Uma crise de identidade (1/3)

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Estávamos em um Starbucks naquela manhã, havíamos dormido pouco e eu pensei que um café ajudaria a nos dar mais energia. Eu estava errada, na verdade Sophie ficou fazendo deduções sobre cada cliente e atendente que aparecia.

- Este que está no telefone com a esposa falando em tom alto está tentando convencer ela de que está indo para o trabalho mas claramente trabalha no período das 15 horas e são 11. Obviamente uma amante – ela dizia olhando um homem na mesa do lado que parecia ansioso enquanto falava ao celular, ao ver a aliança, a gravata mal colocada e as marcas de arranhões próximas a seu pescoço percebi o que minha colega estava falando.

- Eu entendi, mas você pode falar mais baixo? Ele pode escutar e vir tirar satisfações com a gente.

- Acha mesmo que ele conseguiria fazer algum mal a nós? Rosie, eu sou bem consciente do que posso fazer e você também.

Talvez ela estivesse errada, ou apenas fosse minha imaginação, mas o homem se levantou e passou pela nossa mesa esbarrando nela com violência antes de sair.
- Cara louco – disse eu olhando Sophie que começou a rir em um tom baixo.

- Se acostume, Nova York está cheio deles.

Não tivemos muitos tempo para conversar e Sophie já recebeu uma ligação. Ela atendeu e ligo um fone de ouvido colocando um lado e me entregando o outro, era Alex Lestrade, ele havia vindo conosco para ajudar. Mesmo não tendo laços sanguíneos com os Holmes ou com Greg ele ainda era ótimo em investigação e em usar a tecnologia a nosso favor, ele era o amigos “CDF” hacker.

- Alguma informação além da que está nos jornais e entrevistas com a polícia? – Sophie sempre duvidava do fato de ele poder conseguir algo que nós não tivéssemos achado antes.

- Na verdade sim. Todas as vítimas são mulheres por volta de seus 20 a 30 anos, a maioria loira e todas com um corte na garganta e ferimentos no couro cabeludo.

- Isso estava na entrevista com os investigadores na TV assim que chegamos! – Em minha defesa eu também não sou fã de pessoas que dizem o óbvio.

- Mas isso não é tudo, eu aposto que eles não disseram o que causou os ferimentos no couro cabeludo.

- Realmente não disseram, pensei em cinco teorias mas três delas são quase impossíveis.

- Os ferimentos foram feitos por puxões, talvez o assassino tenha as arrastado pelo cabelo antes ou depois da morte.

- Excelente, isso é algo relevante. Provavelmente um homem forte mas não o bastante para pegar o corpo nos braços ou. . . – Ela desligou o telefone e saio do local rapidamente arrancando o fone do meu ouvido

- Ou o que!? – Me levantei indo atrás dela depois de largar o dinheiro sobre a mesa.

Ela continuou andando até o hotel que havíamos reservado antes do voo, na verdade Sophie havia reservado os quartos. Ela andava pra todo lado gesticulando em silêncio com as mãos.

- Eu sei que vocês são bem parecido mas pode fazer o favor de me falar o que está pensando!? – Falei a sacudindo pelos ombros.

- Não se preocupe não é nada de interessante. Chame Alex aqui e diga que eu preciso que ele venha com as fotos das cenas dos crimes em questão, não posso deixar passar nada – Ela riu de forma mais interna do que um riso comum – Quem precisa de Londres ou a Inglaterra quando se tem crimes estranhos por todas as Américas?

- Melhor eu ir logo – Preferi sair logo do quarto e ir para o andar de cima falar com Alex, ele ao menos era mais são.

Chegando no terceiro andar, olhei pelo corredor me assustando ao ver dois policiais na frente do quarto do meu amigo.

- É a polícia abra a porta.

Me aproximei aos poucos porém não ouvi resposta, eles não deviam estar ali a muito tempo mas pareciam irritados e dispostos a abrir a porta. Nunca gostei de me envolver nos problemas de Alex mas agora eu deveria pelo menos tentar ajudar, eu me aproximei.

- Com licença, meu primo está hospedado nesse quarto, os senhores podem me dizer o que está acontecendo?

Eles apenas me olharam e se entre olharam, eu não tenho uma aparência muito condizente com minha idade mas acho que para eles eu não parecia uma criança mentirosa.

- Recebemos uma denuncia de que seu primo está envolvido com o serial killer que está matando mulheres pela localidade.

- Desculpa mas ele, eu e a moça do andar de baixo fomos chamados para resolver isso. Foi um integrante da própria polícia que nos contatou.
- Não é momento para piadas, moça, vocês não tem nem 15 anos, a polícia não pede ajuda de adolescentes.

- Na verdade não somos adolescentes, Sophie Adler, a moça que também está no caso e foi a primeira a ser chamada já tem mais de 19 anos.

Por um momento pensei que seria presa por desacato mas o outro policial fez um gesto para o outro parar de falar e começou a falar:

- Realmente o nosso superior pediu a ajuda de uma tal “Sophie Adler” por conta de alguns crimes e sequestros que ela resolveu em Washington D.C.

Demorou um tempo para a situação se esclarecer mas logo eles saíram e eu pude entrar no quarto.

- Primo? Desde quando Sherlock é pai? – Ele começou a rir do mesmo jeito infantil de sempre.

- Desde que ele foi uma das pessoas que me criou mesmo eu o chamando de tio, além disso você preferiria que eles entrassem e te prendessem?

Ele meneou a cabeça e continuou sorrindo, tudo para ele era motivo de piada. Alex era o típico “CDF” mas passava longe do que as pessoas esperam da aparência de um. Era obcecado por atletismo, presava por uma aparência mas descontraída, apesar da postura militar e, mesmo não sendo filho sanguíneo de Mycroft, olhos e cabelos tinham a mesma coloração.
- O que a chefe mandou você procurar comigo?

- Todas as fotos das cenas dos crimes, tudo mesmo ela não quer perder nada.

Ele foi até uma parede tirando as fitas que prendiam as fotos ao papel de parede. Quando estava prestes a pegar as fotos ouvi um barulho de algo pesado caindo seguido de pancadas surdas na parede, todos os sons vindos de baixo. Alex e eu corremos para o elevador mas estava no primeiro andar, corremos pelas escadas até chegar no quarto onde eu e Sophie estávamos a encontrando sentada no chão com as mãos no pescoço.

- Amarrem esse homem – Ela disse ainda sem muito fôlego apontando para o ser estirado perto da parede, estava desacordado e com hematomas no rosto.

Enquanto o imobilizávamos com fita, percebi que era o mesmo cara do Starbucks.

- Não ele não é o assassino, Rosie, mas é uma grande pista.

Sophie Adler A Filha De Um Gênio Onde histórias criam vida. Descubra agora