Capítulo 8

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— Meninas amanhã vou pedir para que não venham. Vou ter uma reunião de negócios aqui.

— Depois da reunião manda mensagem pra gente, que voltamos a ser sua companhia.  - As duas sentaram no meu colo, e beijaram meu rosto carinhosamente.

— Hmmm. Que delícia de beijo, vamos pra cama? - Elas se olharam tímidas, mas, depois sorriram.

A comida já estava pronta e preferimos comer depois. E eu não quis me juntar diretamente a elas, o que as deixaram surpresas.

— Não vem, Lia? - Comentou Carina. E Kate olhou estranho pra mim.

— Hoje não. Serão vocês o espetáculo, quero ver vocês duas fazendo. Enquanto eu fumo meu baseado. E se vocês comportarem-se chamarei vocês sim, depois da reunião de amanhã a noite.

Na verdade eu estava com a mente longe, pensando na deliciosa Manoela. Que filha gostosinha tem o meu aliado.  Porra! E amanhã ela vem parar aqui na minha humilde residência.

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(Manoela Narrando):

— Recuperaram meu celular mãe. Uma jovem moça me entregou hoje cedo.

— E o que ela pediu em troca? - Minha mãe nessa questão era idêntica a mim.

— Nada, só pra ser minha amiga. Queria me conhecer. Pela primeira vez alguém diz isso, que quer realmente me conhecer.

— E você confia nisso, filha? - Fiquei pensativa no que responder a minha mãe.

— Não confio totalmente, mas, acho que se permitir isso irei saber. E não conte a meu pai isso, por favor. Agora eu vou pra minha aula de meditação.

— Tá bom, não irei falar nada por enquanto, mas, se eu achar necessário, direi.

Minha mãe e eu somos próximas demais, eu e meu pai nem tanto, afinal, vive fora, e viajando. Uma vida política não é fácil. Sinto que vivo numa bolha que minha mãe criou em mim, para eu não conhecer a realidade que a maioria vive. Por isso quis estudar numa Federal e no centro, para conhecer mais desse mundo real, ser uma cidadã normal, e olha o que me aconteceu, fui assaltada e quase estuprada.

E aquela mulher que me devolveu o celular, parece ser uma boa pessoa, mas, algo no olhar dela diz que ela passou por muita coisa ruim e não superou. Sinto as coisas que as pessoas sentem, principalmente dor. Por isso aceitei que ela se aproximasse de mim, porque quero ajudar. Quem sabe até estudá-la. Sim, eu sou formada em psicologia, foi minha primeira graduação, mas, deixei de lado quando me formei, para ir atrás de outro curso que me interessa muito a tecnologia. Pensava enquanto ia para um quarto lá dos fundos, perto do jardim da nossa casa, onde estava meu mestre, minha mãe contratou um particular para nós duas.

— Bom dia mestre. - Reverenciei meu mestre de meditação, e sentei-me no chão.

— Já é boa tarde, Manu. Você me parece tensa, quer me contar o que houve?

— Estou assustada mestre, nem consegui ficar o dia todo na Universidade. Fui assaltada e quase estuprada, eu me senti tão vulnerável e incapaz de fazer algo. E isso me irrita bastante. - Quase ameacei chorar, mas, lembrei que  já havia chorado muito com minha mãe e no banheiro da Universidade.

— Manu, você não pode se definir a isso, você é uma mulher forte e com muito amor no coração. Podemos impactar essas realidades negativas com atitudes positivas. Mas, para isso acontecer devemos entender onde está o problema dessa realidade ruim que afeta muitas pessoas como você.

— Mestre, você me deu uma ideia! - Sorri triunfante.

— Compartilhe, espalhe sua ideia. - Incentivou o mestre, ele sempre acreditou na minha forma de ver o mundo, numa forma mais pacífica e com amor.

— Quero fazer um coletivo de mulheres na Universidade que já foram assaltadas e abusadas sexualmente, e chamarei profissionais da área de psicologia e sociologia, para debatermos sobre essa violência que sobrecarrega duas vezes mais a mulher no psicológico e em como a sociedade enxerga isso.

— Está vendo, está falando como uma verdadeira mulher de luta com objetivos pacíficos, e por ser psicóloga saberá como abordar e interagir. - Sorriu e assim fomos meditar após eu desabafar primeiro o que me constrangia e atormentava.

As Faces do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora