Ápice

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Eles não estavam brincando quando disseram que essa noite teria a nevasca mais intensa que Detroit veria pelo resto do inverno

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Eles não estavam brincando quando disseram que essa noite teria a nevasca mais intensa que Detroit veria pelo resto do inverno. Se já não estava sendo fácil dirigir e muito menos enxergar, imagine com a mente conturbada nas paranoias mais surreais que alguém poderia pensar. Tive sorte de não sofrer algum acidente enquanto dirigia. Mas estou tão determinado em descobrir o que aconteceu com Eron, que enfrentaria essa nevasca a pé pra chegar até a casa dele.

Como Iara disse, a porta está destrancada quando entro. O clima aqui é bem mais agradável e aconchegante, mas não posso me distrair agora. Iara parece tão aflita quanto eu, andando de um lado pro outro enquanto mexe no celular.

— Alguma notícia? — indago.

— Não. Ele ainda não atende — responde depressa — Como está lá fora?

— Muito frio.

— Droga...

Ela leva o celular pra orelha, provavelmente tentando de novo. Espero pra ver no que vai dar, mas o resultado é semelhante ao o que também tentei enquanto vinha pra cá: caixa postal. É decepcionante e desesperador ao mesmo tempo.

— Você não tem nenhuma ideia do que pode ter acontecido? O porquê ele fez isso? — questiono.

— Não, não sei de nada. Estava tudo ótimo antes dele ter saído daqui e pelo o que você me disse naquela mensagem, vocês se divertiram bastante — relata — Eu... não sei o que houve.

Iara se senta na poltrona e tenta não perder o controle enquanto olha pra lareira acesa. Se mantém calma por fora, mas não impede que lágrimas saem de seu rosto.

Desvio o olhar pro chão e tento pensar numa alternativa. Qualquer coisa que Eron tenha me dito ontem que teve algum outro significado. Deve ter alguma razão pra ter sumido assim, esquecido algo na festa ou só ter precisado ir a algum lugar.

Então minha mente clareia. De repente sinto que esse caso pode ser semelhante ao o que rolou com o irmão da Mari.

— Sabe se ele deixou um bilhete ou algo do tipo? Uma pista pra onde possa ter ido?

Iara começa a pensar.

— Não. Geralmente colamos um papelzinho na geladeira, mas dessa vez não tinha nada. O quarto dele também está exatamente do jeito como deixou antes de sair mais cedo.

— Posso dar uma olhada?

— Claro. Vou tentar ligar de novo.

Corro lá pra cima. Não consigo parar de pensar na coincidência com a história que a Mari me contou. Só não entendo o que incentivou ele a fazer isso justo agora. Não entendo a emergência nas duas versões.

Iara tem razão. O quarto de Eron está organizado demais, provando que ajeitou tudo antes de sair comigo. Se estivesse fugindo de verdade, soube como esconder o porquê.

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