Quando voltei para o quarto do hotel, algumas horas depois, não encontrei ninguém ah primeira vista, bati na porta do banheiro e não houve nenhum resposta, decidi sentar na beirada da cama e esperar até que alguém aparecesse. Eu esperei e esperei até que decidi me deitar e acabei cochilando, porém algo me acordou em pouco tempo, um ruído de passos próximo, talvez um rato ou coisa do tipo mas foi o suficiente para me acordar já que estavam próximos, fiquei de olhos fechados ouvindo o som, eram de fato passos, cautelosos para fazer o mínimo de ruído no piso de madeira. Pensei em escorregar as mãos por baixo do cobertor e pegar o canivete que havia aprendido a levar sempre comigo porém pensando melhor, se fosse realmente uma ameaça, ela estaria me observando.
Naqueles minutos de olhos fechados o ruído parou perto de mim, ouvi um som de atrito de tecido.
- Eu sei que está acordada e por sinal é bem deselegante dormir em uma cama que não é sua – Olhei rapidamente e vi minha parceira me olhando com ar de riso, sorri levemente me sentando na cama e ela continuou – Pode continuar aí, eu ia vir direto para cá mas acabei pensando em falar com seu pai sobre nossa pequena aventura atrás deste ladrão familiar.
- E por acaso ele permitiu?
- Sim e não, sim eu posso ter sua ajuda mas não eu não posso te deixar correr qualquer risco que isso possa oferecer.
- É o Alex, que risco ele nos colocaria?
- Por favor Rosamund, as informações que ele tem são sobre alguém e esse alguém pode querer elas de volta, o que poderia atingir Alex além da namorada que não sai de perto da zona segura que ele oferece?
- Certo a gente.
- Não a gente, você na verdade. É a única pessoa que convive com ele constantemente a ponto de ele se importar, além de que sabemos que John Watson não o deixaria caminhando livre por nenhum canto na Europa caso algo acontecesse com você.
- Certo.
- Levante-se e se arrume.
- Onde vamos? Já devem ser mais de 20:00 horas e eu estou meio sonolenta ainda.
- Eu tenho motivos para acreditar que vamos conseguir algo se formos ao Angelo's.
- Aquele restaurante? – Respondi enquanto me levantava e alisava minhas roupas.
- Sim você sabe que o dono tem uma dívida com Sherlock que considera impagável, talvez ele possa ajudar com algumas informações – Ela ajeitou seu casaco e foi até a porta enquanto eu a acompanhava – De volta à ação.
Nós saímos do hotel e caminhamos por um tempo, no caminho, por acaso, encontramos Mônica que decidiu se juntar a nós. Quando chegamos no lugar um dos garçons fez sinal para uma pessoa ao fundo do estabelecimento e pouco depois o próprio Ângelo apareceu.
- Srta. Watson como está? Veio fazer uma visita para provar os novos pratos do menu?
- Não Ângelo, estou a trabalho com minha parceira Sophie e minha amiga Mônica
- Oh belos pares para um encontro, embora eu esteja na dúvida de qual é sua. . .
- Não comece com isso, tenho menos paciência que meu pai pra esse assunto, Sophie quer falar com você em particular.
- Onde estão meus modos, olá Srta. Sophie sou Ângelo o dono daqui. – Ele estendeu a mão para minha parceira que apenas o encarou.
- Eu sei que ainda sabe muito sobre alguns criminosos e quero algumas informações, a menos que queira que seus clientes escutem é melhor deixarmos as apresentações para depois.
O homem a encarou com o rosto mais sério e foi até os fundos do estabelecimento entrando em um escritório, assim que Sophie passou tentou fechar a porta antes que Mônica entrasse e isso desencadeou uma chama de raiva em ambas.
- Qual o seu problema comigo? – Perguntou Mônica em um tom um pouco alto empurrando a porta que levou minha parceira pra trás também.
- Eu que deveria perguntar já que você parece disposta a me agredir por fechar um aporta, além disso eu já deixei bem óbvio que não confio em você! – Sophie não abandonava o tom calmo e áspero, porém parecia ter uma atmosfera de raiva a sua volta – O seu namorado está protegendo alguém ao ponto de esquecer o quanto ele me deve por ainda andar com a cabeça sobre os ombros, isso já te coloca na suspeita.
Mônica a encarou com ainda mais raiva nos olhos, elas ficaram se encarando numa briga silenciosa. Minha parceira com o mesmo olhar penetrante que lançava a qualquer que estivesse investigando ou a desafiasse, enquanto Mônica não escondia a raiva ou o ar de deboche que sempre usava ao se referir a Sophie Adler.
- Elas são sempre assim? – Ângelo se aproximou perguntando num sussurro.
- Desde que se encontraram, sim.
- Eu deveria chamar a polícia.
- Vai por mim, Sophie se dá tão bem com a polícia quanto o pai.
- Ah certo – Ângelo fez uma cara de alívio mas logo se virou pra mim – Quem é o pai dela mesmo?
- Deixa isso pra outra hora ok? – Me aproximei das duas ficando entre elas para cortar o fio de raiva e comecei a falar sem olhar para nenhum delas – Mônica você pode ficar lá fora? É um assunto pessoal pra você e eu não quero ter que limpar sangue de ninguém – Encarei a garota morena – De ninguém mesmo.
- O que você quer dizer com isso, Rosamund?
- Estou dizendo que vocês mal se conhecem, ou pelo menos você não a conhece, e isso é um grande problema que, em uma briga, pode levar a resultados não muito bons pra mim. Até porque a Sophie não liga em ter sangue nas mãos.
A garota me olhou com certo ar de desapontamento e saio, minha parceira só começou as perguntas quando ouviu os passos de Mônica se afastando.
- Com certeza o preço que os criminosos colocaram sobre um conjuntos de informações sobre um hacker chantagista já chegou em você certo?
- Não nego mas também não confirmo.
- Você que esse preço é alto e os criminosos estão dispostos a pagar o que for para poder saber quem é o hacker e eliminá-lo. Então. . . Talvez você também queira algo em troca do pseudônimo deste hacker para que eu possa continuar a minha investigação, não é?
- Bem eu. . . Eu até poderia querer uma coisa ou duas, mas eu vou ser honesto e dizer que. . . Não importa o qual inteligente você ache que é, o pseudônimo não vão te ajudar em nada.
Minha amiga revirou os olhos se afastando num suspiro visivelmente irritadiço.
- É cada coisa que eu escuto hoje em dia – Ela suspirou enquanto andava pelo ambiente.
A única coisa que eu consegui fazer foi rir, aquela frase de Ângelo mais parecia uma piada de mal gosto. Porém, aparentemente, não tinha sido intencional.
- Desculpe eu não estou entendendo – Ele perguntou perdido entre olhar para mim e para Sophie.
- Você não deveria subestimar o intelecto de alguém por mera aparência, subalterno – Minha parceira parou apática o encarando.
- Desculpe mas é algo que exigiria Sherlock Holmes para solucionar.
Ela bufou e suspirou mais uma vez, eu havia percebido que, para ela, ser comparada ao pai era um insulto, talvez por sua mãe ter conseguido o enganar com certa facilidade durante o primeiro encontro entre os dois, talvez por ela se sentir superior e a comparação ferir seu ego, a resposta certa eu não sei. Mas aquelas cenas vieram se repetir mais a frente em outro casos e sempre seguidos de explosões de aspereza como a que irei retratar agora.
Sophie havia fechando os punhos e sua expressão nunca pareceu tão rígida e fria, as palavras não eram formadas e ditas de modo a parecerem indiferentes, eram claramente um ataque calmo porém direto.
- Você me compara a essa coisa sendo que qualquer um poderia ver que você “entrou” em um hábito em usar drogas como Oxi, cocaína por inalação, pequenos furtos aos clientes distraídos e veja só encobrindo criminosos perigosos por ser um mero covarde sem capacidade de se defender de uma ameaça irreal. Não precisaria de Sherlock Holmes pra resolver isso, precisaria de algo superior e é por isso que eu estou aqui!
Uma cara de choque apareceu no rosto de Ângelo junto com um silêncio que durou alguns longos minutos.
- C-Certo o pseudônimo é Irerpe_Camoin.
Sophie não disse mais nada apenas saio às pressas do estabelecimento, ela andava ao passo mais largo possível para não ter que correr no meio da rua. Eu mal conseguia acompanhá-la quando a vi pegar um táxi e sumir de vista.
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Sophie Adler A Filha De Um Gênio
Mystery / Thrillerbaseada nas obras de Sir Arthur Conan Doyle e na série "Sherlock" da BBC. "Sophie Adler a filha de um gênio" se passa alguns anos após o episódio "O problema final" de Sherlock da BBC ou logo após "A casa vazia" dos livros, porém em eras modernas...