Capítulo 19

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Cecília
Não estou acreditando que as bênção dos meus irmãos fizeram isso comigo, eu não precisava dessas cartas logo agora para confundir mais minha cabeça.

Eu precisava de um tempo para colocar meus sentimentos em ordem, essas cartas só vai me atrapalhar. “ SIMPLES, JOGA FORA”, meu consciente se manifesta.

É, Joga fora, mas eu não quero jogar fora, não agora que elas vieram comigo. E eu sou muito curiosa para jogar fora sem ao menos da uma olhadinha.

Sento na beira da cama e pego uma das cartas, abro e começo a lê.

“Oi Cecília, como vão as coisas aí? Aqui está um inferno sem você, sem seus beijos, seu abraço seu carinho. Como fui burro, hoje estou pagando o preço, acordo bêbado, e durmo bêbado, para tentar te esquecer. Mas...

AS ESTRELAS SABEM DO NOSSO DESTINO”

Meu Deus, não pode ser, não é possível.
Abro mais cartas para vê sua frase final e todos estão escritas

“ As estrelas sabem do nosso destino”

Corro no quarto de Sarah.

- Sarah, Sarah. – ela já estava deitada.

- Oi Cecília, aconteceu alguma coisa ?

- Sarah, você contou para alguém da minha tatuagem?

- Não Cecília, ninguém sabe, só eu e você uai.

- Não Sarah, o André também sabe.

- Como assim André também sabe? Não é  possível.

- Olha isso.

Mostro as cartas para Sarah e todas estão  escrito a mesma coisa no final. Ficamos chocadas.

-Ele  deve ter explicado por que colocou essa frase nas cartas. – diz Sarah.

- É, vou ler todas para entender.- digo saindo do quarto

- Vocês dois são almas gêmeas. – diz e eu finjo que não escutei.

De onde André tirou essa frase?

Pego todas as cartas e começo a ler, todas elas têm data e hora a maioria são escritas de madrugada, mas elas começaram a ser escrita meses depois do nosso término. Fico horrorizada com algumas, onde ele fala que tentou matar Laura jogando o carro em cima dela, explicando como tentou seus diversos suicídios, fico mais horrorizada quando ele fala que tentou bater de frente em uma carreta, mas ele não conseguia jogar a moto na direção da carreta.

“... como alguém estivesse segurando a moto para o outro lado, foi muita doideira ...”

“... eu te amo tanto, minha morena...”

“ ...Eu ainda vou te encontrar e vamos ter nossa vida...”

Uma das cartas me chama mais atenção, percebo que ela já foi molhada, deve ser lágrimas, resolvo abrir. Vejo a data e essa marca 04/04/2013 às 01h:30min da manhã.

Não faz sentido a data, todas estão na sequência só essa que parece que foi escrita meses antes.

Meu coração gela ao lembrar que nessa data eu quase morri. Aquela noite foi das piores tentativas de suicídio que tentei, eu queria de todos os jeitos terminar com toda meu sofrimento.

Começo a ler a carta.

Cecília meu amor, hoje estou bem melhor, graças a Deus estou e dando rumo a minha vida, mas preciso relatar para você o que aconteceu no dia 04/04/2013.
Nessa noite, bebi muito, mas muito mesmo e pela primeira vez usei drogas, é fiz isso morena, fiquei transtornado. Então comecei a ouvir vozes , ouvir sua voz falando para tirar minha vida para nós poder nos encontrar em outro lugar, eu sem pensar duas vezes fui pegar uma corda que tinha guardado aqui em casa, e fui para oficina, lá tinha uns lugares que dava para amarrar a corda. Então amarrei a corda em um lugar alto e me pendurei lá, só que eu sou tão azarado que o meu irmão chegou e conseguiu me tirar das cordas a tempo, mas acabou deixando eu cair e bati a cabeça no chão, fui parar desacordado no hospital. Nesse tempo que fiquei desacordado eu sonhei, não me lembro direito do sonho, eu sei que tinha muito sangue, muito mesmo e o sangue estava escrito “ As estrelas sabem do nosso destino”.

Me lembro como fosse hoje dia 30/07/2014.

Hoje agradeço meu irmão e devo tudo a ele, mas na época queria matar aquele filho da mãe que não deixou eu morrer e viver em paz como você.
Te amo muito Cecília e ainda vamos nos encontrar e viver muito feliz.

As estrelas sabem do nosso destino. Só elas sabem”

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