Capítulo 33

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Saí do banho, e, parecia que senti o chamado do lobo... Coloquei minhas roupas, fui atrás dele, Manu não estava ali no local.

— Lobo... - Cheguei arfante ao local, e lá estava ele, parecendo estar me esperando. Sentado no portão do cercado.

Uivou quando me viu, e ficou esperançoso. Abri o portão, e o mandei me seguir usando voz firme com ele.

— Você precisa de um nome... Irei te chamar de, liberdade. - Alisei sua pelagem macia.

Veio me seguindo, e, se assustou quando chegamos na área mais urbana da propriedade. E eu agachei e se comuniquei.

— Ninguém te fará nenhum mal, liberdade. - Falei estando com as duas mãos nele.

Quando fomos chegando ali, liberdade viu galinhas e começou a uivar, querendo ir atrás, estranhei não ir, como se não soubesse bem como fazer isso. Achei uma ótima oportunidade, de não dar esse costume a ele, e acabar domesticando. Chegando perto da casa, vi que estava com medo de ficar sozinho e me seguia a todo custo.

Ao entrar me deparo com Manu, já me pegando de surpresa.

— Eu vi o que fez... Não podia ter soltado o lobo, mas, gostei de ver você acalmando.

— Podemos conversar, agora?

— Não. Mas, quero que vá embora comigo, estou sem condições de dirigir... É muita coisa para absorver na mente.

— Liberdade vai junto conosco.

— Tá louca? Levar um selvagem pra capital? E esse é o nome que deu?

— Todos nós precisamos de liberdade, até pessoas como eu, preciso da liberdade para eu poder ser quem você diz que eu sou.

Manu não suportou ouvir isso e se retirou... O lobo ficou comigo na cozinha e dei carne que estava crua na geladeira. Só esquentei pra derreter o gelo. Comeu rapidamente, e , me vi feliz, mesmo com a Manu decepcionada comigo.

— Vamos embora Manuela.

Levei mais carne na bolsa térmica, para o lobo, e só peguei minhas coisas na sala e lembrei do momento em que eu tentei desenhá-la. Dei um sorriso bobo. Manu pega esse momento e comenta ainda por cima.

— Geralmente eu quem seduzo, mas, você conseguiu me seduzir e a me prestar ao papel de ficar nua pra você e acabarmos transando no final, meu corpo, sua recompensa!

— Não! Jamais repita isso, você viu o que fiz por ti, entreguei a arma para que pudesse tirar a minha vida!

— Chega! Não quero ouvir mais você falar sobre isso! Que eu já me arrepiei toda! - Manu ficou apavorada com a arma que dei nas mãos dela, por isso agiu daquele jeito antes.

Manu fechou a casa, o lobo entrou com certa dificuldade no carro, mas, com paciência, consegui. Seguimos viagem em silêncio, liberdade estava meio ansioso e com medo. Manu abraçou, afinal, estava atrás com ele.

Fomos chegar na capital já de noite, e, deixei Manu na casa dela... Não nos despedimos, nem nada, já que ela quer assim, assim será. Sem papo. Lembrei que eu tinha duas cabeças para tirar foto, e alimentar meus cães de caça, eram cinco. É isso! Tive a brilhante ideia de pôr liberdade entre eles, vão se estranhar de início, mas, não custa tentar.

Eles estão soltos, meus meninos (cães). Esse horário que cheguei era de noite, e ficam soltos. Vieram tudo em mim, felizes e foram cheirando, estranhando, o amigo e parente deles... O lobo. E fiquei observando, a comunicação deles, lobo aparentou estar confortável com os cães em cima dele, o cheirando, queria tanto que Manu, visse isso, iria estar se emocionando que nem eu.

Quando estava me afastando, o lobo me seguiu, e os cães demais, o seguiram. Dei um sorriso para liberdade... Por me ensinar uma coisa valiosa... Não esquecer de quem o ajudou, mesmo estando livre aqui no meu imenso quintal, escolheu ainda me seguir.

Fiz um sinal para ir correr, e, parecia mesmo que tinha entendido meu sinal com a mão. Que simbolizou uma ordem. Entrei em casa, rindo com toda essa situação e pelo fato do lobo estar aqui.. Comi algo na cozinha, e fui deitar, meia-hora depois, estava exausta de tudo.

Deu sábado de dia, e senti o sol tocar meu rosto levemente, sorri pensando estrada vendo a Manu ali entre os feixes de luz do sol, me olhando acordar. Mas, aí, esfrego bem os olhos e saio desse desejo por tê-la aqui. Ouço o interfone tocar e o lobo, escutei latir junto com os demais cães, abri o portão eletrônico dali da minha varanda, e, era a Manu... Entrando.

— O QUE FAZ, AQUI? - Gritei da varanda. Os cães estavam na Manu, inclusive o lobo.

— VIM VER O LOBO! Não sabia que tinha cães de caça...

Sai da varanda e fui fazer higiene matinal, arrumei meu cabelo, desci em seguida para oferecer um café comigo, a Manu.

— Olha não vai achando que vim por sua causa! - Falou num tom ríspido comigo.

Nem tinha chegado no jardim ainda, e Manu estava na defensiva. O interfone novamente toca e pensei que era a minha funcionária Abri o portão e respondi a Manu.

— Estava com saudades de mim.... Porque eu estava de você. - Consegui me aproximar das mãos dela, pelo menos, e beijei.

Manu permitiu essa proximidade, e, somos surpreendidas, pelo pai dela!

— Manuela Montegrini... O que faz aqui? - Ele segurava uma arma. E seu olhar era de ira.

— Pai?? - Ela abraçou minha mão forte.

— Sai agora de perto dessa praga dessa marginal!

— Agora, sou a marginal? Desse jeito o senhor me ofende Deputado... Conte a sua filha! Vamos...

— Contar, o quê????? - Manu olhou pra mim e a ele.

— Sua negra maldita, você é maldita! Se tocar de novo na minha filha...

Manu, de forma inesperada me beija na frente do pai dela, e cheio de fúria na mente, ao perceber essa traição de ambas partes, fez com que ia atirar, mas, os cães e o lobo, nos defenderam.... Mas, um tiro perdido me acerta de raspão no braço ( já não bastava a ferida do lobo no abdômen) e um tiro acerta no lobo, em cheio, ia pegar em mim e na Manu. Os cães foram tudo em cima dele, dei ordem de saírem, o Jonas estava caído e sem munições já.

— Você está sozinho... Jonas! E que vergonha, tentar matar a própria filha, depois, eu que sou a louca. - Olhei pra Manu, ela estava acolhendo o lobo ferido. Peguei um rastelo de jardinagem e mostrei a Jonas. — Hoje, amanheci com vontade de limpar a grama.

Comecei a dar monte de pancada nele, com o rastelo de jardim, e a parte perfurante dele, no abdômen acertei... De repente sou surpreendida pela Manu, que chega com uma faca e começa a golpear a face do pai, que estava desacordado com as pancadas forte que havia dado. E ela gritava enquanto golpeava-o.

— Aaaaahhhh! Morre seu desgraçado!!! - Seus gritos eram de raiva e dor.

O sangue já estava nela quase toda, e detalhe, não conseguia parar de acertá-lo na face. Eu deixei, descontar sua raiva... E fui ver o lobo, estava ferido justamente onde me feriu. Praticamente sem vida, acabei tendo que acabar logo com a dor dele... Fiz isso, chorando.

— Meu herói... Minha liberdade! - Abracei o lobo, e, Manu chega, e chora junto, até mais do que eu. Acaba me abraçando, estando nós duas, em volta do corpo sem vida do lobo.

Manu estava coberta de sangue, e, estava tremendo, sabe se lá, se era de dor, ou, raiva... Mistura dos dois. Não sei dizer, mas, fiquei surpresa demais com essa atitude dela. Devia estar com ódio mortal já dele. E há anos!

Descanse em paz Lobo cujo nome dei representando a  Liberdade... E que descanse em paz, a minha liberdade, também. Meus dias já foram melhores, ou, nunca tive dias melhores?!

As Faces do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora