Fiquei um tempo no restaurante já que Ângelo insistiu em que pelo menos eu fizesse uma refeição como pedido de desculpas por ter “espantado” minha amiga. Quando voltei para o quarto de Sophie não encontrei ela, não era tão comum ela não voltar sem avisar, decidi procurar no 221 B. Já eram 22:00 quando eu cheguei na porta preta com detalhes em dourado e toquei a campainha, o tio Sherlock atendeu mas não havia visto minha parceira e não fazia ideia de onde ela poderia ter ido já que sem informação ele não tinha como “fazer milagres”, pedi para que ele não contasse ao pai que eu tinha ido pra casa, para eu poder voltar ao quarto de Sophie para esperar.
Eram 22:30 quando cheguei no hotel e subi os andares, chegando perto da porta pude ouvi a voz daquela que eu procurava.- Eu sei que ele roubou os papéis pra evitar que você fosse caçada pelo governo e pelos outros como você, eu sei que ele está tentando te proteger mas isso não justifica ele afetar a MINHA credibilidade a troco disso, nem justifica você estar apenas o usando para ter o seu joguinho ser completo – Ela estava falando com o hacker mas sua voz não mostrava apenas severidade mas também um tom mínimo de receio que era quase imperceptível.
Eu ouvi um murmúrio bem baixo de um “Você não entenderia”, não tive muito tempo pra tentar reconhecer a voz murmurante pois logo em seguida ouvi dois sons de explosão abafada, eram disparos de uma arma com silenciador. Girei a maçaneta mas ela estava trancada por dentro, no terceiro chute na fechadura a porta cedeu e abriu, a primeira coisa que vi no quarto foi uma janela aberta, um notebook perfurado por uma bala e pouco mais ao lado dele Sophie sentada no chão com as costas apoiadas nos pés da cama.
- Aquela víbora! – Ela disse mais pensando em voz alto do que para mim de fato. Ela apertava um ferimento na altura da cintura do lado direito, o sangue era visível entre seus dedos.
Eu corri até o banheiro para pegar o kit de primeiros socorros e voltei até minha parceira, levantei levemente a blusa de tecido escuro vendo o ferimento ao qual fiz um curativo do melhor jeito possível para evitar a perda de sangue enquanto ligava para a emergência.
- Estamos falando de Londres, Rosamund, é mais rápido eu ir até um hospital andando do que esperar por socorro – Ela dizia usando a cama de apoio para ficar de pé enquanto apertava o curativo.
- Não sei se você está em condições de sair andando por aí – A chamada para a emergência não foi completada, o celular estava sem sinal – Como essa coisa não está funcionando agora?!
- Ela deve ter derrubado o sinal do prédio – Sophie dizia apoiando o ombro esquerdo na parede e voltando ao chão – Vai atrás do seu pai ou tenta se afastar daqui para recuperar o sinal, você ainda deve ter pouco menos de uma hora, isso sendo otimista. Não diga a ninguém do hotel o que aconteceu, o pânico deles só vai atrapalhar.
Confirmei com a cabeça e sai do prédio o mais rápido possível, fui até a outra quadra mas o sinal não havia voltado. Olhei para os lados tentando pensar mais rápido e decidi correr para um telefone público, eu não precisava ligar de verdade, apenas chamar a atenção de Mycroft que eu sabia que estava vigiando o caso que envolvia seu filho adotivo, acho que ver minhas mãos com sangue já era sinal suficiente de quem precisava de ajuda. Fiquei poucos segundo na cabine telefônica tentando discar o número fixo da Sra. Hudson quando vi uma câmera mexer de um lado para outro e um carro preto se aproximar e abrir a porta.
- Antes tarde do que nunca – Eu disse entrando no automóvel dando o endereço do hotel. No carro havia um homem estranho de feições apáticas com uma maleta e Mycroft que me encarou.
- O que diabos aconteceu com você? – Mycroft perguntou sem muita expressão.
- Comigo? É sério essa pergunta? Nada, mas sua sobrinha está num quarto de hotel com um tiro.
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Sophie Adler A Filha De Um Gênio
Misteri / Thrillerbaseada nas obras de Sir Arthur Conan Doyle e na série "Sherlock" da BBC. "Sophie Adler a filha de um gênio" se passa alguns anos após o episódio "O problema final" de Sherlock da BBC ou logo após "A casa vazia" dos livros, porém em eras modernas...