Capítulo 28 - Theodoro

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Theodoro

 

  Mesmo cansado e esgotado após um dia de trabalho estressante, eu não consigo relaxar e dormir, fico rolando na cama e permaneço em estado de alerta.
Eu tenho tanto medo por Ethan, e isso tira meu sono. E pensar em Madeleine me deixa ainda mais pensativo, ela anda tão para baixo nesses últimos dias, tendo crises com bebidas, sempre está cansada demais e acabou me afastando um pouco.
A porta do meu quarto se abre e depois a luz liga, e vejo Eveline vestida em seu pijama rosa com estrelinhas lilás e agarrada à uma coberta da Barbie. A minha pequena criança coçou os olhos com a mão direita e bocejou.

— Não consegue dormir? — Perguntei. Sentei-me na cama encostando as costas na cabeceira. — Venha dormir comigo.

Ela  se aproximou da cama e subiu, enrolei ela em meus braços.

— Papai, A Maddie vai morar com a gente? — Eveline perguntou com a voz sonolenta.

— Eu e ela somos só amigos. — Falei. Minha psicóloga deu dicas para que a Madeleine  fosse apresentada de forma gradual. Primeiro, como amiga, depois, com o vínculo estabelecido, como namorada.

Eveline parecia não ter se importado muito com a resposta, apenas abaixou os olhos para as mãos e analisou as pequenas unhas com um esmalte preto já descascado.

— Vamos pintar as unhas? — Ela olhou para mim.

— Já é tarde. — Falei. — Quer mesmo?

Ela concordou com a cabeça e desceu da cama, caminhou para fora do quarto. Sei que foi buscar a caixinha de esmaltes que fica guardada em seu quarto.
Para as meninas o pai é o referencial de todos os homens do mundo. Eu sei que a maneira como a trato é a maneira que ela esperará ser tratada por outros homens no futuro. Por esses e muitos outros motivos, eu tento ser realmente o herói da minha menininha, porque o que eu faço ou digo agora vai afetar o resto da vida dela.

Logo Eveline voltou toda saltitante com uma caixinha de sapato em baixo do braço direito. Ela subiu na cama e sentou de pernas cruzadas, colocando a caixa em sua frente. A caixinha toda enfeitada com figurinhas de personagens de desenhos e também foi pintada com rosa e lilás na tentativa de apagar a imagem de uma sandália infantil que pertencia aquela caixa, mas não tinha obtido sucesso. 

— Qual será a cor? — Perguntou Eveline.

Ela incorporou sua personagem manicure que sempre aparecia nas noites que perdíamos o sono .

— Sempre sua escolha, madame. — Estendi a mão direita para ela.

Seus cabelos loiros foram para a frente de seu rosto quando ela abaixou a cabeça para escolher um esmalte. Enquanto ela vasculhava aquela variedade de cores, observei cada detalhe de seu rosto e percebi o quão sortudo sou por tê-la como filha,
todos os dias me emociono por poder ser o pai de uma pessoa especial como ela. Quando ela nasceu tive que aprender a me virar e a entender-la. No começo, me atrapalhei um pouco como todo pai, mas aos poucos fui  conhecendo-a melhor e tudo ficou mais fácil.
E Ethan, sempre tão independente e sempre foi uma criança tão meiga e tímida.Sei que poucas vezes uma pessoa muda em sua vida, e eu me tornei outro homem quando ele veio fazer parte do meu mundo. Eu era tão novo, e tive que desistir de tantas coisas para se tornar uma pai presente na vida dele. Se eu já conhecia a alegria, quando olhei para os olhinhos brilhantes de Ethan ao nascer, pude sentir o que era a verdadeira felicidade. Posso dizer que eles são dois presentes especiais, e que a cada ano que passa se tornam ainda mais únicos e me enchem o coração de felicidade. 

— Vamos ligar para a mãe? — Eveline começou a pintar minha unha do dedão.

Agora na França é quatro horas da manhã, mas eu sei que Justine sempre acorda muito cedo. Concordei com a cabeça e fiz vídeo chamada para a França, chamou duas vezes até que a figura feminina apareceu na tela, ela estava com um olhar cansado e os olhos azuis estavam vermelhos.

No Ritmo da Nossa Música{Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora