Capítulo 45 " Sua Mulher" ( parte 2)

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Zac

Trinta dias. Trinta dias nesse hospital. Eu não consigo ir embora. Simplesmente não consigo.

Meu irmão quase morreu, e quando eu lembro que eu poderia ter impedido a culpa me corrói por dentro.

Eu tinha que ter entendido da maneira certa. Quem sabe eu poderia ter impedido.

Estou distante dela agora. E eu não queria isso, mas não consigo ser diferente, não consigo olhar em seus olhos e dizer algo tão simples, mas que me apavorava.

Porque eu não esperava esse sentimento. Na verdade eu nunca tinha sentido algo assim.

Olho pro Taylor novamente e sinto meu coração se apertar.

Já começaram a diminuir a medicação e eu não vejo a hora que ele possa olhar pra mim de novo.

Nesse último ano nós só brigamos. Sempre fomos amigos e depois que ele se apaixonou por ela as coisas mudaram. Elena também está aqui, ela não sai daqui, assim como eu.

E olhando pra ela agora, vendo o quanto ela está destruída, eu percebo que ela nunca de fato me amou e eu sinto que não a amei também. Porque diante de tudo que aconteceu, se eu ainda estivesse com ela, eu abriria mão dela por ele.

E isso me faz entender que não era amor.

Fui tão sincero com ela. Pedi que fosse pra casa e falei que torcia pelos dois. O sentimento ali era palpável. E não entendo como não percebi isso antes.

Ele acorda rapidamente. Justo quando Elena não está, e ela é a primeira pessoa por quem ele pergunta. O reencontro deles foi emocionante, até pra mim. Saí pra dar mais privacidade a eles.

Eu queria conversar com ele, mas sabia que ele precisava ficar com ela e descansar também.

Quando cheguei em casa até achei estranho, fazia dias que não ia até lá.

Sentia falta da minha baixinha. Queria poder olhar pra ela e dizer finalmente o que ela queria tanto ouvir.

E eu queria também. Mas minha cabeça estava longe. Uma verdadeira bagunça dentro de mim. Eu queria entender aquele sentimento, entender quando ela tinha invadido meu coração daquele jeito sem nem ao menos me dar conta disso.

Acabei ligando pra ela e falando sobre o Taylor. Ela ficou feliz, mas após isso eu não sabia o que dizer. Então a chamei pra ir até o hospital.

Mas é tão marrenta que respondeu que ia sozinha. Nós encontramos na recepção. Ela me olhou e eu percebi o quanto ela estava puta comigo.

- Thamy... - comecei mas ela já me cortou.

- Zac, para! Aqui não é lugar pra isso.

Assenti. Ela estava certa. Ela estava sempre certa.

Ficamos esperando sentados lado a lado enquanto não chegava a nossa vez.

Conversamos um pouco sobre trabalho e quando entramos no quarto meu rosto iluminou ao vê-lo.

Ainda deitado. Pálido. Mas vivo. Era isso que importava.

SAVE MEOnde histórias criam vida. Descubra agora