Conexão

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O dia seguinte foi uma completa merda

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O dia seguinte foi uma completa merda. Primeiro que as aulas que tive são as que mais detesto, e o pior: houve uma espécie de dinâmica em grupo, coisa que também não suporto — principalmente quando envolve um círculo de pessoas sentadas em cadeiras. E segundo que Eron não veio hoje. Isso me surpreende, porque, até onde sei, ele não faltou um dia sequer desde o momento em que chegou aqui.

Como eu sei disso? Simples: perguntei a seus amigos quando os vi antes de entrarem na biblioteca. Me explicaram que ele só faltou, porque pegou um resfriado. Mas tive a sensação de que não era verdade. Do pouco que conheço ele, posso dizer que algo assim jamais seria capaz de atrapalhar seus compromissos. A impressão que tenho é que aquela merda que Adam o fez passar, lhe afetou mais do que imaginei. É a única resposta que acredito ser plausível pra justificar sua ausência.

Por isso estou indo direto à sua casa depois da última aula. Não posso permitir que a babaquice do meu irmão manche seu histórico de assiduidade. Visitá-lo se tornou uma prioridade a partir do segundo em que cheguei no meu armário e não o vi ao meu lado, como de costume.

Ou talvez eu só esteja buscando uma desculpa pra poder vê-lo. O meu dia está sendo um tédio total, e acredito que só Eron possa salvá-lo.

Consigo ouvir passos se intensificarem do lado de dentro da casa quando toco a campainha. E como sempre, é a mãe dele quem atende, já vestida pra ir ao trabalho. Mas noto algo diferente em seu sorriso. Tenho a sensação de que está aliviada em me ver.

— Oi, Alain — diz, num suspiro.

— Oi. O Eron está aí?

Ela abre a porta um pouco mais, e recua, gesticulando pra que eu entre.

— Sim. Está lá em cima, no quarto dele — ela posiciona a alça da bolsa no ombro — Preciso ir agora. Vai lá falar com ele. É o que está precisando agora.

Ouvir ela dizer isso me deixa tanto feliz, quanto mata minha dúvida sobre o que meu amigo tem. E é a mesma coisa que eu preciso: a companhia de um amigo.

Meu coração acelera a cada degrau que subo. De repente fico um pouco nervoso se é isso o que Eron realmente precisa. Tenho medo de que queira ficar sozinho, e consequentemente me mande embora. Eu entenderia, claro, mas me deixaria tão mal. Não quero que me mande embora. Só quero ver se está bem e, quem sabe, passar um tempo consigo.

Estou a poucos metros de sua porta agora. O frio na barriga ainda não passou. Tanto até que seguro meu capacete com um pouco mais de força pra ver se a tensão se esvai. O último passo que dou é tão calculado que não emite nenhum ruído. Perfeito pra que eu possa vê-lo sem ser notado ainda.

Uma onda de alívio me atinge quando o vejo encostado na cabeceira da cama, lendo um livro que está sobre o travesseiro em seu colo. Noto que está vestindo um moletom cinza, e as mangas cobrem praticamente metade de seus dedos. Acredito que seja proposital pra poder se proteger do frio, porque também está debaixo das cobertas.

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