Crise de identidade (3/3)

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Quando acordei estava numa sala branca e bem iluminada, tudo parecia confuso em minha cabeça, olhando ao redor do local percebi ser uma sala cirúrgica, mas a visão pela janela não mostrava ser um hospital, do lado de fora havia apenas escuridão, nada de luzes dos postes ou o som urbano, o silêncio reinava.
Continuei olhando o quarto branco e percebi uma bolsa de soro ligado a um acesso em meu braço direito, meu corpo estava meio adormecido porém o caminho das veias pelo acesso até meu peito ardiam e doíam como se fossem perfurados a cada milímetro com uma agulha grossa.

- Olha só quem acordou.

Olhei para a porta vendo o mesmo homem loiro entrar por ela puxando Sophie pelo braço.

- Você foi longe de mais Sr. Spencer – Ela disse de forma apática me encarando.

- Eu ainda não fiz nada além de a deixar inconsciente mas, se não cooperar eu posso fazer algo mais eficaz.

- O que eu estou fazendo aqui? – Perguntei tentando me mexer porém meus braços estavam presos a maca.

- A sua amiga aqui tem a localização da pessoa que estou procurando, alguém que eu preciso ter em minhas mãos. Infelizmente, ela se nega a me dizer então, para minha sorte, terei que testar minhas novas táticas.

Ele algemou Sophie as grades da janela e a encarou diretamente.

- Onde está Layla?

- Já me perguntou isso antes pelo seu intermediário e não teve nada, já disse que, não importa o que pensar em fazer comigo, não terá nada de mim!

- Tenho formas de te fazer falar.

Ele se aproximou da bolsa de soro e a tirou do acesso em meu braço que logo teve seus tubos preenchidos de sangue que parou no encaixe do soro. Ele foi até a pequena mesinha ao lado da maca pegando uma seringa e mostrando para mim e para Sophie de modo teatral.

- Vocês sabem o que é isso, meus passarinhos?

Olhei para minha amiga e ela mudou ligeiramente de expressão, um jeito sútil porém visível para mim, de medo.

- É estricnina, uma droga usada como tortura na segunda guerra mundial para os prisioneiros.
Um calafrio percorreu minha espinha e voltei a tentar soltar meus braços mas recebi um piscar de olhos lentos em minha direção em sinal para não reagir.

- Veja só. . . Alguém fez as aulas de história, deve saber o que uma dose desse tamanho faz não é?

- Nessa quantidade ela é letal levando a uma morte em agonia, em pequenas doses é uma tortura prolongada até, finalmente, a morte.

Um leve aceno de cabeça, ela queria que eu aguentasse aquilo? Naquele momento eu não entendia mais nada do que se passava na mente perturbada de Sophie.

- Ótimo, Srta. Holmes, agora me diga. . . Onde está Layla?

O silêncio se fez presente, o menor som de respiração fazia ruído maior do que qualquer outro no cômodo.

- Ok então.

Ele se aproximou e aplicou uma pequena dose da seringa no acesso voltando a olhar Sophie. Mal haviam se passado 2 minutos e senti minha cabeça e pescoço terem espasmos junto com um calor forte em todo meu corpo, logo percebi que o espasmo em meu pescoço era vômito e virei meu rosto jogando para fora o jantar daquele dia ao chão, meu corpo tremia e eu sentia um medo do que estava por vir, uma ansiedade que me levava a respirar de forma pesada.

Sophie Adler A Filha De Um Gênio Onde histórias criam vida. Descubra agora