Capítulo 41

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— Manu, nunca contei para ninguém o que irei te falar... - Estávamos pegando os capacetes, resolvi pegar a moto.

— Estou a ouvidos...

— Sabe como me libertei dessa ideia de ter só uma pessoa? Através de sessões de terapia tântrica...

— Uau! Sério? Dizem que realmente é uma experiência muito intensa e marcante.

— E é... Me fez ser mais livre com minha energia sexual, a energia do ser humano, principalmente a nossa, sendo mulher, é muito desperdiçada, só para puro prazer sexual próprio. E faz sermos mais livres com o amor, sem a monogamia, que é uma construção social, que virou até crime  poucos anos atrás, praticar a bigamia, e adivinha quem criou isso? Se pensou a igreja católica apostólica romana, acertou!

— Como assim? - Ficou atenciosa.

— Exemplo, eu querer transar e desejar todas só pra provar a mim e as pessoas, que tenho uma autoestima foda, ou seja, é desperdiçar minha energia com algo que não me acrescenta em nada, só me esvazia, e o tantra, ajuda a redirecionar essa energia sem precisar necessariamente, distribuí-la para outrem. E aprendi o valor que tem se envolver com alguém, não só na sua forma sexual, mas, emocional também, isso são trocas, são conhecimentos que estamos acrescentando em nossos códigos genéticos.

— Lia, você é muito inteligente! Por que nunca trabalhou com isso?

— Não me vejo nisso... E obrigada. Vamos?

Consentiu com a cabeça, fomos subindo na moto, e, meus pensamentos estavam a mil, pois, eu sabia o que ia fazer lá, além de mostrar onde nasci, para Manu. Iria avisar os traficantes que estou deixando o cargo de chefe da minha organização criminosa, e queria negociar com eles, o extermínio de todos meu aliados, em troca, daria os lucros da minha empresa farmacêutica, que era milionário, e em dólar. Não posso deixar nenhum vivo, e, preciso matar, em especial o canalha que atirou na minha mãe, vou pedir permissão ao dono do morro, e, se negar, mato, um por um. Eles sabem do meu nível de periculosidade e crueldade. Sabem, que tenho aliados fora do Brasil, em alguns países da Europa, América Central e do Norte.

— Bem-vinda ao mundo real. - Comentei, chegando já na minha favela. Tive que tirar o capacete e ser revistada. Manu também.

— Lia... Facchini! Agora sim, a favela ficará mais coberta de alegria com sua chegada. - Falou alisando sua arma.

Manu, se demonstrou com medo, e eu, de forma fria e sem demonstrar medo, falei.

— Vamos ver quem é mais rápido? Sua bala, ou, meu golpe.... Aquele famoso golpe, que viu circulando, o do pescoço torcido, gostaria de testar? - Vi ele abaixar a guarda comigo, e, assim sorri vitoriosa. E detalhe, tinha falado isso em sussurros.

Entramos na favela, sem capacetes, Manu, ficou pasma, de como fiquei inexpressiva. Deixei a moto, um pouco abaixo da minha casinha. Abracei a cintura dela, e, havia olhares nos vigiando, podia sentir.

— Não é de luxo meu berço, mas, tem... Uma coisa na laje que gostaria que visse.

— Lia, não me importo com suas origens, mas, lá embaixo, na entrada do complexo do alemão, fiquei com medo de perder você. - Suspirou forte. E eu encaixei minha mão no seu delicado rosto.

Peguei-a no colo, e, subimos a laje, Manu sorria de forma alegre, quando chegamos tinha um sofá velho. Sentamos e, olhamos nosso RJ.

— Aqui é lindo! Olha o sol partindo, que magnífico! - Sorria gostosamente.

— Ficou tudo mais lindo, com sua chegada...

— Ainn Lia, que delícia. - Manu veio me beijando, e, movendo minhas mãos nos contornos dos seus seios.

O olhar que trocamos... Foi tão cheio de energia, nossas bocas entreabertas, esperando por mais beijos, segurei firme no rosto dela, e, minha língua a envolveu no ritmo quente que meu corpo estava, que fogo sentia por estar na presença daquela mulher, seus olhos incendiava qualquer lugar, seu beijo uma libertação... Eu poderia me queimar naquele que fogo que sai dela, ficamos nos olhando de forma misteriosa, sem dizer qualquer palavra.

Até que, Manu estando deitada de lado no meu colo, sentou de frente, abraçando meu pescoço, colando seu corpo, no meu.

— Às vezes é mais gostoso fazer amor pela troca de olhares. E, a certeza de que fizemos, é que minha calcinha se encontra molhada.

Não consegui falar nada, só a beijei lentamente, colocando minha mão dentro da calça dela. Molhando meus dedos no seu meio... Depois passei na minha boca. Manu ficou louca com essa minha atitude, chupou meus dedos de uma forma deliciosa, gemia baixinho, e, procurava ao mesmo tempo por minha boca. Nossas bocas dançavam... Uma na outra, num compasso ardente. Manu tirou a parte de cima e olhou pro sol encostando em nós, sorriu.

— Você me deixa com vontade de ficar nua, o que faz com meu corpo, Lia?

—  O que você faz com minha mente? Manuela... - Apertei seu corpo, fazendo sucção na boca, demonstrando excitação.

— Vai ser aqui nossa despedida, não é? - Olhou entristecida. E eu peguei no seu queixo.

— Não será despedida, meu amor. Voltarei num piscar de olhos...

Voltou a me beijar, e, fomos descendo, para minha cama. Tirei suas roupas e as minhas, não fizemos amor, apenas fiquei abrigando meu corpo no dela, ela chorava baixinho no meu peito.

—  Não chore por favor... Minha princesa linda. - Alisei seu cabelo inúmeras vezes.

— Estou chorando de felicidade... Por ter conhecido você, eu te esperarei Lia. - Manu levantou do meu peito e beijou meus dedos.

Ficamos assim, abraçadas, até começar do anoitecer, e, acabo escutando barulhos estranhos, de passos, estavam um pouco longe, mas, como quem é acostumada em viver na frequência do medo...

— Manu! Se eu te pedir pra pegar a moto, e, ir até a Joice chamar meus aliados pra virem aqui, você faria? - Falei já me levantando, vestindo minhas roupas e entregando as dela.

—  Iria sim... É pra agora essa sua decisão?!!

—  Sim! Vai!

Manu me beijou preocupada, e, peguei uma arma que tinha minha na casa. Fomos saindo atentas, e, vi dois rapazes vindo, dei as chaves da moto a ela, e mandei correr. Eu fiquei parada, esperando por eles, para dar tempo da Manu fugir. Levei uns socos deles, enquanto olhava pra ela indo embora em segurança...

As Faces do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora