Imaginação

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Estou bem melhor no dia seguinte

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Estou bem melhor no dia seguinte. Fisicamente, pelo menos. Minha cabeça não dói mais e meu corpo parece novo em folha. O melhor de tudo é poder manter os olhos abertos sem que o menor resquício de luz ameace quebrá-los. Ressaca nunca é legal mas, geralmente, é o resultado de uma noite boa.

Chego no colégio bem cedo, como de costume. Viajar de moto tem inúmeras vantagens incríveis. Uma delas, com certeza, é jamais precisar do carro dos meus pais e não se preocupar muito com o trânsito. Não tenho o costume de dar carona pra ninguém então, consequentemente, chegar cedo na escola é mais fácil do que com um veículo grande.

Como minha ausência no treino de ontem infelizmente precisou acontecer, hoje minha sessão terá que ser mais intensa. Jiu-jitsu não é fácil e faltar às aulas não ajudam em nada, principalmente com o torneio bem próximo. Ressaca não é algo que eticamente dá pra justificar, mas estava impossível fazer qualquer coisa ontem. Nem sei como consegui sair da cama.

Mas, querendo ou não, hoje as coisas tendem a mudar. Sou o primeiro dos alunos a chegar no complexo que fica ao lado do estádio de natação do colégio, e isso facilita muita coisa. Principalmente por já ter vindo com as roupas atléticas pra isso.

— E ele finalmente chega — Trevor, um dos nossos professores, porém o melhor entre eles, diz quando me vê entrando — Me disseram que você estava doente.

— Doente não. Só mal — corrijo e o cumprimento quando chego perto o suficiente — Mas hoje estou melhor.

— Que bom, porque você vai precisar — Trevor me dá uns tapas de leve no ombro e prossegue com a arrumação dos equipamentos.

E eu sigo com as minhas coisas, já ciente de que hoje realmente vai ser bem puxado.

Primeiro de tudo, faço um aquecimento de 10 minutos correndo na esteira. Depois, parto pro vestiário e visto meu kimono. Tenho orgulho dele. O design preto com detalhes distintos em amarelo torna a coisa toda bem profissional.

Permaneço alguns centímetros fora do tatame pra poder me aquecer antes de fazer o que deve ser feito. Durante esses minutos, alguns alunos vão chegando e me cumprimentando quando passam por mim e vão direto para os vestiários vestir seus kimonos.

Como eu disse: Jiu-jitsu não é fácil. É uma questão que vai bem mais além de técnica e agilidade. Prever os movimentos do oponente é um requisito tão crítico quanto o restante, mas ele tem uma diferença enorme na composição se feito com sucesso. E eu sei como fazer isso. Tenho uma prática de anos nesse esporte e, querendo ou não, minha faixa marrom reforça esse fato. Só que tenho plena consciência disso e os outros discípulos também. Aqui ninguém desrespeita o mérito de ninguém e sequer tiram vantagem por estarem numa posição hierárquica elevada. É um dos motivos para o colégio continuar investindo nesse programa, pra começo de conversa.

E definitivamente vale a pena. A cada oponente que derroto no treino, me faz ficar mais confiante pro torneio. E tenho convicção pra afirmar isso, porque meus colegas são tão bons quanto eu. Só que, modéstia a parte, são raras às vezes em que alguém me derruba no tatame. Meus treinadores sempre elogiaram minha capacidade de se concentrar e prever movimentos. Não é à toa que sou o favorito pra vencer esse torneio e levar o troféu pra casa.

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