Capítulo 15 - Theodoro

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Theodoro

Madeleine, era tudo que eu pensava agora. Depois que ela foi embora, fui até meu quarto e deitei na cama, e fiquei de barriga para cima, olhando para o teto. Há anos eu não tinha uma noite como na noite passada. Eu me lembro de cada detalhe, e principalmente do cheiro de lavanda. Peguei o travesseiro que Madeleine dormiu e o cheirei, e ele também estava com um leve aroma de lavanda.
Foi só uma noite, falei para eu mesmo.
Avistei Ethan na porta do meu quarto e ele estava me analisando.
— O que você está fazendo aqui? — Pergunto.
— Vovó está aqui. — Ethan está com um olhar curioso.  — Você está apaixonado?
— E você não acha que é muito novo para achar que sabe o que é paixão?
— Hum. — Ethan sai da porta.
Sai do quarto e encontrei minha mãe sentada no sofá.
— Meu querido. — Ela sorri ao me ver.
— Tudo bem? — Me sentei ao lado dela.
— Sim. — Ela olha para o corredor. — Ethan anda meio estranho. E não quis ir para a escola.
— É por isso que ele chegou tão cedo. Você não pode deixar ele fazer o que quiser.
— Eu sei. Mas ele até chorou. — Ela sussurrou. — Ele pediu para não contar, mas você é o pai dele, tem que saber disso. Talvez visitar a mãe seria algo bom. O que acha?
Visitar Justine não é algo bom para mim, mas eu não posso compartilhar isso com a minha mãe.
— O que Justine faria por ele? — Tinha um pouco de raiva na minha fala. — Levaria ele ao parque? Colocaria ele para dormir? — Me levantei do sofá. — Ela nunca fez nada disso, porque faria agora?
— Justine está grávida.
Grávida? foi como um soco no meu estômago. Fiquei sem palavras.
— Ela vai se casar. — Minha mãe falou. — Talvez isso esteja perturbando Ethan. Ele sempre achou que um dia vocês voltariam.
— Não! — Exclamei. — Nunca voltaria para Justine. Vocês tem que entende isso.
— Então, pelos menos leve os meninos para vê-la.
— E você acha que ela querer vê-los? Alguma vez ela já ligou para dizer alguma coisa. Só os pais dela que liga todos os dias.
— Tenta falar com ela. Por favor, meu filho.
— Será que você pode ficar com eles? Só por essa noite.
— Tudo bem. Vou dar um tempo para você pensar.

Fui para empresa assinar alguns papéis e fiquei até escurecer. Todos os funcionários já tinha ido embora, e eu aproveitei o silêncio para pensar. Nunca imaginei que Justine pensaria em casar novamente. Talvez agora ela esteja mais madura. Eu e ela casamos muito cedo, nem tínhamos namorado muito tempo, talvez, só casamos porque ela ficou grávida.
— Ah! Você tá aí. — Lana entrou na sala. — Estou aqui para dizer que você não pode pensar em voltar com Justine. Talvez você tenha ficado alterado quando soube da gravidez e o casamento. E eu não quero meu irmão indo até a França e se ajoelhando para aquela mulher medíocre. — Lana caminhou de um lado para o outro.
— Mas... 
— Mas o quê? — Ela balançou a cabeça. — Não mesmo. Eu não quero você se humilhando por ela. Já chega, você é muito bobo. Não quero que siga o conselhos da mamãe. — Lana apontou o dedo para mim. — Vamos procurar uma mulher decente para você. Tipo, a nossa gerente de produções é lindíssima. O que acha?
— Será que eu posso falar?
Ela fez um gesto com a mão para eu prosseguir.
— Não vou atrás da Justine. — Digo,e a Lana suspirou de alívio. — Talvez vou levar as crianças para vê-la. — Lana voltou a fazer cara feia. — Deixa eu terminar, depois você briga. — Lana sentou no sofá e voltei a falar. — Ela está grávida. Talvez, ela queira ver eles. É para o bem do Ethan. Ele não está bem.
— Ok, ok. — Lana se levantou novamente. — Você precisa arrumar alguém, é sério. Ela já arrumou outro.
— Antes que você fale de novo da Katheleen... Eu preciso saber se você já ficou com ela ou algo do tipo? — Levantei as sombrancelhas.
— Me sinto ofendida. — Lana coloca a mão no peito e fica boquiaberta, fingindo está chocada com a pergunta. — Não é porque sou bissexual que aí eu vou sair pela empresa levando todo mundo para casa.
— Eu não culpo sua sexualidade, maninha. — Ela sorrir para mim e eu retribuo. — Até porque sexualidade não tem nada a ver com apetite sexual.
— Não, eu nunca fiquei com ela. — Ela volta a se sentar.
— Tenho certeza que não foi por falta de tentativas.
— O que acha dela? Podemos tentar algo.
— Ah. Não. Não podemos tentar algo.
— Não?
— Ontem eu dormir com alguém. E eu queira ver se dar em algo.
— Foi na sua casa? — Lana se aproximou da mesa. — Você não levaria uma mulher desconhecida para sua casa. Seria alguém da empresa? — Lana colocou a mão no queixo e ficou pensativa. — Deixa eu pensar quais mulheres da empresa já foi na sua casa para churrasco. — Ela bateu as mãos na mesa e deu um leve sorriso para mim. — Seria a Mirela?
— Seria mais fácil você perguntar para mim. Não acha?
— Então você está disposto a me contar?
— Sempre contei tudo para você. É a minha amiga.
— E quem seria a bela dama.
— Madeleine. — Joguei na roda e voltei a assinar os papéis.
— Madeleine Lemoine?
Eu balancei a cabeça concordando.
— Ela não quer nada sério. — Lana voltou a se sentar no sofá. — Vamos seguir para outra pessoa. Você não vai querer se apaixonar pela Maddie. Ela só tava curtindo com você.
Eu não acho que ela estaria curtindo comigo, mas a noite com ela foi realmente boa, e eu gostaria de ter pelo menos mais uma vez com ela.
— Você falando sobre relacionamentos, mas e o seu? — Perguntei.
— Doutor Alessandro Perez. — Ela pegou o celular no bolso e mostrou uma foto de um homem moreno claro de cabelos escuros. — Ele é obstetra.
— Onde conheceu ele?
— Num bar.
— Então, você se tornou a garota do bar?
— Parece que sim. — Lana olhou a foto por um momento e depois colocou no bolso. — Ele é legal.
— Será que esse eu vou conhecer?
— Talvez sim. Acho que seria legal. Podemos fingir que eu sei cozinhar.
— Quer preparar um almoço para ele?
— Mas não sei como. Sou péssima com isso.
Lana estava gostando de alguém, mesmo que não tivesse  percebido ainda.
— Posso ajudá-la.
— Isso seria ótimo, Theo. — Ela sorriu.

Fui para casa já era uma hora da manhã. Fiquei pensando em mandar mensagem para Madeleine e dizer que eu não ia viajar mais e que queria vê-la, mas fiquei com um certo receio dela ter enxergado aquela noite como só mais uma transa.
Quando eu estava prestes a deitar, eu resolvi mandar pelos menos uma mensagem.

   Para: Madeleine
     Desculpa por não ter mandado mensagem. Espero que tenha uma ótima noite.

Só quando a mensagem foi visualizada e não respondida, eu percebi o quão idiota eu fui por ter acreditado que ela não só queria uma transa.

No Ritmo da Nossa Música{Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora