Gisele
O dia havia passado rápido, já estávamos no fim do expediente. Eu havia recebido uma ligação do Nícolas, me pedindo pra não me preocupar,mais que ele passaria a noite fora e chegaria amanhã de manhã. Coisa de última hora,ele disse. Eu liguei pro Artur,não que eu não confie nele ,só que achei estranho o Nícolas sair pra resolver algo fora da cidade. Raramente isso acontece, ou melhor,não me lembro de já ter acontecido antes. Também estranhei o fato dele não ter vindo aqui, na empresa, me dar um beijo antes de ir. Mesmo sabendo que eu ainda estou me sentindo mau. O italiano abrasileirado logo atendeu a ligação,achando graça do ciúmes que eu ainda tinha dele.
— Ainda existe amor,nesse coraçãozinho? — Indagou-me, todo risonho e senti uma pontinha de amargura pelo o que ele me disse. Será que me tranquei tanto ao ponto dele pensar que eu não o amo mais? Mais não me lembro de ter demonstrado isso,já que sou absurdamente apaixonada por aquele ruivinho.
— Existe,e muito. — Lhe disse,animada e ouvi sua risada.
— Artur,essa viagem do Nico, é verdade? — Ele gargalhou.— E porque não seria? — Retrucou. — Tenho cara de quem ajuda o amigo a mentir? — O Davi me olhou,do outro lado da sala terminado de guardar suas coisas na pasta.
— Deixa pra lá, nem sei porque te liguei. Tô me sentindo envergonhada por agir como uma adolescente. — Me desculpei do meu jeito.
— A única vergonha que você devia ter é de não amar. — Me disse, todo filósofo. — A Gisele que conheço é maluca de pedra,fala sem pensar e não liga pra opinião dos outros. Cadê ela? — Indagou-me. — Ainda existe?
— Óbvio que existe,ela só precisa acordar. — Brinquei.
— Então chama o Davi, porque hoje é o dia de recordarmos dessa Gisele maldita. — Eu ri.
— Não sei... — Murmurei. — Eu não tô bem pra sair. — Confessei.
— Não quero saber. — Me disse,convicto de suas ações. — Passa o telefone pro Davi. — Pediu e eu estendi o aparelho pra ele,que logo pegou sem entender nada. Respirei fundo e pensei nas palvras que ele havia me dito. Ele tinha razão. Eu sou quem eu sou,e não essa mentira que me tornei. O Davi ria animado. Logo finalizou a ligação e me devolveu o aparelho.
— Então? — Murmurei.
— Tá confirmado. As nove nos encontramos. Te busco na sua casa,ou você me busca? — Indagou-me.
— Vamos Gi,vai ser legal. Como nos velhos tempos.— E a sua esposa? Ela não vai gostar muito de saber que o marido dela tá saindo a noite com uma amiga que também é casada!
— Ela não precisa saber. Não farei nada de mais. — Eu ri.
— Ela não tá em casa,não é? — Ele assentiu.
— Ela foi visitar os pais,e só volta amanhã de noite. — Eu ri.
— Você me busca,pode ser? — Ele assentiu todo sorridente.
— Como nos velhos tempos.
— Afirmou-me,sozinho. Voltando pra mesa e puxando a pasta.
Algumas horas depois
Eu já estava pronta,coloquei um vestido preto com brilho e uma sandália de salto alto fino. Cabelos soltos,maquiagem pesada pra noite e um sorriso apagado nos lábios. Eu estava sentada no sofá de pernas cruzadas acariciando o Félix no meu colo. Triste ,ainda doía muito dentro do peito. A saudade era grande. Isolada dentro de si,fingindo está bem pro mundo,mais não estava. Passava longe da felicidade. Me sentia vazia sem o Nícolas por perto. Ele me fazia falta. Tantos anos juntos,que é estranho quando ele não está por perto pra me encher o saco com suas manias estranhas. Puxei o meu celular de dentro da bolsa pequena de alças de finas. Disquei o número daquele desalmado. Ele não atendeu,eu só conseguia ouvir a voz robotizada da secretária eletrônica. Finalizei a ligação e devolvi o celular pra bolsa e não demorou para que eu também ouvisse a buzina do carro do Davi. Coloquei-me de pé, ajeitei a bolsa nos ombros e beijei a cabecinha do meu neném de quatro patas. Segui até a porta e a abri. Me surpreendi quando vi que o Davi,estava lindo dentro daquelas roupas alinhadas. Blusa estampada com um desenho antigo desses de mangá, calça jeans,tênis e os cabelos desgranhados. Sem óculos? Ele ficava diferente sem eles,mais sorria animado e boquiaberto pela produção que fiz pra essa noite. Ele me esperou do lado de fora do carro. Abriu a porta,e assim que tranquei a porta de casa me aproximei dele. Beijei suas bochechas e me sentei,no banco do passageiro. Eu me sentia estranha,parecia que eu traía meu ruivinho.
— Onde vamos? — O indaguei assim que ele se sentou,e fechou a porta do carro. Sorriu,ao liga-lo e não me respondeu nada.
— Surpresa! — Me disse apenas isso.
— Você tá tão...—Eu não conseguia escolher a palavra certa para lhe dizer isso. — Tão Davi.— Ele riu.
— Isso é um elogio ,não é?
—Indagou-me e eu ri.— Sim,é. — Eu ri.
— Mais a lógica dessa noite e revivermos nossos "eu" do passado.
— Constatou. — E você fez jus ,a isso. Se vestiu como a maldita malévola que era...que sempre foi,na verdade.
— Eu o bati,levemente nos ombros.— O Artur,ele não ia conosco? — Ele assentiu.
— O filho da mãe, tá nos esperando lá. —Murmurou ,atento na estrada.
— Lá onde? — Insisti.
— Onde vamos. — Me repreendeu por força-lo a dizer. — Você vai gostar. Respirei fundo e liguei o rádio.
— Então se é assim, vamos botar a maldita pra fora. — Murmurei e ele abriu o maior sorrisão. —Vamos nos divertir. — Comecei a cantarolar alto,a música que tocava. Era um pop rock antigo,do tempo em que eu ouvia bastante. Até nisso o destino tava a favor desses incentivadores do passado não muito longe.
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Meu pedacinho tão esperado✔
Romance→PLÁGIO É CRIME← ↓↓↓ Sequência de livros Livro 1 -Pedacinho meu Livro 2- Um pedaço de mim Livro 3- Um pedacinho de nós dois Livro 4 - Meu pedacinho tão esperado (Continuação do livro 2) Livro 5- Um pedacinho do meu C...