Capítulo cinco

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Ao acordar na manhã seguinte e tomar o café da manhã assim como no dia anterior, fomos convidadas a passar um tempo no jardim. Pedi para que uma criada trouxesse uma toalha que eu pudesse estender ao chão para sentar na grama.
Ao chegar no espaço, estendi a toalha e me sentei, ajeitando o vestido.
Após alguns minutos, ouvi uma voz me chamando.

— Brownie, posso me sentar com você?

Olhei para o lado, era Sam.

— Claro que pode. Mas... Brownie? - Ri de uma forma não recomendada para a realeza, mas logo me lembrei de alguns ensinamentos e cobri a boca.

— Desculpa, não sei falar seu nome direito... - Ele parecia constrangido.

— Não se preocupe, eu adorei. Ninguém nunca tinha me chamado assim antes. - Sorri feliz com o novo apelido.

O pequeno príncipe riu de forma sutil e se sentou ao meu lado.

— O que você acha do meu irmão? - Ele perguntou tímido.

— Não sei dizer, ele parece ser legal mas ainda não conversei com ele diretamente. - Coloquei uma mecha do meu novo longo cabelo atrás da orelha.

— E por que seu rosto não está pintado como o das outras? - Ele olhava as outras selecionadas.

— Hmmm... Não sei, eu não quis usar maquiagem, não gosto muito.

— Entendi... - Ele abriu a boca na intenção de dizer algo, mas desistiu no meio do caminho.

— Pode falar, Sam. - Eu quis incentiva-lo.

— Como é lá fora?

Fomos interrompidos, mais uma vez, pelo príncipe herdeiro.

— Sam, já disse pra você não incomodar as moças! Vamos lá pra dentro... - Ele estendeu a mão para ajudar o irmão a se levantar. - E me desculpe... Não me lembro do seu nome. Mas perdoe meu irmão.

— Não se preocupe majestade, ele não me incomoda. Inclusive está fazendo uma adorável companhia. - Sorri sem mostrar os dentes confortando o pequeno príncipe.

— Se ele incomodar, por favor, me avise. - Príncipe Cole saiu fazendo uma reverência.

— Obrigado por ter me defendido e me deixado ficar. Eu não queria ficar sozinho no quarto. - Sam disse.

— Não se preocupe, está tudo bem. - Eu queria afagar seu cabelo e aperta-lo contra o peito, mas o respeito pela realeza falou mais alto.

— Você pode responder a pergunta? Sobre como é lá fora?

— Claro, Sam... - Minha mente me levou a escola militar, cheia de grades. Depois, ao próprio campo de batalha. Uma cena que diariamente tento esquecer. — Bom, minha vida não é muito diferente daqui. É menos luxuosa, claro, mas  meu pai é muito bravo e não me deixava sair, então eu sei tanto quanto você.

— Eu queria sair e poder ver algum dia...

E assim nossa conversa fluiu até o horário do almoço.

∆∆∆∆

Quando já era cerca de meia noite, me retirei do meu quarto. Eu precisava falar com alguns guardas e repassar algumas estratégias de evacuação.
Desci as escadas e comecei a conversar com alguns que estavam fazendo patrulha por ali.
Após compartilharmos informações, fui até uma área aberta me sentar e esvaziar a mente. Vi alguns arbustos se movimentarem, então desprendi a arma da perna e fui até lá.
Silenciosamente, mirei. Vi alguém de costas com uma jaqueta de couro e o cabelo despenteado. Continuei na defensiva, mas ao ver que a pessoa conversava com os guardas, guardei a arma e segui meu caminho.

A GuerreiraOnde histórias criam vida. Descubra agora