Best Of You ▸ Wonho

Seventeen

        Fiz a pergunta e Hoseok encarou as mãos.

— Você acreditará em mim? – Hoseok parecia ter ficado um pouco nervoso. Assenti que sim. — Sim, eu sou. – Assim que respondeu sorri amigavelmente e segurei uma de suas mãos.

— Ótimo! – Eu acreditava nele, e se ele estava dizendo que sim então é porque é realmente inocente. Só isso importa.

— Você é a primeira pessoa que me faz essa pergunta.. – Sua voz soava melancólica — Por que fez isso?

— Porque algo sempre me disse que você era inocente de tudo isso, porém eu precisava e queria ouvir de você. – Respondi sem pestanejar, dizendo a verdadeira razão.

— E porque não insiste em saber o que de fato aconteceu?

— Porque eu imagino que seja algo doloroso pra você. Mesmo que não tenha acontecido exatamente o que o boato diz, sei que algo aconteceu e eu não quero forçar você a ficar lembrando dessas coisas só pra satisfazer a minha curiosidade. – Hoseok me ouvia em silêncio, olhei em seu olhos — Quando você sentir que isso já não é nada de mais e quiser me contar eu vou estar aqui.

— Obrigado – Hoseok sorriu pra mim, sorri de volta e já não era estranho vê-lo sorrir, eu já estava começando a me acostumar com seus sorrisos.

— Só tem algumas coisas que eu quero saber – Wonho me encarou atento. — Quero saber o que você gosta e não gosta, sempre fico receosa por não saber se te agrado ou desagrado. Lidar contigo é como caminhar por um campo minado, nunca sei quando vou acabar pisando numa mina e tudo irá pelos ares. – Hoseok riu da minha comparação.

— Tudo bem, eu vou te dizer o que você quiser saber.

        Conversamos por algum tempo, lentamente Hoseok se abria pra mim e a imagem do seu antigo eu ia se apagando. O atual falava mais e demonstrava mais, mesmo que ainda fosse pouco se comparado a mim. E o melhor de tudo isso era que ele já não me afastava mais.

        Descobri que ele sabia lutar taekwondo e que gostava de coisas como proteínas, vitaminas, alimentos saudáveis e eletrônicos.

        Nos sentamos no chão um ao lado do outro e nos recostamos na cama, assistimos alguns mv's pelo meu celular. Estávamos tentando compartilhar nossos gostos musicais e até que éramos compativeis. Nossas preferências eram semelhantes.

        Em um momento enquanto assistiamos senti um peso em meu ombro esquerdo, Hoseok havia adormecido e sua cabeça acabou por tombar sobre mim. Me senti petrificada naquele momento, não conseguia e não podia me mexer pois estava surpresa, também não queria o acordar.

        O observava de soslaio e sentia sua respiração pesada sobre meu pescoço. Meu coração começou a bater mais rápido.

        Deixei o celular de lado e apenas permaneci ali, imóvel, ouvindo somente o som da respiração de Hoseok.

• • •

        Abri os olhos com o som incessante do meu despertador. Já era de manhã e nós ainda estávamos na mesma posição; sentada com a cabeça de Hoseok apoiada sobre meu ombro. Era a segunda noite em que eu dormia fora da minha cama, e meu corpo já sentia isso. O de Shin também sentiria pois essa noite dormiu tão de mal jeito quanto eu.

        Não demorou muito para o barulho do despertador também o acordar, levantou a cabeça rapidamente como se tivesse levado um susto enquanto parecia secar o canto dos lábios com as costas das mãos.

        Me pergunto como conseguimos dormir a noite toda na mesma posição, olhei pro meu colo e vi que um cobertor estava colocado sobre nós, estranhei pois não tinha pego um. Talvez minha mãe o tenha colocado?

         Dispersei os pensamentos e tentei me levantar.

— Bom dia! – Falei, já de pé ao lado da cama. — É.. você pode ir se arrumar primeiro.. – Estava me sentindo sem graça. Acordar nessa situação havia me deixado envergonhada, sentia meu rosto queimar.

— Bom dia.. Ah, tudo bem. – Hoseok respondeu com a voz rouca e parecia tão sem graça quanto eu.

        Deixei o quarto tocando minhas bochechas e sentindo o quão quentes elas estavam.

— Oh, o que é isso? – Falei sozinha.

— Dormiu bem irmãzinha? – Quase esbarrei em Chanyeol no corredor enquanto caminhava distraída pensando em como meu coração havia acelerado e meu rosto esquentado.

— Oh, sim – Não lhe dei muita atenção e entrei rápido no banheiro.

        Lavei o rosto e me encarei no espelho, estava em uma situação deplorável; os fios bagunçados, o rosto inchado, além das minhas bochechas vermelhas.

— Meu deus..

         Esperava que Hoseok não tivesse tempo de notar meu estado, e que eu tenha saído do quarto na hora certa.

        Voltei até o quarto quando já tinha terminado de me lavar, bati na porta que estava fechada.

— Pode entrar – Assim que ouvi a voz de Hoseok entrei. O garoto terminava de abotoar a camisa do uniforme, e este, por sinal havia ficado justo em seu corpo. Chang era magro e não tinha músculos, então não estranhei.

— Ficou bom em você – Disse após o analisar brevemente e tentei disfarçar que eu estava um pouco nervosa em sua presença. Shin sorriu e deixou o quarto em seguida.

      Fechei a porta atrás de mim e tentei me sentir menos sem graça e nervosa, ele parecia estar normal. Como isso era possível? Porque só eu pareço nervosa e sem graça?

        Terminei de me arrumar e peguei minha bolsa, onde coloquei os materiais da escola. Sai do quarto terminando de arrumar as coisas ainda um pouco aérea. Enquanto andava esbarrei em alguém, batendo com a testa contra ele. Logo que levantei a cabeça encarei Hoseok.

— Você tá bem? – Questionou demonstrando um pouquinho de preocupação, sorri sem graça dando um passo pra trás. Acenei que sim com a cabeça. — Desculpa ter feito você dormir de mal jeito outra vez – Ele levou a mão livre até os fios platinados e azuis forçando um sorriso, nesse momento eu notei seu nervosismo e o quão sem graça ele também estava.

        Acabei por só sorrir para ele, esse sentimento era estranho, o que estarmos nervosos na presença um do outro significava? Não tinha acontecido nada demais, ele apenas dormiu com a cabeça sobre meu ombro então porquê de repente parecíamos nervosos e sem graça na frente do outro?

        Era a primeira vez que isso acontecia. Era a primeira vez que eu sentia esse tipo de coisa em sua presença, era tão estranho que eu mal consegui o encarar durante todo o café da manhã.

         No caminho pra escola eu já havia conseguido relaxar e agir normalmente em sua presença ou pelo menos foi o que tentei. Mas ainda não conseguia deixar de pensar em toda situação e em como me senti.

        Se isso significa algo então eu terei que descobrir!