Capítulo 10 - Theodoro

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Theodoro

Talvez fosse a chuva ou o clima cinzento e solitário, só sei que hoje acordei desanimado e podemos dizer que um pouco triste. A cozinha estava com o cheiro de ovos que estou fritando, olhei para o Ethan e percebi o seu olhar triste e até sua postura tinha mudado, já a Eveline, ela estava lendo um livro infantil e não parecia está sendo afetada pelo clima pesado da casa. A chuva estava cada vez mais forte e os ventos mais intensos.
Meu cérebro martelava para achar uma solução para alegrar Ethan, mas continuava sem ideias.
Eu me sentia cansado por ontem a noite não ter conseguido pregar o olho.
- Bom dia, crianças! - Lana entrou com um guarda-chuva pingando. Ela estava comendo um pão de queijo. - Hoje o dia está agradável para ficar em casa. Mas infelizmente temos que ir trabalhar.
- E ir na escola. - Eveline completou.
- E ir a escola.- Ela piscou para Eveline.- Como vão os meus sobrinhos favoritos? - Lana se sentou em uma cadeira do balcão.
Fiz um sinal para ela, mostrando que o Ethan não estava de bom humor. Ela se levantou e veio até mim.
- O que aconteceu? - Lana cochichou.
- Os colegas não apareceu ontem, foram para outro lugar. - Falei.
- Que filhos da puta. - Lana soltou e logo pôs a mão na boca. - Desculpa. - Ela sussurrou e deu um leve olhada para a mesa.
- Não sei o que fazer. - Coloquei os ovos em um prato.
- Posso leva-los para casa. Talvez. Seria algo divertido. - Lana pega um garfo e começa a comer os ovos.
- Ei! - Digo, segurando a mão dela. - É meu.
- Agora não é mais. Faça outro. - Ela sorriu.
Depois que fritei dois ovos para mim, sentamos na mesa e Ethan estava mexendo no celular, faltava poucos minutos para leva-los para a escola.
- Pessoal! - Lana pediu atenção. - Que tal vocês passarem uns dias com essa tia solitária de vocês?
- Meu pai vai sair com alguém? - Ethan fala, sem tirar os olhos do celular.
- Não. - Digo.
- Vocês sabem muito bem que o meu irmão aqui não sai com ninguém à muito tempo. - Lana pegou uma torrada.
- Lana, você precisa se informar mais. - Ethan a observou e soltou um sorriso zombeteiro. -Meu pai está saindo com uma pessoa.
Lana se espantou por um momento, mas depois voltou a atenção.
- Mas eu só quero leva-los para se divertir, como antigamente. Quando você e eu ficávamos a noite toda acordados jogando ou vendo filme. - Lana agora estava apenas falando com Ethan. - Na época que você me chamava de tia.
Para mim, não tem coisa pior do que ver meus filhos tristes ou revoltados com algo. Ethan sempre fora uma criança feliz e sempre amara os pequenos detalhes, apesar de ter sido um menino tímido que sempre se escondia atrás da mãe e também amava ouvi-la cantar, amava ir ao teatro com ela. Sei que aquele menino ainda está nele.
- Podemos ir ao teatro, o que acha? - Falei.
- Não. - Ethan se levantou. - Vou ficar aqui em casa.

Voltando do trabalho, fui para um supermercado afim de comprar ingredientes para fazer uma lasanha. Enquanto encaminhava-me até o açougue para comprar carne moída. Por acidente, esbarro em uma moça vestida de negro, quando me virei para me desculpar, tive uma surpresa ao me deparar com o sorriso de Madeleine.
- Ah... Oi. - Meu coração disparou. - O que faz aqui?
- O mesmo que você. - Ela continuava sorrindo. E aquilo estava me deixando nervoso, igual ontem a noite quando ela posou a cabeça em meu ombro. - Tudo bem? Parece, meio, nervoso.
- Só um pouco atrasado para chegar em casa. - Estávamos tão próximos que quase se tocávamos.
- Ah sim. - Seu sorriso apagou. - Não vou atrapalha-lo. Já estou indo.
- Não. - Segurei o braço dela. - Vamos comigo. Só preciso pegar umas coisas. Vamos sair juntos do supermercado.
Para mim, aquilo suo como algo que um adolescente falaria
Madeleine sorriu novamente e concordou com a cabeça.
- Mesmo toda de preto, você está muito bonita. - Falei, enquanto caminhávamos para fora do supermercado, depois de ter comprado tudo.
Ela deu um leve sorriso e depois se virou para o estacionamento.
- Boa noite. - Ela pega em minha mão. - É sempre bom vê-lo.
Me aproximo um pouco dela e pego uma mecha de cabelo que está caída e a coloco atrás de sua orelha. Ela fecha os olhos por um momento, depois ela os abre e ficamos por um tempo um olhando para os olhos do outro. Somos interrompidos por um carro pedindo passagem.
Nos afastamos e ela fez um gesto de sorrir, mas depois apenas levantou a mão e gesticulou um tchau.
- Tenha uma boa noite. - Falo.
- Você também...
Madeleine se vira e vai para o carro e eu sigo outra direção.
Enquanto dirigia, coloquei na rádio, e foi no momento que pensei na Madeleine, começou a tocar Don't Forget About Me da Cloves. E isso me fez lembrar quando levei-a para jantar no Chalé Suíço e dançamos essa mesma musica naquela noite.

Quando cheguei em casa, encontrei Lana e Eveline dormindo no sofá, as duas estavam abraçadas e a televisão estava ligada em um canal qualquer.
- Lana? - Balancei o ombro dela e ela acordou. - Você quer que eu arrume o meu quarto para você?
- Não. Eu durmo aqui. Prometi para a Eveline que ficaríamos na sala. - Lana olhou para o corredor dos quartos. - Ela teve um pesadelo.
- Tudo bem. Vou trazer cobertas para vocês.
- Você realmente está saindo com alguém? - Lana levantou uma sombrancelha.
- É só uma amiga, não a vejo como algo a mais.
A companhia da Madeleine me faz muito bem. E eu gosto da amizade dela.
- Ela já esteve aqui?
- Já sim. - Sentei no sofá.
- O que ela acha de crianças? - Lana tinha um brilho nos olhos.
- Não sei. Acho que ela não gosta muito. - Lembrei-me dela dizendo que não quer filhos. - Ela é mulher independente. E gosta muito de festas. Não é uma pessoa que quer casar ou namorar por tão cedo.
- Como você conheceu ela? - Lana me mirava com os olhos. - Você quase nunca sai de casa.
- Foi numa festa.
Eu queria parar a conversa por ali, mas eu queria contar sobre a Madeleine e perguntar tudo sobre ela, já que as duas são amigas.
Lana não perguntou mais nada, apenas balançou a cabeça e expirou.
Me levantei e fui até o quarto da Eveline, peguei dois cobertores. Depois me dirigir até o quarto do Ethan, por um milagre a porta estava apenas encostada, entrei e fui até a cama dele, fiquei alguns minutos observando sua respiração e depois depositei um leve beijo em sua testa.
Quando voltei para a sala, a Lana já tinha adormecido novamente, coloquei os dois cobertores em cima delas e desliguei a luz.
Fui para o quarto, e tomei um banho bem demorado, depois me deitei.
Foi difícil dormir. Tive que tentar mandar uma mensagem para Madeleine.

Para: Madeleine
💞

Eu não tive mais ideia para nada, fiquei olhando para a tela do celular e apaguei o emoji, depois coloquei o celular em cima do criado-mudo e fiquei deitado de barriga para cima, olhando para o teto.
Só mais tarde, consegui pegar no sono.

No Ritmo da Nossa Música{Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora