Benjamim
Logo quando chegamos em Bobbili, na Índia , eu insistir para ir primeiro na casa de abrigo. Raul parecia cansado, mas ficou animado no momento que eu dei a ideia.
- Como será que é lá? - Raul perguntou, olhando pela janela do taxi. - Será que eles são tratados bem?
- Eles devem ser bem pequeninhos, nasceram em janeiro. - Falei, a Assistente Social deu alguns detalhes sobre eles.
Quando chegamos no abrigo, a coordenadora veio até nos no portão de entrada.
- Sejam bem-vindos. - Ela falava o português brasileiro, mas ainda tinha um sotaque. - Fiquei supressa por terem ligado, achei que só iam vir aqui amanha, sei que a viagem é longa. Vamos, entrem.
- Estávamos ansiosos. - Falei.
O pátio estava cheio de crianças pardas, seus olhos negros cheios de curiosidade fitaram sobre nós. Um grupinho batia palma e cantava, enquanto duas meninas pulavam corda. Já dentro da casa, tinha mais crianças e também adolescentes. Todos olharam para nos, eu dei um leve sorrisinho para uma menininha de cabelos curtos, ela continuou séria. Um menininho de macacão preto foi até a coordenadora e segurou na mão dela, ele falou alguma coisa em indiano e depois saiu.
- Eles ficam animados. - A coordenadora olhou para trás e falou. - Os bebês estão nesse quarto, venham.
O meu coração bateu forte. Nunca estive tão perto de ter um filho. Agora eu tenho quarenta e nove anos e o Raul tem quarenta e oito, mês que vem ele completará mais um ano. Será que vamos conseguir dar conforto, carinho e amor suficiente para esses dois serezinhos que pode algum dia ser a nossa responsabilidade? Isso me deixou nervoso. Raul pegou na minha mão, antes de entrarmos no quarto.
O quarto era pequeno, mas com muito berços, o corredores entre os berços eram minúsculos. Tinha cinco mulheres lá dentro, cada uma com um bebê, os bebês choravam. O ar tinha cheiro de talco, shampoo de bebê e fralda suja.
- Essas são voluntarias. - A coordenadora explicou. - Essa é Indira, ela é responsável pelos bebês.
A moça aparenta ter uns vinte anos, ela tem longos cabelos negros, uma pele parda, os olhos bem pretos e com muitos cílios, o sorriso bem grande, na testa dela tem uma pintinha desenhada com vermelho, é uma marca tilak .
- Ela fala a nossa língua ? - Raul perguntou.
A coordenadora nega com a cabeça. Elas conversa em indiano e depois a Indira nos guia até onde os bebês estão.
Os dois estavam dividindo o mesmo berço. Seus corpinhos pequenos bem juntinhos, o menino dormia, mas a menina estava com os olhos abertos. Os dois já tinham muito cabelo, um cabelo pretinho, a pele era clara, mas dar para perceber que eles são pardos.
- São lindos. - Me aproximei do berço e segurei a pequena mãozinha da menininha. - Olha, Raul. Ela tem olhos castanhos claros. - Raul se aproximou também. - Posso pegar ela no colo? - Perguntei para a coordenadora e ela assentiu. Com muito cuidado eu peguei a bebê no colo. - Oi. - Encostei o rostinho dela no meu. Meu coração batia forte.
- Eles são um pinguinho de gente. - Raul segurou a mãozinha do menininho.
- Sim. - Embalei a menina em meus braços. - Tão pequenos.
Ficamos ali, por quase uma hora. Foi difícil deixá-los, mas tínhamos que ir.
Quando chegamos no hotel em que estávamos hospedados, eu quis voltar para ficar com aqueles bebês.
- O processo vai demorar tanto. - Falei para o Raul. - Eu queria eles agora. Você viu? Como a menininha tem olhos tão inteligentes e curiosos. Eu já amo eles.
- Eu também, meu querido. - Raul sentou ao meu lado da cama. - Já pensou em nomes?
- É claro que sim. Mas é difícil escolher. Eu queria ver o rostinhos deles primeiro. Cada um pode escolher um nome, que tal?
- Será que eu posso escolher o da menina?
- Como quiser. - Falei.
- Percebi que ela é uma lutadora forte. - Raul colocou um sorriso no rosto. - É um nome francês, variante do nome Madeleine. Vou querer Madison.
- Você e seus nomes franceses. - Lembrei do rostinho do menininho e pensei o quanto eu sempre quis um menino, desde que eu tinha treze anos, eu sempre procurei nomes de meninos em bibliotecas. - Espero que o nosso pequeno tenha vontade mudar o mundo, porque o nome dele será Oliver.
- Agora que está tudo resolvido, vou tentar ligar para a Madeleine. - Ele se levantou. - Tem um telefone lá na recepção. Vou descer lá. Fique aqui e descanse.
Depois que Raul saiu, mandei uma mensagem para a assistente social que está cuidando do nosso caso.
Para : Elizabeth
Fui conhecer os pinguinhos de gente. Bom, eles são fofos.
Já quero passar para o próximo passo.
Depois de alguns minutos, elas respondeu:
O próximo passo é a sua casa. Precisamos conhecer o espaço de vocês, a rotina de vocês e as pessoas mais próximas de vocês. E é claro, o quartinho das crianças. Espero vocês aqui no Brasil daqui três dias.
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No Ritmo da Nossa Música{Concluído}
RomanceMadeleine é uma perito criminal, muito rica, e vive uma vida de farras. Theo, um empresário na indústria do ramo de bebidas que não acredita mais no amor, após ter sido abandonado com os filhos pela mulher. Ele é mais caseiro e gosta de estar com os...