Capítulo 43

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— Lia... Consegue me ouvir? - Dizia uma voz masculina.

— Hmm. - Falei murmurando. E consegui abrir lentamente os olhos.

— Conseguimos extrair as balas alojadas no seu corpo. Você vai ficar bem chefe. Estamos sobrevoando o Atlântico já.

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(Manu Narrando):

— Joice... Eu a vi apanhando, Joice! - Estava inquieta.

— Manu... Lia é articulada... Com certeza deve ter escapado ilesa.

Resolvi ligar televisão pra saber das notícias locais, já que Joice acionou os aliados da Lia, provavelmente pode estar acontecendo uma guerra entre os traficantes nesse momento, e Lia me salvou...

"Recebemos informações, de que a empresária Lia dos Santos Facchini, estava no fogo cruzado, entre traficantes, após visitar sua antiga casa no complexo do alemão. Segundo a polícia, os traficantes filmaram e fizeram uma morte assistida dela, Lia Facchini estava sendo investigada pela polícia federal, por corrupção e organização criminosa, dentre outras mortes cruéis. Seria vingança, dos traficantes?Olho por olho e dente por dente? Menos uma marginal na nossa sociedade, esclareceu um dos moradores da região".

Eu e Joice nos olhamos já em lágrimas... Joice quase desmaiou, e se apoiou forte nos meus ombros. Quase desequilibrada com sua coordenação motora.

— Liaaaa! - Joice começou a gritar o nome dela, desesperada.

— Joice, ela não ia querer ver você assim... Prometi que iria cuidar de você, na ausência dela. Recebi uma mensagem da minha mãe, está voltando amanhã, da Europa.

— Eu preciso saber se Lia morreu realmente! Não falaram nada de ter encontrado o corpo!

— Traficantes devem ter pegado como troféu... Não alimente falsas esperanças, meu bem. Seu coração é nobre, mas, seremos só eu e você agora. Temos que ser fortes, pela Lia e as crianças que espera. - Falava segurando seu rosto. Segurando minhas lágrimas, me mostrando firme perante Joice.

Pois estando grávida não pode se abalar muito... E em pensar que aquele olhar dela, me vendo partir segura, seria o último. Que aperto estou sentindo no meu corpo. Ainda consigo sentir aquele corpo quente e cheiroso dela, em contato com o meu. Não consigo crer que Lia Facchini tenha realmente morrido. Mas, não vou dar falsas esperanças.

— Você, vai ficar comigo? - Joice parou de chorar, para me olhar seriamente.

— Vou. Eu vou cuidar de você. - Peguei suas delicadas mãos e as passei no meu rosto.

— Você disse que sua mãe chega amanhã. Ela sabia que seu pai estava envolvido com corrupção e era aliado da Lia?

— Nem eu sabia disso! Lia mentiu pra mim??! - Demonstrei estar indignada. E coloquei as mãos na cintura.

— Pelo menos você terá um argumento de escapar de ser acusada pela morte dele. Sem falar que Lia não contou a você e nem a mim, o que fez com o corpo.

— Verdade... A paixão nos deixa cega! Como, eu não me preocupei com esse detalhe? - Andava em círculos meio perdida com meus pensamentos.

— Não foi a paixão que te cegou, foi o seu medo. Agora terá que esconder esse assassinato pelo resto da sua vida. E teremos que nos silenciar a respeito da Lia.

— E a Kate? Você acredita que tenha morrido, esse demônio?

— Sim... Impossível ter sobrevivido naquela explosão. Até porque o carro estava em alta velocidade, morreria até se fosse saltar pra fora do veículo.

— Hm. Agora tente não pensar muito nessa notícia que vimos. Eu decidi que vou largar minha faculdade...

— Não! Não faça isso! Tem que continuar os estudos.

— Eu quero voltar para psicologia... Aprofundar-me mais. Lia Facchini acendeu essa chama em mim, será minha forma de mantê-la viva. E você, deveria fazer o mesmo.

— Vou voltar advogar... Defender a minoria, pois, foi assim que conheci a Lia. Quando eu ainda era uma defensora pública. - Consegui arrancar um sorrisinho inocente dela.

A partir de hoje, meu trabalho maior será cuidar de Joice, e, sermos felizes, é o que a Lia iria querer de nós duas. Por mais que sinto meu corpo querer desmoronar, e meus olhos estejam querendo transbordar a dor que me consome nesse momento. Tive a ideia de irmos ficar na casa da Lia... Creio que nos faria mais fortes.

— Aceito! Vamos vender essa casa, e ficar com a dela. No testamento, havia eu, como herdeira dela. Já que casamos no civil. E pretendo passar pro seu nome também, os patrimônios dela. - Encostamos nossas cabeças uma na outra, e com as mãos entrelaçadas.

— Me abraça... - Quando me apertou, foi a hora que desabei por dentro. Não demonstrei minha dor e não podia!

As Faces do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora