O sábado chegou. O que quer dizer que as possibilidades pra hoje são infinitas, principalmente depois de me lembrar que meus pais não estarão em casa até o próximo fim de semana. E que bom que está só começando.
Ainda estou despertando, mas consigo sentir alguma coisa pressionando meu peitoral. Meu quarto não está tão escuro, já que é de manhã e provavelmente deve estar ensolarado lá fora pra haver uma parcela pequena de luz atravessando as camadas cinzentas da cortina. Consigo enxergar o que, ou melhor, quem está deitado no meu peito. Abro um sorriso em meio a escuridão quando finalmente percebo que é Eron. É um alívio que ainda esteja aqui e me deixa mais feliz que o normal por preferir me usar como travesseiro.
Eu poderia me acostumar com isso facilmente. Acordar e ver que a pessoa que eu amo ainda deitada ao meu lado. Momentos assim sempre foram os meus preferidos. Principalmente poder fazer carinho nos cabelos dele enquanto ainda dorme, tomando cuidado pra que não desperte. Isso é muito bom. Ouvindo e sentindo ele respirando, parecendo estar tão confortável sobre o meu peito que me faz não ter vontade de sair daqui nunca mais.
Só que tem um probleminha. Sempre tem quando estou curtindo algum momento incrível: estou apertado pra caralho. E o fato de Eron estar deitado em mim, piora e muito a situação, porque não quero de jeito nenhum acordá-lo e nem que saia daqui. Me agrada pensar que provavelmente esteve dormindo em mim a noite toda. Mas tento ser o mais cauteloso possível, me virando aos poucos e segurando sua cabeça até conseguir deixá-la sobre o travesseiro. Eron não acorda, mas fico tenso quando respira fundo. Seus olhos continuam fechados.
Estou sentado na ponta da cama e me pego admirando ele dormindo. Tão silencioso e calmo que nem parece estar vivo. Mas consigo vê-lo respirando. Tranquilo e solene. Sorrio de canto, porque até num sono profundo ele consegue ser tão fofo. Não exagerei dizendo que poderia ficar deitado aqui com ele pra sempre. Quem é que não ficaria, afinal?
Mas ainda tenho uma tarefa a cumprir no banheiro. Faço o máximo de silêncio possível contornando a cama até chegar à suíte. Aproveito e tomo um banho, enquanto repasso o que exatamente farei hoje. Mesmo eu tendo dito que as possibilidades são infinitas, nem passou pela minha cabeça em planejar meus dias. Mesmo assim gosto da ideia de improvisar e me surpreender.
Termino o banho antes que possa chegar a uma decisão. Quase não me enxugo e só enrolo a toalha na cintura. Quando saio do banheiro, noto que Eron ainda está dormindo. Provavelmente deve estar cansado. Me lembro de ter dito que levantou bem cedo ontem. Então acordá-lo agora está totalmente fora de cogitação.
Consigo vestir minhas roupas e ainda causar o mínimo de barulho possível. Tive sorte da minha blusa de moletom e bermuda serem uma das primeiras na superfície. A escuridão já atrapalha bastante, então preferi não procurar outro tipo de roupa pra não correr o risco de despertar Eron.
Dou uma última olhada nele antes de sair do quarto. Acho que nunca dei tanta importância em ver alguém dormindo na minha cama, como está sendo agora. É interessante e... bom. Gosto da sensação. Me sinto bem olhando ele deitado ali. Tanto até que consigo me imaginar acordando todas as manhãs e vendo seu rosto perto do meu. Sorrio e, cautelosamente, fecho a porta.
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Feito de Luz [✓]
RomancePara Alain Ross, a chegada do outono agora pode significar duas coisas: sua estação preferida finalmente está aqui, assim como os últimos meses para a conclusão do ensino médio. O plano que traçou até o tão esperado fim do ano letivo, enfim terá o r...