Dezoito (Roy)

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— Essas alegrias violentas, têm fins

violentos. Falecendo no triunfo

como fogo e pólvora que num só

beijo se consomem.


Nunca levei em consideração que as mudanças em nossa vida podem ser para melhorar o seu estado. Desde que eu me lembre, tudo o que ocorrerá até agora, não foram coisas boas. Muito pelo contrário, tudo estava numa perfeita merda. Numa perfeita escuridão.

Por eu estar num presente diferente; ao olhar para o passado me surpreendo em enxergar como, realmente houve uma mudança.

E não posso reclamar.

A mudança em si, começou a se fazer presente em minha vida aos meus quatorze anos de idade. Porém, devo voltar antes dessa idade para que as coisas comecem a fazer algum sentido.

Marcas, feridas, palavras e mais algumas coisas foram o conjunto perfeito para que eu desistisse de tudo. Até mesmo da minha própria vida.

Ainda é nítido o primeiro ocorrido que me fez acreditar que a vida não é um mar de rosas, onde todos se amam, onde todos se perdoam. Onde todos se ajudam. E foi a partir daquele momento que tudo esfriou. A chama que ardia dentro de mim se apagara de uma tal forma, que eu nunca achei que isso fosse possível.

E isso acontecera quando eu tinha apenas seis anos de idade.

Sentado a mesa da cozinha, fazendo o meu dever de casa, enquanto era obrigado a escutar minha mãe reclamar que tudo era ela naquela casa. Que ninguém a ajudava e que era um castigo de Deus por ela estar passando por aquilo.

Eu queria que aquela noite nunca tivesse existido.

Papai havia chegado um pouco antes de mamãe colocar a mesa para o jantar. Papai trabalhava numa empresa de contabilidade e sempre chegava tarde por nunca conseguir terminar alguns relatórios e deixar organizada a planilha que gerenciava para a empresa.

E foi a primeira vez que vi ambos explodirem um com o outro.

— Chegando atrasado de novo, Robert? — Começou mamãe, enquanto batia com força a tampa da panela com carne.

— Não comece a me encher o saco, Margaret. Não estou muito bom.

— Você nunca está bom para nada, não é mesmo? Agora sair e encher a cara você sabe e tem energia para isso.

— Cale a boca, sua inútil. Se eu faço isso, é porque eu preciso aguentar você e suas reclamações.

— Reclamações? Se eu reclamo é porque eu tenho motivo. Você não me ajuda em nada dentro de casa. Nem pegar seu filho na escola você tem tempo. Agora ir para os bares com seus amigos é o primeiro a dar o passo adiante. E eu tenho que fazer tudo nessa casa. Tudo.

— Eu não pego Roy na escola, porque eu não posso, pois trabalho numa empresa em tempo integral. E quando eu saio nos finais de semana, e só para não ficar escutando o que você tem para reclamar, como está fazendo agora.

O que dirão as Estrelas?Onde histórias criam vida. Descubra agora