Vesti minhas roupas casuais e deitei na cama, eram 19:00 quando peguei no sono, porém não durou muito.
- Onde eu deixei essa coisa!? - Lá estava Sophie com seu casaco longo e calças jeans escuras, ela falava revirando o armário do quarto de modo furioso.
- Boa noite pra você também.
- Eu ia te acordar depois mas tive um pequeno problemas. Achei!
Ela tirou de dentro do armário uma pequena caixa fina que guardou no bolso do casaco. Me levantei num pulo, por sorte não estava de pijama.
- Vamos logo, Rosie, não temos tempo a perder!
Ela alisou suas roupas com as mãos como se tirasse alguma ondulação no tecido e saio em disparada pela porta. Quando saímos do modesto hotel, já havia um carro nos esperando , a marca e modelo do carro não estavam escritas na parte traseira e eu mesma nunca havia visto aquele tipo de veículo, parecia uma limusine mas não tão rebaixada. Estávamos já a 30 minutos no automóvel extremamente silencioso devido a súbita concentração de Sophie, quando finalmente paramos a alguns metros do local onde estivemos pela tarde, andamos com cuidado, escondidas nas sombras, nos aproximamos da casa que Sophie havia destacado. O guarda já estava no horário de saída do local para não chamar muita atenção.
Entramos por uma das janelas abertas e olhamos em volta, aquele local com certeza era visitado por turistas, mas aquela casa estava intocada, as portas trancadas com pregos confirmava isso. Fui até uma porta interna da casa e me deparei com um pequeno cômodo vazio e me virei para minha parceira.- Não tem nada, o local está vazio com provavelmente está a anos.
- Não faz sentido, quem trancaria as portas com pregos por dentro se não conseguiria sair sem ser pela janela? Se esse é o local onde eles os perderam provavelmente isso foi pregado quando foram pegos ou eles também vieram pela janela. . . Uma passagem, deve ter uma passagem no subsolo!
- Sophie você enlouqueceu? Não tem como ter. . .! - Ouvi um som alto de madeira e logo depois senti um braço forte agarrar meu pescoço por trás.
Tentei me soltar mas logo senti o cano frio de uma arma tocar meu rosto, era a arma que eu havia levado comigo.- Solte ela! Você não quer manchar suas mãos com uma garota inocente - Sophie estava olhando para mim e o meu agressor.
O homem deveria ter 1,70 de altura, ombros largos e corpo atlético, não consegui ver seu rosto ou marcas na pele que mostrasse se eu já havia visto aquela pessoa ou não graças ao escuro cortado apenas pela minha lanterna que caiu para frente, iluminando apenas Sophie com seu facho de luz.
- Vocês não deveriam ter vindo aqui, agora jogue esse canivete no chão, eu sei que está escondendo ele atrás das costas - ela jogou a lâmina no chão acatando a ordem, o homem se afastou do arco da porta dando espaço para ela entrar no cômodo - Entre no alçapão e não tente gracinhas.
A pose imponente de minha parceira sumiu, ela abaixou o olhar e entrou no buraco que estava oculto por madeira idêntica a usada no chão. Meu agressor me soltou e deu um leve empurrão em minhas costas indicando com a arma que eu deveria entrar também. Relutante desci a escada vertical sendo acompanhada pela mira da arma, o cômodo abaixo era iluminado e pude ver meu pai e meu tio sentados de costas um para o outro com pulsos e tornozelos imobilizados por uma corda, estavam debilitados, pálidos como nunca vi antes, haviam emagrecido, as roupas estavam nos trapos, estavam machucados e com hematomas visíveis em toda pele exposta desde o peito até o inferior das costas, porém o olhar severo de meu pai e o jeito arrogante de Sherlock Holmes não haviam sumido. Eu fiquei em choque quando vi aquilo e percebi que minha parceira também, mesmo que tentasse disfarçar.
- Quem é você? - Meu pai falava olhando para Sophie enquanto Sherlock simplesmente esboçava um sorriso fechado de canto.
- A pessoa que vai tirar vocês daqui mas eu preciso que você o distraia, Rosie.
- O que!? Nem pensar que você vai colocar minha filha em perigo! - Ele se debateu tentando se livrar das cordas mas apenas recebeu um olhar severo de seu amigo que me olhou.
- Eu acredito em você, Rosie, apenas ganhe um pouco de tempo - Sherlock não conseguiu terminar a frase direito, ouvi um barulho atrás de mim, era ele descendo a escada.
Pensei rapidamente e peguei um cano de ferro que estava no local e fui na direção do som enquanto Sophie se concentrava em soltar as vítimas. Quando vi que ele estava quase no final da escada acertei sua nuca com o máximo de força possível, ele cambaleou e apontou a arma em minha direção.
- Eu disse sem gracinhas! - Ele mal conseguia segurar a arma de forma firme - Você vai pagar por isso!
Ele atirou duas vezes, ambos os tiros passaram bem perto de mim quando me joguei para o lado, quando tentei me levantar recebi um chute, voltando ao chão.- Rosamund! - Meu pai ainda tentava soltar os pulsos, seus pés já estavam livres, mas o agressor parecia não querer saber mais deles e encostou a arma em minha cabeça.
- Se despeça, é sua última chance.
- Vai pro inferno! - gritou Sophie atrás do homem acertando o braço do mesmo com uma das extremidades do cano.
Ele deixou a arma cair mas, quando tentou pegar, teve a mesma chutada pra longe pela garota de casaco a suas costas. Ele se levantou e a segurou pelo pescoço. Tentei me aproximar e puxa-lo para trás mas ele me empurrou novamente com as costas.
- Vocês realmente são todos iguais - Ouvi a voz de meu tio seguida de três explosões da pólvora da pistola.
Foram três tiros certeiros na lateral do corpo do agressor, ele foi ao chão enquanto Sophie se apoiava na parede para recuperar o fôlego. O som dos tiros chamou a atenção da equipe de Mycroft que entrou correndo no local e recolheu o cadáver.
Saímos o mais rápido possível do local, já no gramado as duas vítimas vieram até nós e nos abraçaram.- Hey quando você ficou tão sentimental? - Sophie perguntou em tom de zombaria com o pai.
- Não estou sendo sentimental, apenas estou orgulhoso por ter seguido meus rastros.
- Vão me dizer quem é ela ou não? - Meu pai estava encarando nos três de forma irritada.
- John Watson. . . Essa é minha filha, Sophie Adler Holmes.
- Desde quando você tem uma filha!? - O temperamento explosivo de meu pai sempre piorava com os segredos enormes de meu tio.
- É uma longa história, vamos para casa ok? Um certo alguém está nos esperando e a polícia local cuida desse idiota.
- Mas como pararam aqui? - Eu perguntei curiosa.
- Eu estava procurando Irene Adler depois da mensagem que recebi, mas era apenas um pequeno grupo que apoiava Moriarty querendo me capturar, eles queriam me matar aos poucos se é que me entende, só que John havia me seguido depois que fiquei ausente então acabou que fomos ambos vítimas de torturas. Mas agora estamos bem, graças a vocês.
Depois de uma breve conversa entre nós, Mycroft se aproximou.
- Eu odeio atrapalhar uma família feliz, mas é melhor vocês voltarem pra casa - Ele apontou para o jato particular que estava pousando em solo, era o mesmo que havia trazido Sophie e eu para aquele local - Boa viagem irmãozinho.
Ele se afastou indo até os policiais que haviam chegado. Nós entramos no jato e começamos nossa longa jornada de volta.
O caminho aprecia mais longo agora, meu pai e meu tio haviam dormido em suas poltronas apertadas enquanto conversavam sobre tudo aquilo. Sophie estava lendo um livro, eu mesma estava quase dormindo quando ouvi ela dizer.- Tenha uma boa noite, pequena Watson.
Não tive tempo de retribuir a frase pois acabei dormindo, aquela foi a primeira grande aventura de várias que estavam por vir.
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Sophie Adler A Filha De Um Gênio
Mystery / Thrillerbaseada nas obras de Sir Arthur Conan Doyle e na série "Sherlock" da BBC. "Sophie Adler a filha de um gênio" se passa alguns anos após o episódio "O problema final" de Sherlock da BBC ou logo após "A casa vazia" dos livros, porém em eras modernas...