Incandescência

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Inverno

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Inverno

Faz alguns minutos que terminei todas as minhas provas e agora estou no ginásio treinando algumas técnicas de jiu-jitsu que ainda não dominei. O torneio é nessa sexta e eu ainda não peguei a prática de uns poucos movimentos que restam pra mim. Mas me sinto bem mais preparado do que há semanas.

Meus colegas também estão com a moral bem alta. A maioria está ansiosa, já que Trevor anunciou agora há pouco que haverá alguns olheiros assistindo o torneio. Então a chance de alguém ganhar uma bolsa e quem sabe fazer parte da liga esportiva de jiu-jitsu, são bem altas.

A questão é que, por mais que eu diga que o meio competitivo não é pra mim, meus colegas dizem o contrário. Trevor falou que até a própria imprensa que fará a cobertura do torneio, disse que eu sou o favorito. Isso deveria me deixar tão animado quanto o resto da galera, mas não consigo enxergar além. O jiu-jitsu, pra mim, é mais como uma arte que prefiro praticar pra mim mesmo. Não quero lucrar com isso, e muito menos ter visibilidade. É melhor dar essa chance pra alguém aqui que realmente queira entrar pro competitivo.

Uns minutos se passam e eu já estou suando. Derrubar alguém em menos de 2 segundos é bem mais difícil do que consigo fazer parecer fácil, como muitos aqui dizem. Recupero meu fôlego deitado no tatame e com os braços na testa. Sinto que meu coração vai sair pela boca.

Mesmo de olhos fechados, noto que alguma coisa cobre a luz que vem do teto.

— Depois daqui, eu e o Mike iremos a um bar aqui perto — é Richard quem está de pé perto de mim. E depois se agacha — Você topa ir também?

Nego com a cabeça, mas aceito a ajuda dele em poder ficar de pé.

— Não, valeu. Já tenho planos pra hoje.

— Ok. Se mudar de ideia me avisa. Depois do bar a gente vai pra uma boate.

Boate é uma boa. Mas realmente já tenho algo pra fazer agora à tarde e que provavelmente vai se estender até de noite. E envolve meu namorado e a minha casa.

Falando nele, noto que está na arquibancada provavelmente desenhando alguma coisa. O modo como sua mão se mexe sobre o caderno me dá essa hipótese. Há quanto tempo será que ele está ali? Mudo minha trajetória do vestiário, e decido subir até lá pra descobrir.

Acertei quando achei que estivesse desenhando. Eron ainda não notou que estou me aproximando devagar, o que me dá a oportunidade de ver seu desenho. Parece ser um homem da cintura pra cima. Está usando um kimono como o meu e todos aqui, e seu rosto é bem sério. Focado até. Assim como Eron, que parece bastante concentrado em desenvolver essa arte.

— Isso tá muito bom — digo, anunciando minha presença e sentado ao lado dele. Eron olha na hora pra mim — Quer dizer, tá perfeito.

Ele sorri.

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