Capítulo 52 - Madeleine

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Madeleine

    Sonhei que estava andando por uma floresta. O ar estava cheio de fumaça. Em toda a volta, ouvia toques calmos de flautas. Meus pés estavam frios, percebi que andava descalça pela grama molhada. A música parou e apenas o silêncio ficou. Ouvi murmúrios por todos os lados, as vozes diziam meu nome e sussurravam coisas.

— Filha dela. — alguém falou por entre os arbustos.

Eu queria falar, mas não conseguia. Uma fina chuva começou. Procurei por abrigo. Sentia que precisava chegar em algum lugar, mas não sabia onde. Até que alguém se aproximou  e colocou um guarda-chuva para me cobrir.

— Já falei para você não andar na chuva. — a voz era familiar.

Virei-me para olhar para a pessoa.

— Mãe!? — meus lábios tremeram ao falar e meus olhos se inundaram de lágrimas.

  Estava escuro quando acordei. A princípio não vi nada, mas após algum tempo a vaga silhueta de Theo surgiu sentado ao meu lado, ele estava dormindo. Eu estava suando. Talvez seja febre. Será que vou morrer? Não posso está com febre. Lembrei-me de Louise e de Emilia. Será que dia é hoje? Me sinto tão cansada. Os eventos passados voltou a minha memória aos pedaços. A luta dentro da casa, o Rogério caído sobre mim, meus pulsos sangrando, a dor por causa do tiro...
   Afastei os panos, tentei sentar, mas minha respiração ficou irregular. Mesmo esse pequeno esforço me deixou tonta. O quarto rodopiou ao meu redor. Senti uma mão se agarrar na minha. Theo se aproximou e tentou fazer eu ficar quieta.

— Maddie, você não pôde ficar se mexendo assim. — Theo colocou as mãos em meus ombros e me olhou nos olhos. — Tem sede?

Consegui fazer um aceno desajeitado com a cabeça. Ele tirou minha máscara de oxigênio e colocou o copo em meus lábios. Foi um alívio sentir o líquido descer pela minha garganta.

— Estou tão cansada. — sussurrei quando Theo colocou o copo em cima da mesinha ao lado da cama.

— Você precisa dormir. — Ele beijou minha testa.

Novamente cair no sono. Pensei se iria sonhar com ela novamente, mas parecia que eu não tinha dormido ainda. Ouvi a voz de meu pai Raul, parecia tão cansado, ele se aproximou da minha cama e beijou minha bochecha, fez um leve carinho na minha testa e saiu.
Voltei a sonhar, mas agora estou na Baía dos Porcos em Fernando de Noronha. Me senti tão feliz. Theo estava sentado ao meu lado na areia. Olhei para o mar agitado e vi Ethan, Eveline, Louise e até mesmo a Emilia.

— Eu amo você, Madeleine. — sussurrou Theo em meus sonhos. — Amo seus lábios. Amo sua voz, sua risada. Amo seu rosto.

— Meu rosto? — Conseguir falar.

— Sim. Sim. Amo suas mãos, e a maneira como me toca. — Ele tocou-me o rosto.

Olhei novamente para as crianças brincando perto das águas. Ethan estava segurando Louise por um braço e a Emilia segurava pelo o outro braço, balançando a pequena que ria muito ao sentir os ventos nos cabelos. Será que um dia isso acontecerá?
De repente eu estava em um outro lugar, em um quintal de uma casa com flores de cerejeira espalhadas pelo chão. Andei até a mulher sentada em um balanço.

— Leine. — Era a minha mãe. Seu rosto se iluminou ao me ver. — Você cresceu.

  Não me chamam mais de Leine. Despertei antes que eu pudesse falar isso a ela. Primeira coisa que sentir ao acordar foi a mão de Theo segurando a minha e ouvir uma voz. Meus olhos se fixaram em Theo e depois procuraram pela dona da voz. Eu achei que estaria melhor quando ela chegasse.

No Ritmo da Nossa Música{Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora