É natal em Ilhéa. Já que fomos recolonizados pela China, nosso calendário não segue o do restante do mundo. Por isso, diferente de outros lugares, quando comemoramos o Natal não está nevando.
Muito pelo contrário.- Separei a roupa de Natal do jeito que você pediu. - Kate diz e me entrega um cabide.
- Obrigada. - pego o cabide e a abraço. Afinal, é natal.
Me visto com a ajuda dela.
O vestido que eu escolhi é dourado e justo. A alça finíssima e brilhante desliza pelo meu ombro deixando meus ombros a mostra de forma sedutora. Abaixo do joelho ele se abre, mas não o suficiente para ser considerado um calda de sereia. Abre delicadamente deixando o vestido dourado de seda ainda mais sexy. O decote é leve, deixando margem para interpretações.- Agora os acessórios. - Kate diz.
Nós pés, uso uma sandália aberta e simples, deixando o peito do pé coberto somente por uma fina listra brilhante. O salto, fino e alto.
Para acompanhar uso também uma tornozeleira de ouro e uma fina pulseira.- Pareço uma taça de champanhe? - pergunto a ela.
- Definitivamente a taça de champanhe mais chique da festa.
Kate prende meu cabelo num coque bagunçado, deixando alguns fios soltos para que não tire o brilho do vestido.
- Eu tô arrasando, né?
- Não gosto de admitir, mas está sim.
- Então vou lá. - digo animada e saio do quarto.
- Não esquece isso. - ela me entrega uma caixinha.
O salão de festas estava simplesmente incrível. Os detalhes eram muito minimalistas e cada coisa estava em seu lugar. A gigante árvore de natal do palácio estava posicionada bem ao centro. Cada selecionada deve confeccionar um enfeite e colocar à árvore. Como não sou uma selecionada e muito menos estou competindo, peço para que Kate arranje um para mim, assim, posso simplesmente colocar na árvore e dizer algumas palavras clichês e genéricas.
A caixinha que ela me entregou continha o enfeite. Abro para poder ter uma noção na hora de bolar um mini discurso.
Era uma bola de isopor com uma fitinha para pendurar.
Kate deve estar rindo da minha cara agora. Quem mandou a preguiçosa aqui pedir para os outros fazerem meu trabalho?- Vamos começar! Quem vai ser a primeira a colocar seu pingente na árvore? - Cole anuncia e o desespero começa a bater.
Ele se aproxima de mim.
- Seu vestido está incrível. Você está linda. - ele afasta uma das mechas do meu cabelo acariciando meu ombro com o dedo de leve.
- Obrigada Don Juan. - respondo de forma sedutora. - Você também está lindo. - acaricio seu peito por cima do terno azul marinho. - Gostei da gravata. - ajeito a mesma.
- Você tá agindo estranho. - ele diz.
- As vezes acontece. - rio.
- Então tá... - ele se afasta lentamente.
A primeira selecionada começa a fazer sua apresentação.
É Brianna, seu enfeite é um pequeno quebra nozes de madeira totalmente trabalhado.- Meu pingente simboliza a riqueza e fartura da família real... - ela discursa em frente a câmera que será exibida para todo o país.
Todas as outras apresentam pingentes mais do que elaborados e discursos decorados. Estou ferrada.
- Bom, o meu pingente... - tiro a bolinha da caixa. - Simboliza a simplicidade. Muitos membros de Ilhéa não possuem condições de ter uma festa assim como a nossa, porém possuem sim um papel importante em nossa sociedade e devem ser mais valorizados. Por isso, estou representando a comunidade desfavorecida, trazendo, por meio desse pequeno pingente, um pouquinho da comunidade, para dentro desse castelo. Infelizmente, não posso passar de casa em casa para dar um abraço em cada um de vocês que estão acompanhando esse programa, mas, sintam-se abraçados. Desejo a todos um feliz Natal. - penduro meu enfeite na árvore, todos parecem chocados.
O programa é finalizado. Todos parecem chocados. Transformei um erro em algo incrível?
Cole se aproxima novamente.- Você tinha escrito isso?
- Não.
- Inventou agora?
- Talvez.
- Foi convincente.
- Lembrei daquele nosso passeio pela periferia quando estava dizendo.
- Podemos passar lá de novo se quiser.
- Claro.
Dançamos, comemos. O fim da noite foi incrível, com certeza o melhor natal de todos.

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A Guerreira
FanfictionMesmo sendo uma garota, meu pai nunca me enxergou dessa forma. Assim, me vestiu de homem e me mandou para a guerra. Meu nome é Bronwyn, tenho 18 anos e fui obrigada a agir como uma selecionada.