,e com as mãos  mesmo , comecei a come-lo. —  Isso está  delicioso. —  Afirmei. Estávamos ocupados de mais para conversarmos. Aquele bolo estava realmente delicioso.  E os pedacinhos de chocolates? Derretendo em minha boca e me fazendo suspirar com a explosão  de sabores  que meu paladar desgustava. Quando cheguei na metade do meu bolo,tentei roubar um pedaço  do prato do seu Sidney. Ele bateu em minha mão  de leve e riu. Pude  ouvi-lo murmurar de forma divertida para minha mãe:  Ela não  cresce. Minha mãe  ria e nos olhava.

—  Como eu amo vocês  dois. —  Nos disse ,e nós sorrimos feito bobos. E eu pensei: Como pude perder tanto tempo,com brigas bobas e me neguei viver essa sensação de amor recíproco? Ganhei um pai,amoroso. Um pouco Durão, mandão, nervosinho,mais com um coração  tão  generoso. Ganhei uma nova mãe.  Dona Marina é  outra pessoa,desde que se casou. Ela não  é  mais amarga. Agora sorri com a vida que tem. É  grata,pelo que tem. E eu? Eu sou tão  sortuda. Ganhei mais do que poderia imaginar que ganharia. Tenho um marido que me ama, uma irmã  postiça. Sobrinhos tão  sapecos,que não  me vejo mais sem eles. Uma entiada que parece mais minha filha,do que da própria  mãe.  O que me falta? Um filho. Uma raiz saída  de mim. Uma cria maluca e rebelde como eu. Ou, um ruivinho mimado como o Nico. Um malévolo,pequenino. Um pedacinho de nós  dois. Meu pedacinho tão  esperado. Suspirei ao me dar conta,de que aquilo era tudo o que eu queria nesse momento.


Meu pedacinho tão esperado✔Onde histórias criam vida. Descubra agora