Estima

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Abro meu armário logo depois de sair de um banho longo e quentinho

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Abro meu armário logo depois de sair de um banho longo e quentinho. Embora o vestiário seja bem protegido contra correntes de ar, o calor do meu corpo se esvai quanto mais eu demoro pra procurar o desodorante. Cada segundo importa pra que eu não saia daqui tremendo.

Mas o problema é a polaroide tirando meu foco. Bom, não é beeem uma polaroide. É um desenho que Eron fez com base numa foto que tiramos recentemente, e adaptou como se fosse uma polaroide. E é bem bonitinha, por sinal. Tínhamos acabado de chegar na casa dele depois da escola e sequer descemos da moto. Apenas peguei meu celular e decidi tirar a foto enquanto ele apoiava o queixo no meu ombro e eu fazia um sinal de hang loose.

Assim como eu ganhei um novo papel de parede, Eron ganhou algo pra desenhar enquanto ficávamos na sala. E, claro, ele arrasou na cópia. Até a rua e parte das casas que estavam presentes ele conseguiu replicar perfeitamente. E agora essa obra-prima veio parar no meu armário do vestiário. Admirar depois de cada aula de educação física se tornou uma parada obrigatória.

— Ei!

O grito me pega desprevenido e meu instinto é fechar o armário tão rápido que acabo prendendo o dedo. Xingo por causa da dor que vem instantaneamente.

Mas é só Eron quem está na minha frente. Um lindo e engraçadinho Eron que não para de rir.

— O que você tá fazendo aqui? — questiono, massageando meu dedo que ficou bem vermelho.

Também olho para os lados, mas estou sozinho no vestiário faz uns cinco minutos. O último dos caras saiu antes disso. E, honestamente, a maioria deles já sabem da minha relação e não dão a mínima. Não tinha motivos pra tentar esconder aquela foto. Talvez só tenha sido o susto.

— Vai ficar rindo mesmo? — ele ainda não parou.

— Você demorou pra voltar. Imaginei que sairia com alguém — diz, se recuperando aos poucos — Vim ver qual era o motivo.

Coço a nuca. Esqueci que ele terminou a reunião do clube mais cedo e veio me ver na quadra.

— É que eu precisei falar com a minha mãe. Ainda não tinha conseguido avisá-la que passaria a semana na sua casa, então decidi ligar — respondo — Dessa vez ela pôde atender.

— Ah.

Volto a pegar minhas coisas quando abro o armário de novo, começando pelo desodorante. Noto de canto que Eron encosta num armário e segura nas alças da mochila.

— Sabe, antes de vir pra cá eu vi um anúncio sobre um Baile de Inverno — ele diz — O que acha da gente ir?

Termino de espirrar o desodorante e olho pra ele. Parece estar falando sério e esse sorriso é de entusiasmo.

— Você quer ir?

— Quero. Eu gosto de bailes. Principalmente os de máscaras, mas não é o caso desse — responde — Por quê? Você não?

Feito de Luz [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora