Capítulo 51 - Theodoro

27 8 0
                                    

Theodoro

    Hoje para tentar fazer a Louise dormir trouxe ela para o quarto da Madeleine. Ele está arrumado agora. A Zalika levou as roupas sujas para o cesto na lavanderia lá embaixo, e ela até arrumou a cama.
Ben passou aqui mais cedo e deixou comida pronta. O Raul está na delegacia com a Zalika. Já são oito e meia da noite, e estamos sozinhos em casa. Uma vez ou outra ouço os cachorros de Madeleine latindo e o barulho dos gatos andando pela casa.
Louise está sentada com o meu celular nas mãos. Me sinto tão cansado que acho que vou dormir primeiro que ela.

— Mã. — Louise falou. — Mã. — Ela virou o celular pra mim.

Era uma foto da Madeleine no dia que fomos ao lavandário. Acho que esse foi o dia mais incrível que tivemos juntos.

— Sua mamãe. — Puxei ela para mais perto. — Quer ouvir uma musiquinha?

— Sim.

Eu sei muitas músicas que todo brasileirinho precisa saber, mas essa que vou cantar é a minha favorita e também a favorita do Ethan quando era pequeno.

              Alecrim, alecrim dourado
             Que nasceu no campo
            E não foi semeado
           Foi meu amor
          Quem me disse assim
          Que a flor do campo é o alecrim.

— Vem aqui. — Falei. — Deita a cabeça no braço do papai. — Louise se aproximou mais e se deitou. — Agora vamos dormir.

  Louise ficou brincando com a cordinha da minha camiseta, até que ela pegou no sono. Fiquei olhando para ela depois. O seu narizinho é igual ao da Maddie.
É assombroso o quanto a Madeleine tem uma genética muito forte. A Emilia é como se fosse a Madeleine adolescente e Louise também é sua cópia tirando a parte do cabelo e os olhos.
E como eu sinto falta da Madeleine, até mesmo de sua bagunça. Saudade do seu beijo, do seu abraço, do seu sorriso, da sua voz, do seu cheiro.
Se eu tivesse apenas a Madeleine já estaria a muito tempo preso por mais um assassinato. Eu teria corrido atrás do Rogério a qualquer custo.

  Peguei no sono que nem percebi, mas fui acordado por Zalika. Estava escuro quando ela balançou meu braço.

— Levanta. — Ela sussurrou.

— O que houve? — Sussurrei.

— A Madeleine está no hospital. Não surta, por favor. — Zalika estava chorando. — Falei ao Raul que ia te contar, disse que asseguraria que você não faria nenhuma besteira.

Coloquei a Louise mais para o lado, liguei a luz do abajur e me sentei na cama.

— Precisamos ir! — Falo. — Eu quero vê-la.

— Vamos lá para a cozinha. — Zalika falou. — Coloca a Louise no berço.

Zalika virou as costas e saiu. Me levantei e peguei Louise no colo, e levei ela para o quarto. Depois que coloquei ela no berço, me abaixei e dei um beijo em sua bochecha antes de sair.
    Desci e fui para a cozinha. Zalika estava em pé perto da porta de vidro com um copo na mão, e ela não se virou quando entrei.
A Madeleine está no hospital, foi o que Zalika disse. Eu preciso tanto ver ela. Eu quero chorar e abraçar-la.

— Em qual hospital ela está? — Perguntei. Zalika se virou e estava com a camiseta toda ensanguentada. — Isso é sangue dela? — Coloquei a mão na boca tentando conter o choro. — Zalika!? Responde!

— É o sangue dela! — Zalika gritou. — Você estava certo. Aquele homem estava com ela. O filho da puta!

— Eu quero ver ela. — Minha voz saiu falha.

No Ritmo da Nossa Música{Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora