Tempo

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Como planejado, chego à casa de Eron um pouquinho antes do horário proposto

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Como planejado, chego à casa de Eron um pouquinho antes do horário proposto. Sou recebido pela mãe dele e minutos depois estou em seu quarto, ouvido e vendo todos os detalhes que ele fez no nosso trabalho. É impressionante, porque ao mesmo tempo em que tudo está impecável demais, penso que não é possível que ele tenha feito tudo aquilo sozinho. Mas a essa altura eu já deveria estar ciente de sua capacidade.

E falando em coisas que quase não acredito, há uma tempestade intensa lá fora. Faz uma hora que Eron terminou de me atualizar sobre o trabalho, e agora estou aqui, de frente pra janela do quarto dele e observando a neblina que se forma no horizonte.

— Acho que isso não vai parar — digo, momentaneamente — É ridículo, o céu nem estava nublado quando cheguei aqui.

Eron ri e se levanta da cama onde estava sentado.

— Talvez pare daqui a alguns minutos. Uma hora no máximo — ele diz, se pondo ao meu lado — Às vezes tempestades assim não duram tanto tempo. Costumo pensar que são só pra molhar as plantas.

— Então elas devem estar morrendo de sede pra precisarem de tanto — digo, e ele ri, o que me contagia a somente sorrir. Mas depois suspiro e o encaro — Alguma ideia do que fazer até isso parar?

Eron pondera apertando os lábios e olhando ao redor.

— Sinceramente, eu não sei — seus olhos claríssimos se voltam aos meus — Não tenho videogame e nem Netflix pra assistir algo. Não sobra muita coisa na verdade.

— Depende, sua televisão é smart? Posso colocar minha conta da Netflix, e aí a gente assiste alguma coisa.

Seu sorriso erradico já é o suficiente pra responder a pergunta.

— Ela não é, infelizmente.

Cruzo os braços.

— É, e assistir pelo celular não é muito confortável — digo — Principalmente pra duas pessoas.

Ficamos um tempinho olhando pro nada. Pensando no que fazer. Até meus olhos pararem onde está a enorme estante de livros de Eron. Uma mobília minimalista de madeira escura que preenche praticamente uma parede inteira.

— São muitos livros — comento, indo até ela e olhando para as bordas de cada livro. Noto que todos eles estão em ordem alfabética — Você leu tudo isso?

— Sim. Mais que a maioria, na verdade — ele se junta a mim, e passa os dedos pela borda de cada um — Poucos aqui são didáticos, mas o restante praticamente são aventuras, mistérios, romances e etc.

— Qual seu gênero preferido?

Ele pensa a respeito.

— Acho que é mistério — diz, mas depois desiste ao negar com a cabeça — Não, romance. Os dois, na verdade.

Nós rimos.

— Saquei.

— Os dois são meus preferidos, e adoro quando estão juntos — prossegue — Acho legal como a história é contada quando esses gêneros se envolvem, sabe? Você sente o efeito de um e outro no momento certo, mas sempre de um jeito imprevisível. O fato de não sabermos o que nos espera é uma das muitas qualidades que um livro carrega. Você mergulha na imensidão que a história guarda, se prende no universo do autor e é recompensado com tramas impressionantes através de palavras tão simples. Isso é leitura, entende? Ela brinca com a nossa imaginação, mas a deixa mais forte. Imortal. Algo que é impossível arrancar de alguém. Por isso que eu amo ler.

Feito de Luz [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora