Capítulo 21 - Gisele,Você está ai?

467 49 9
                                    







Gisele





Abri meus olhos e senti minha cabeça  rodando. Me sentei na cama, passei  as mãos  sobre meus olhos e os esfreguei. Olhei ao redor do quarto e não  encontrei o Nícolas.  Coloquei-me de pé  e desci as escadas. A casa estava silenciosa. Me sentei no sofá, e me segurei para não  chorar assim que meus sentimentos  afloraram novamente. Peguei o telefone da mesa ao lado do sofá  e disquei o número  do meu ruivinho. Logo ele atendeu.

—  Gi... —  Sua voz estava calma.
— Já  acordou? —  Indagou-me e eu esfreguei meu olhos e me encolhi no sofá. 

—  Eu não  te vi. —  Confessei. —  E não  encontrei ninguém  aqui ,pela casa. Onde foram todos?

—  Eu vim na casa da Helena,com a Fê  e o Miguel. A Pérola  fugiu  para cá,no meio daquela  confusão  toda.
—  Me disse e logo uma lágrima pecorreu meu rosto,com as lembranças do que houve.

—  Ela está  bem? —  Pude ouvir a sua respiração  pesada.

—  Sim. —  Afirmou-me. — Daqui a alguns minutos chegamos ai.
—  Gi,você  não  viu o bilhete que deixei pra você, ao seu lado na cama?

—  Não  vi. Eu apenas acordei  e me levantei. —  Lhe disse. —  O Erick , cadê  ele? E o Sidney? —  O indaguei preocupada. —  Estão  com você?

—  Eles estão  resolvendo  algumas questões  importantes. —  Me disse e logo calou-se. Pude ouvir novamente a sua respiração pesada. — Sobre sua  mãe. —  Me disse por fim. Ele estava tendo o cuidado para não  falar nada que pudesse me ferir ainda mais.

—  É... —  Murmurei, forçando a voz sair. —  Eu sei... —   Apenas lhe disse isso.

—  Gi, Vou desligar.
—  Comunicou-me. — Eles já  estão  voltando para o carro. —  Suspirei.
— Até  daqui a pouco...Te amo!

—  Também  te amo. —  E ele finalizou a ligação.  Eu fiquei sentada no escuro,  até  que eles pudessem voltar. Lembrei-me de que eu não  havia deixado comida pro Félix  no meio dessa confusão  toda. Me segurei para não  chorar. Eu queria pensar em outras coisas,mais não  me vinha nada. Fiquei travando uma batalha dura ,comigo mesma ,até  que eu pudesse  ouvir a porta se abrir.
Assim que  acenderam a luz , eu corri para abraçar a minha pequena. O Nícolas  me beijou, rapidamente assim que me desprendi da Pérola.  E a abraçou  em seguida,e depositou um beijo no topo de sua cabeça com mais calma e aliviado por nos ver bem.





Algumas horas depois




Gisele






Já  estávamos em casa. Tomei uma ducha rápida e me vesti. O Nícolas  preparava um café  da manhã  pra gente. A primeira coisa que fiz quando entrei em casa, foi alimentar aquele pobre gato. Mal chegou e já  o deixei com fome. Tadinho. Assim que voltei para a cozinha,me sentei no balcão , o olhei. Ele estava sem camisa, mexendo com a colher de pau na panela. O cheiro estava delicioso.

—  Fiz ovos mexidos pra gente. Comprei aquele bolo que você  gosta e pães  frescos. Trouxe alguns biscoitos da casa da Fernanda também.
— Assenti. O Félix  começou  a se esfregar  na minha perna. Eu o peguei no colo e o acariciei. —  Ele gosta de você!  —  Me disse o Nico, cortando o pão. —  Todo mundo que te conhece gosta de você. Você  brilha,quando sorri. Fala besteiras e sabe sair de uma furada. —  Ele sorriu fraco. — Vai ficar tudo bem, tá?

— Eu sei. Uma hora vai.—   Constatei. Ele aproximou-se de mim e me beijou nos lábios  e em seguida eu o abracei forte.



Um dia depois



Acordei no susto. Tive um pesadelo horrível. Sonhei que estava tentando segurar  a mão  da minha mãe  que afundava na areia movediça. Eu gritava , tentava segura-la com toda força,mais ela desapareceu. Afundou na areia e me deixou. Abro meus olhos e choro, ao perceber que aquele sonho fazia sentido, que aquele sonho era outra despedida. Respiro fundo,e tento me controlar. O Félix sobe na cama e se alisa em mim, me chamando ao som de seus miados fracos. O pego no colo e o abraço  forte, forte o suficiente para não  deixa-lo fugir de mim. Minhas lágrimas  se misturam ao seus pêlos,e ele se espreme para se soltar dos meus braços  e eu o aperto de novo e respiro fundo algumas vezes. Eu tinha que me manter controlada. Eu tinha que fazer isso por ela e por mim. Olho na mesinha que ficava ao lado da cama. Havia um pequeno papel ,escrito com a letra bagunçada  do meu ruivinho. Ele dizia que voltaria em breve para me buscar.  Meu corpo gelou, ao me tocar que eu teria outro bague para enfrentar. Era chegada o momento do Adeus. Voltei a me deitar,o Félix  se soltou finalmente dos meus braços,eu me abracei forte,encolhida na cama como uma criança  desprotegida. Um som me tirou dos meus desvaneios depressivos,o som das batidas vindo da porta. Alguém  batia nela,com cuidado. Sons limpos e leves. Não  me importei ,eu não  queria sair dali tão  cedo, eu queria me enfiar no meu mundo e fingi que estava tudo bem,apesar de não  está.  Bateram de novo, dessa vez com um tom acentuado maior.

—  Gisele! — Gritaram. — Nícolas!— O chamaram. Aquela voz? Eu conhecia  aquela voz? Me sentei na cama,e calcei meus chinelos. — Gisele,Você  está  ai? — Esbravejou uma outra voz,familiar. Corri até  a porta e a abri. Sorri aliviada por vê-los e foi impossivel não  deixar minhas lágrimas  rolarem. Eu me joguei nos braços  do rapaz,que tinha a mesma idade que eu.Cabelos loiros escuros, olhos grandes dividindo espaço  com seus óculos  quadrados de grau. Ao seu lado , sua agora  esposa , a Ana.
—  Me desculpe,só  consegui chegar agora. —  Sussurrou com a voz embargada, me abraçando forte.

— Eu sinto muito. — Murmurou a Ana ,me desprendi dos  braços  do meu primo e a abracei forte. Me desprendi dela rapidamente e voltei a abraçar  meu primo e acabamos chorando juntos. Ele sabia o tamanho da minha dor, e eu sabia que a dele se igualava a minha.

Meu pedacinho tão esperado✔Onde histórias criam vida. Descubra agora