Capítulo 19

744 54 6
                                    


— Senhorita Facchini... Gostaria que fosse até a delegacia, depor sobre o falecimento de Carina Salazar.

— Posso ir amanhã? Preciso de espaço para o meu luto. Tome meu número. - Entreguei o meu cartão empresarial.

— Certo. Lamento a sua perda. - Apertou forte minha mão, como se soubesse de algo mais.

E sua expressão não era compatível com que dizia, isso só me deixou mais paranóica e perturbada. Mandei depois uma mensagem no grupo de aliados meus, quando a polícia e a ambulância tinham migrado já dali.

"Eu quero todos os meus aliados aqui na minha mansão na Tijuca, hoje ainda! Para uma reunião de emergência!"

Estava pela primeira vez com medo de algo, e eu com medo, fico três vezes mais perigosa. Caminhava incansavelmente de um lado para o outro e acabei refletindo sobre o clima que esquentou entre mim e Manu... O beijo que ela me deu, foi mais para um selinho, não foi tão marcante assim e talvez, essa mulher esteja sendo um atraso para meus reais objetivos, desde que apareceu, eu não ando raciocinando direito e merdas andam acontecendo como consequência dessa minha falta de foco. Lembrei do que a mulherzinha do meu traidor disse, aquilo na verdade que falou, ainda assola minha mente: "Você é um monstro". Subiu uma raiva, uma inquietação nas mãos, queria fazer com que essa energia que pôs nas palavras, voltassem pra dentro de onde saiu, na base da porrada! Mas, pensei bem, eu estaria quebrando a minha própria lei, e isso pra mim seria o fim da picada. E novamente me peguei pensando na rebeldia de mulher, que teve a audácia de me arranhar.

— Puta que pariu Manuela... Que seios eram aqueles?! - Comentei em voz alta, acessando as memórias do momento exato em que seus seios pularam pra fora, por conta da força que fiz nas suas costas, senti a excitação dela começar na pele e após meus apertos, seus bicos dos seios endurecer, foi o momento em que tudo parou, até o tempo, frisando aquele momento belíssimo.

"Ver aqueles seios soltos, pôr baixo da blusa, foi como ver uma flor desabrochando para a luz do sol penetrá-la, minha língua inveja hoje o sol naquele corpo dela."- E percebi que já estava escrevendo isso, meus pensamentos eróticos e quentes por Manuela, em um caderno simples de anotações.

"Não acreditava na arte misteriosa que habita num corpo feminino, acreditava apenas ser um instrumento onde se podia tocar e tocar até fazer sair sons agradáveis de serem ouvidos. Até que, conheci... Você, a representação viva, do que a arte simboliza ao mundo."

E eu há tempos não escrevia, e amava pintar, desenhar. Tenho uma memória fotográfica muito boa. Quero desenhar os seios da Manu e mantê-los só para mim, porque uma obra daquelas, merece ser congelada no tempo. Enquanto meus aliados, não chegavam, comecei a desenhar na varanda do meu jardim.

-------------------x --------------------------
(Manu Narrando):

— Caralho! Como sou idiota! Fui um desastre com ela. Duvido agora querer que eu me aproxime dela. - Estava de volta na universidade. E conversando com a minha amiga Karla.

— Você é explosiva às vezes, amiga, tem que ser mais calma. E se a Lia é explosiva também,  fica difícil né. Mas rolou sexo selvagem? - Ela riu.

— Tá louca? Sexo selvagem? Nunca nem vi! Foi-se o tempo em que eu era dessas vibes, mas, acredito que, com essa mulher seria impossível não sair algo selvagem. Ela arrebentou cara, o feixe do meu sutiã nas costas, quase fiquei nua na rua!

— E isso, não te deixou molhada?

— Lógico que deixou, pensei que ia ser devorada por aqueles olhos dela. Olha, quase que quis arrancar minhas roupas ali, pra ela me provar toda. Esse fogo que Lia desperta no meu corpo não é normal, parece que o inferno está todo em mim!

— Hmmmmm! Que fogo, nunca vi você, assim, tão vibrante e quente no tom de voz, isso é sinal de que essa mulher é o teu milagre. Logo você que queria estudá-la, acho que é a Lia, quem está te estudando, e descobrindo quem você é aos olhos dela.

— Me deu até um calor aqui... No RJ já é um calor maldito né, mas esse vapor quente que sinto, é mais entre as pernas, ai miga. Preciso transar com alguém! Já sei! Vou a boate GLS da Lia, e dar pra primeira que mulher que chegar em mim.

— Não tô falando que você é bem piranha?! Maldita feminista, piranha dos infernos! - Risos entre nós.

— Ou, falar assim, como a sociedade machista nos enxerga, "feminazista." Morro de rir! - Ri de maneira espalhafatosa.

— Quem tem medo do que é novo, só prova o quanto esse movimento está se fortalecendo e incomodando as pragas que habitam nessa sociedade doente e pequena de essência humana, e grande de ego e desunião!

— Nossa, é sobre isso amiga, é um importante ato político, o feminismo, e tem tudo a ver mesmo... Mulher e política. Sabe por quê? Lugar de mulher é onde ela quiser! E principalmente na Política para dar voz as que não tem!

As Faces do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora