Capítulo 20

1.8K 141 21
                                    

Não é possível, eu também tentam o suicídio na mesma noite, e vi essa mesma frase quando estava desacordada. Eu não acredito nessas coisas de alma gêmeas, mas senhor é muita coincidência e isso está me assustando.

Naquele finalzinho de tarde por volta das 17horas Sarah saiu para viajar e fez eu prometer que eu ficaria bem, mas eu não estava. Queria muito acabar com meu sofrimento, não estava suportando mais aquela dor, sempre digo que do dia que fui embora ate naquela noite a minha alma estava vagando pelo mundo, não estava conectada em mim, mas dias sempre era os mesmos, não dormia direito, não comia, não conversava muito, eu estava realmente morta por dentro.

Então resolvi mais uma vez tirar minha vida, e nesse dia tudo favoreceu para isso, e eu estava dopada como sempre e comecei a cortar meu pulso, não sentir dor alguma, parece que quando você quer fazer merda o “coisa ruim” ajuda, porque não sentir absolutamente nada, então comecei a cortar mais profundo, e começou a sair muito sangue, quando vi aquele sangue todo eu desmaiei.

O voou de Sarah foi cancelado e ela teve que voltar, chegando em casa ela me encontrou toda ensanguentada, diz ela que foi muito assustador. Cheguei morta no hospital, mas eu vi um anjo e ele me disse:

“ Minha menina ainda não chegou sua hora.
As estrelas sabem do seu destino e não será a morte.”

Quando acordei foi mais assustador ainda, só escutei a médica dizendo.

“- Conseguimos te salvar, graças a Deus você e seu bebe estão bem.”

Meu Deus, tudo ao meu redor ficou embasado e eu desmaiei de novo. Acordei com minha mãe e meus irmãos ao meu lado chorando muito, minha cabeça parecia que ia explodir. Minha mãe falava o tempo todo que eu ia voltar para nossa casa, meu irmão queria contar para André, minha irmã estava feliz por ser titia e eu só queria um tempo para pensar.

Foi muito assustador.

Então fiz essa tatuagem para recordar o meu renascimento.

André também sofreu. “ MAS ELE TINHA QUE SOFRER MESMO, ELE QUE CAUSOU TUDO ISSO”, grita meu consciente. É verdade, ele tinha que sofrer mais ainda por ter feito o que fez. Guardo as cartas e vou deitar, já é tarde e amanhã será outro dia.
...

Já se passaram 2 semanas, desde que vim embora, as coisas começaram a encaminha direito, e nada de grande surpresas, Sarah não comentou mais nada sobre nossa conversa, André vive perturbando Moisés a passar meu número, mas ele sabe se passar eu mato ele.

Acordo feliz da vida hoje, Jorge conseguiu uma folga e vem nos visitar. Preciso de arrumar uma grande desculpa pra Sarah não desconfiar de nada, a irmã de Jorge me liberou na parte da manhã para buscá-lo no aeroporto.

- Sarah, hoje você leva a Maria na escola fazendo favor? Preciso marcar uma consulta para ela, e só marca agora de manhã.

- Maria está bem? -pergunta preocupada.

- Ela está é só rotina. – porque Sarah tem que fazer várias perguntas ?

Arrumei Maria, arrumei o café para elas e fui me arrumar.

- Mas amiga, vou precisar do seu carro, tem problema?

- Não Cecília, pode usar e você sabe que nem precisa pedir.

- Obrigada. Estou indo então, beijo pra vocês duas.

Saiu na correria, já estou atrasada, o desembarque é daqui 50 min e o aeroporto está longe.

Mando mensagem para Jorge se eu atrasar para me esperar. Corro o máximo que posso, é ruim deixar os outros esperando, chego na porta do aeroporto e Jorge já está na porta.

- Jorge aqui. – grito e ele vem em minha direção.

- Nossa, graças a Deus meu uber chegou, estou doida para chegar em casa.- diz entrando no carro.

- Já que sou uber pode pagar a corrida.

- Ai que vem a amizade né amiga. E como sou seu grande amigo a corrida fica por conta da casa.

- Não faço fiado e não insista. Agora diz aí como você está?

- Estou maravilhoso como sempre. E você emagreceu um pouco, tomara que não emagreceu  raba linda que você tem. – diz rindo.

- Jorge me respeita, agora você é da minha amiga. Sai fora.

- Você que não me quis. – diz dando de ombro.

- Cala a boca Jorginho, pra eu gostar de você.

Fomos o caminho todo colocando o papo em dias, ele falou de como esta amando morar em outro país, do trabalho, dos novos amigos e até mesmo de uma paquera.

- Jorge, você não pode fazer isso com Sarah.

- Mas eu falei com ela que conheci uma pessoa e não quero a impedir de conhecer alguém. Nós moramos em países diferente Cecília, não da para manter um namoro assim.

- Concordo com você, mas não faz minha amiga sofrer seu destruidor de sentimentos.

- Olha quem fala, “A GELEIRA”.

- Ah falar em geleira, te contar a mais recente novidade. – digo rindo do jeito que ele falou geleira.

Eu nem sou tão gelada assim, ou sou ?

Contei sobre os últimos acontecimentos que ele ainda não estava sabendo e como esperado ficou surpreso com minha atitude.

- Espera Cecília, deixa eu raciocinar. Você quase deu pra ele? Eu não estou acreditando, eu investir anos em você e comigo não passava de umas sarradas e esse cara surge das profundezas dos infernos e quase te leva para cama? – diz Jorge fingindo ofendido.

- Para Jorge, você sabe muito bem que não foi desse jeito. – digo estacionando o carro na porta da sua casa.

- Cecília, você ainda ama esse homem. E me fala, o que esse homem tem que eu não tenho? – pergunta sério. – Não responda, não quero saber se a jiboia dele é maior que a minha.

- Credo Jorge, também não quero saber da sua jiboia. Vaza do carro.- digo e empurro ele para fora do carro.

Jorge sai dando gargalhadas.

- Te pego em 30min esteja pronto.

- Quer conhecer minha jiboia? – Jorge grita do lado de fora do carro e eu fico vermelha de tanta vergonha.

Arranco o carro sem da resposta, Jorge não muda nunca.

Sigo para casa, preciso pegar minhas coisas do serviço que acabei esquecendo com a correria. Estaciono o carro na porta e nem entro direito em casa e escuto grito.

- Carteiro.

- Já vou. – falo caminhado até a porta.

- Carta para Cecília. – diz assim que eu abro a porta.

- Sou eu mesma. – digo pegando a carta. – Era para ser entregue semana passada.

- Desculpa pela demora, passei por aqui na parte da tarde e não havia ninguém na casa e com a grave dos Correios está tudo atrasada. E como não a nome de remetente não conseguimos devolver.

- A sim, sem problema. – agradeço, pego a carta e entro.

Quem será, não tem nome e nem endereço estranho, muito estranho, mas depois eu leio, coloco a carta dentro da bolsa, pego minhas coisas e vou pegar Jorge para fazer surpresa a Sarah no serviço.

Chego em sua casa e fico buzinando até ele sair.

- Está vendendo buzina agora? – grita a mãe de Jorge seria.

- Desculpa senhora. – digo toda sem graça.
Que vergonha meu Deus.

- Vai Cecília, buzinas mais um pouco. – Jorge entra no carro debochando.

- Não ri seu idiota, foi muito constrangedor. – digo seria, mas não consigo segurar o riso por muito tempo e nos dois caímos na gargalhadas.

- Vamos Cecília, preciso comprar rosa para minha amada. – diz e faz cara de romântico.

- Desde quando você faz isso?

- Desde agora, anda vamos.

Uau como meu amigo mudou, ele não era daqueles caras românticos que da flores, ou não era comigo? Ele sempre foi carinhoso, brincalhão e prestativo, mas nunca romântico desse jeito, eu quero que ele de certo com Sarah. Fomos o caminho todo conversando e no meio da conversa descobrir que Sarah quer se mudar para o Estados Unidos também. Fiquei chateada por ela não ter comentado comigo, mas eu não vou cobrar isso dela, jamais.

Jorge comprou um buquê lindo de rosas vermelhinhas, fiquei encantada, Sarah vai amar. Chegamos na empresa e estacionou no estacionamento do escritório. Jorge pediu para eu ir na frente e inventar que bati o carro dela, nos sabemos que ela vai ficar louca, aí ele aparece e pah, surpresa.

- Sarah amiga, não fique com raiva de mim, mas prometo que vou arcar.

- Ficar com raiva? Arcar ? Ham?

- Eu bati seu carro. – digo abaixando a cabeça. – Mas a culpa não... Ela nem deixou eu acabar e já saiu correndo como esperávamos.

- Cecília Lucarelli você é uma mulher morta se bateu o meu neném , você sabe disso. – sai gritando pelos corredores.

Dou crise de risos antes de acompanha-la, Sarah tem uma paixão pelo seu carro, tento me recompor e a sigo.

- Espera sua doida, foi só um arranhado pequeno. – falo provocando.

Ela chega  no estacionamento já analisando o seu carro, ela está tão nervosa que nem percebe a presença de Jorge.

- Estou magoado em saber que o carro tem mais valor do que eu. – Diz Jorge fingindo estar magoado com Sarah.

- Lógico... – Sarah não termina a frase ao perceber de quem era a voz.

Ela vira para trás e vê Jorge em sua frente.

- Cecília você enganou? Meu carro não tá arranhado?

- Não sua boba.

- Não estou acreditando que você  está aqui Jorge. – diz se jogando em seus braços. – Vocês dois me enganaram direitinho. E Cecília não coloque meu carro nessas brincadeiras. – diz e nós caímos na risada.

- Desculpa florzinha, agora vou deixar vocês namorar um pouco. Beijos até mais.

Volto para o escritório, não quero segurar vela e preciso colocar algumas coisas em ordens. Fiquei muito ocupada nesse período, mas deu para organizar tudo, conseguir adiantar alguns serviços e estou mais folgada na parte da tarde.

Jorge e Sarah sumiram, com certeza foi matar á saudade, no lugar dela faria o mesmo. Esses dois ainda vai casar, escreve o que estou falando.

Relaxo para tomar meu café e lembro da carta que recebi mais cedo, pago ela na minha bolsa e fico observando, muitos anos que não recebo cartas assim, as cartas de André não vale. Abro e só tem uma frase.

As estrelas sabem do nosso destino.”

Que brincadeira sem graça é essa ?

AS ESTRELAS SABEM DO NOSSO DESTINO. Onde histórias criam vida. Descubra agora