— O maior prazer da vida é fazer aquilo
que os outros dizem que você não consegue fazer.
— Não sabia que você viria para essa escola. — Perguntei, enquanto andávamos pela calçada, passando perto do único mercado da cidade.
— E eu não sabia que estudava nessa escola.
Rimos ao mesmo tempo. Parecíamos tão iguais e diferentes ao mesmo tempo.
— Aquela é sua namorada? — Perguntou Roy.
— Namorada? Não, não. É a Elisabeth. A minha amiga de que comentei. Estamos fazendo o trabalhando juntos.
— Ah sim... — Ele colocara as mãos nos bolsos de sua calça jeans.
Para não ficar aquele clima, pois estava sentindo que ficara um pouco, perguntei:
— O que a Estella é sua?
— É minha irmã adotiva.
— Não sabia que tinha uma irmã.
— Meus pais, depois que se converteram para a igreja, renovaram seus votos de castidade, voltando a serem puros. Porém, eles queriam ter uma filha. Então, resolveram adotar uma.
— Seus pais nunca foram cristãos?
— Não. Eles se converteram quando eu tinha 16 anos.
— Então não faz tanto tempo assim.
— Não, não faz.
— E você ficou feliz quando tomaram essa decisão?
— Meio que fiquei e não fiquei. Fiquei feliz por terem tomado um rumo em suas vidas. E não fiquei feliz pois eles quererem que eu siga o mesmo caminho.
— O que aconteceu?
Estávamos passando pela rua do parque da tarde passada, quando Roy fez um gesto para sentarmos novamente no balanço.
Nos acomodamos nos balanços e ele logo começou a falar.
— Meu pai era alcóolatra. E minha mãe reclamona com a vida. E que normalmente culpava meu pai e a mim, por tanta desgraça em sua vida. Sem saber que a maior culpada era ela mesma.
Ele parou por alguns instantes, pegando do seu bolso uma carteira de cigarro. Tirando um de vinte cigarros e colocando-o na boca.
— Tem isqueiro?
— Tenho.
Nunca jurei fazer algo assim um dia, porém eu fiz.
Fiz um gesto como se tivesse tirando, realmente um isqueiro do bolso. O movimento de estar acendendo o objeto tomou conta de minha mão e dei o fogo imaginário para que Roy pudesse acender seu cigarro.
Ele olhou para mim por alguns segundos e logo em seguida encostou o bico do cigarro no fogo que não existia e deu uma tragada profunda.
E eu guardei um isqueiro que não tinha de verdade.
— Não posso culpa-los, pelo que sou hoje. Mas se realmente a culpa é deles, só tenho que agradecer. O que sou hoje, sinto-me mais vivo do que nunca. — E deu mais uma tragada, em seguida batendo com dedo no cigarro para tirar o excesso de cinzas queimadas.
— Meus pais sempre foram cristãos. Desde criança frequento aquela igreja. Já participei de escola dominical e grupos de louvor. Até que certo dia, tudo aquilo que eu passei, não fazia mais sentido para mim.
— Por quê?
— Porque meus olhos começaram a abrir para coisas, que realmente faziam sentido para mim. Coisas que eu considerava antes, banais.
— E seus pais sabem disso?
— Não, não sabem.
— Pretende contar para eles algum dia?
— Eu ainda não sei.
— E o que dirá as estrelas sobre isso?
— Como é?
— O que dirá as estrelas?
— Não estou entendo sua linha de raciocínio?
Roy deu a última tragada no cigarro e repetiu o mesmo gesto que fizera no final da tarde do dia anterior.
— Costumo dizer que as estrelas sabem, absolutamente tudo. São velhas e sábias. Estão presentes desde o começo dos tempos. O que acha que elas irão pensar sobre isso? Acha que elas apoiariam contar agora ou depois?
— Eu não sei.
— Então, pergunte a elas e terá as respostas.
— Que?
— Pergunte a elas... Sério! Por mais que às vezes são demoradas, as respostas sempre vêm.
Roy olhava para os meus olhos, atentamente.
— Mas o engraçado, é que existem dois universos dentro de seus olhos. E nesses universos, um trilhão de estrelas, prontas para saltarem para fora. — Ele respirou profundamente. O parque estava em completo silêncio. — Eu sei que às vezes, o que eu digo, pode não parecer fazer sentido e você pode até me achar estranho, pelo meu comportamento anormal. Eu apenas tento levar as coisas para um lado que poucas levem.
— E por mais que às vezes eu não entenda, tento decifrar suas charadas. Não te acho uma pessoa louca.
— Eis a questão... Não são charadas. Muito pelo contrário. São coisas que qualquer um pode ver, só basta enxerga-las com novos olhos. Olhos que todos nós temos, porém poucos descobrem.
— E como descobrir esses novos olhos?
— Isso só você pode procurar. Só você deve saber.
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O que dirão as Estrelas?
RomanceUm amor traçado pelas estrelas.Duas histórias envolventes, que se interligam em uma só. Ettore, um garoto de 17 anos, via o mundo e as coisas de uma maneira que uma pessoa normal veria, mas em um dia tudo acaba mudando. Ele conhece Roy, que acaba d...