Capítulo 26

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— Porra Lia... E se eu sofresse um aborto pelo susto que tomei? - Joice falou num tom alterado.

— Perdão... Achei que você mais do que nunca queria saber.

— Saber! Não, ver! 

Bebia o copo de água, com a mão trêmula... Eu a abracei e beijei sua testa.

Ficamos depois na piscina, tomando sol... Nós duas sem roupa alguma, eu sou uma nudista assumida, e amo que minhas companheiras sejam e fiquem assim também, é até uma forma de incentivar a mulher a não ter vergonha de estar nua na presença da outra. Nós em grande maioria temos vergonha do nosso corpo, seja, por ter estrias, celulite, uns gordinhos ali e lá, e isso é natural da mulher, tem como evitar? Tem! Tem como tratar? Tem também, mas isso é de cada uma, e não uma regra estética. Mulheres, vocês são lindas do jeito que são, se orgulhem disso, e amem sua nudez, assim como amam sua maquiagem.

— É libertador estar na sua companhia, sabia? - Veio Joice se aproximando de mim, enquanto eu estava na beira apenas da piscina, sem ter entrado.

—  Por que diz isso, ruivinha?

— Por que amo coisas que fluem na maior naturalidade e você traz isso a mim...

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(Manu Narrando):

— Manu, filha... Seu pai quer conversar com você. - Estava no meu quarto estudando, após chegar em casa com uma dor de cabeça enjoada. Até que o chá que a Lia fez, ajudou.

E eu adorei receber a mensagem dela. Ela nem sabe o sorriso que provocou em mim.

— Ah, ele conseguiu um horário na agenda dele, pra falar com a filha. Ok, mande, ele entrar.

Eu me ajeitei na cadeira, e fui olhar se estava com bafo de bebida... E arrumei meu cabelo. Meu pai bateu na porta.

—  Estou entrando Manu...

—  Pode entrar pai.

— Oi filhota... Como está linda! - Veio me abraçando e beijando na testa.

— Obrigada pai, a que devo a honra da sua visita aqui? - Forcei simpatia.

—  Eu queria te perguntar... Como resgatou o seu celular? - Disse apontando pra ele.

— Então, no dia seguinte... Veio uma jovem dizendo, que conseguiu recuperá-lo pra mim.

— Nossa, sabe por qual motivo estou te perguntando isso?

— Hum? - Cruzei os braços entediada com esse assunto.

— A Marinha achou um corpo entrando em decomposição em alto mar, e parece que era do foragido por ter roubado seu celular. Qual nome dessa jovem, que recuperou seu celular?

—  Pai, eu estou estudando... Por que é tão importante isso? Foi uma mulher qualquer, que teve a bondade de me ajudar! Você é da polícia e não estou sabendo?

— Fale baixo comigo! Cada dia mais rebeldezinha, está agindo como uma piranhazinha feminista!

— O que disse?? Não acredito que ouvi isso do senhor, meu pai, aliás, isso não me surpreende! - Levantei da cadeira e olhei nos olhos dele.

— Meu candidato a presidência vai acabar com esse poder todo feminino... E nós homens iremos poder voltar a ter autoridade e sermos respeitados! Minha própria filha sendo mal educada comigo, eu sustento você e a vadia da tua mãe, trabalho na câmara dos Deputados igual um condenado, sou um homem de família!

— E desvia também dinheiro público, eu sinto vergonha de ser sua filha! Ainda tem coragem de falar desse cara, que já teve monte de mulher, e não parou com nenhuma! Você de família??? Você trai a minha mãe! Seu canalha, sai fora do meu quarto!

Eu era maior do que meu pai, e eu não tinha medo dele... Ele ameaçou me bater, e eu não tive medo.

— Vai bater?! Você e seu candidato a presidência não sabem conversar sem agredir uma pessoa com as palavras.

— Você estará na rua! Não será mais minha filha! Se você não for votar nele dia 7! Será deserdada!

Saiu batendo a porta enfurecido... E não sei porque eu sinto que ele não mentiu no que disse!

— TÔ NEM AÍ PRO SEU DINHEIRO SUJO! QUERO MAIS É QUE SE FODA E MORRA TUDO COM VOCÊ, SEU VERME!

Acabei me descontrolando e gritando, meu pai voltou com uma faca de caça dele.

— Está vendo isso aqui? Sorte sua não ser uma arma de fogo, se fosse, você e sua mãe já teriam morrido!

— Você enlouqueceu!! Está cada vez mais louco!

— Agora vai me dizer, quem foi a jovem? Que recuperou o seu celular?

Não entendia porque meu pai queria saber tanto o nome da mulher... E acabei falando, na pressão.

— Lia! É Lia o nome dela! - Meu pai deixou a faca cair e isso foi tempo suficiente pra eu pegar a faca do chão.

Meu pai parecia ter levado um choque elétrico bem na cabeça, com altas voltagens, não soube dizer nada, apenas saiu do meu quarto, igual um zumbi. Eu estava ansiosa, respirando com dificuldade e me segurando para não chorar.

As Faces do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora