Problemas de família (1/4)

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Fiquei alguns dias no hospital até me recuperar por completo, passei todos os dias ouvindo broncas de meu pai por não tomar cuidado e dizendo a Sophie que o cabelo curto a deixava perturbadoramente semelhante a Sherlock e Adler. Logo após me recuperar Mycroft conseguiu um vôo para nós quatro de volta a Londres.

O tempo passou arrastado nas semanas que fiquei em casa, os dias eram chatos e repetitivos, eu não frequentava escolas a algum tempo já que tinha meus estudos em casa, mesmo contra a vontade de meu pai. Em um sábado, acordo num sobressalto ao ouvir sons de uma viatura passando próximo ao apartamento, olhei o relógio e eram apenas algumas horas após a madrugada. Troquei minhas roupas e desci as escadas a passos rápidos para fazer o mínimo de barulho possível. Chegando a porta pude ouvir uma voz autoritária.

- Senhorita abaixe a faca e ponha o saco no chão.

- Por que vocês, essa espécie de gente, sempre pensam o pior de mim? – Era a voz de Sophie.

Eu abri a porta e dei de cara com uma cena até engraçada, não pude conter um riso interno. Minha amiga estava em roupas casuais e largas de cor clara nas quais haviam manchas vermelhas, em uma mão uma faca pequena, mais parecia um canivete, e no chão pude ver um saco de lixo volumoso furado em diversas partes.
O policial de antes conseguiu a convencer de soltar a faca e se aproximou a algemando para abrir em seguida o saco e ver um manequim.

- O que é isso?

- Isso, se me permite dizer, é meu “boneco anti-tédio” e isso – Ela balançou as algemas soltas no dedo indicador – não é o suficiente pra me segurar muito tempo, minha mãe conhece algemas muito bem sabia?

- A senhorita ainda pode ser presa por desacato.

- Liga pro FBI, Scotland Yard, departamento de polícia belga, ou sei lá mais quem você de tão baixo cargo tem acesso e pergunta quem tem resolvido crimes em menos de dez minutos quando pessoas como você não resolvem em meses. Além disso o governo desse lugar está a meu favor.

O policial tentou abrir a boca para falar algo mas o rádio em seu carro fez um ruído junto ao ponto que estava em seu ouvido e em poucos minutos ele estava saindo do local.

- É antes tarde do que nunca Mycroft, ah olá Srta. Watson.

- Estou atrapalhando sua diversão? Ainda nem amanheceu.

- Alguns pedestres me viram andando pra cá com as roupas manchadas e o saco, no mínimo pensaram que eu matei alguém. Que deselegante.

Soltei uma risada baixa e a chamei para entrar, já estava começando a amanhecer quando ela tomou um banho e colocou roupas mais habituais. Estávamos tomando café da manhã quando nossos pais vieram pelo corredor indo um para o banheiro e outro para a poltrona procurando adesivos de nicotina nos móveis próximos.

- Ainda sobre aquele “uma crise de identidade”? – Sherlock perguntou encarando Sophie.

- Um “Oi filha, como você veio parar aqui? Estava com saudade?” faz bem sabia?

- Desde quando você precisa disso mesmo?

- Boa resposta e realmente nunca, respondendo a sua pergunta sim ainda é sobre aquele cara.

- Quando você ia falar comigo sobre isso? – Perguntei um pouco irritada.
- Não é nada que te envolva, além disso seu pai já está irritado o suficiente com a minha pessoa por enquanto não é Sr. Watson? – Ela falou um pouco alto tendo como resposta apenas um “Uhum!” vindo do banheiro.

- Então o que exatamente te trouxe aqui? Você não vai a locais tão longe de casa atoa.

- Não vou mas também não tenho casa então “longe de casa” é bem relativo quando se trata de mim.

- Ok então me responda.

- Apenas resolvendo problemas familiares.

- Do tipo?

- Alex me roubou e eu quero de volta o que ele pegou.

- Espera se eu estou escutando bem, e é óbvio que estou, você foi roubada por aquele projeto de “nerd” popular? – Sherlock pareceu até surpreso.

- Você foi enganado pela Sra. Hudson, para de reclamar – Meu pai disse saindo do banheiro arrumando as roupas e indo até o fogão.

- Como eu dizia, eu quero de volta e pra isso eu preciso que alguém tome providências com o sobrinho ou filho e como Mycroft nunca foi muito de conversar comigo. . .

Acabei rindo um pouco alto e apontei para a poltrona onde meu tio estava frustrando e batendo nervosamente os dedos nos braços do móvel.

- Você espera que ele vá ajudar? Chega a ser engraçado.

- É uma longa história.

Sophie Adler A Filha De Um Gênio Onde histórias criam vida. Descubra agora