— Resolvi pensar menos, me preocupar
menos, ligar menos, deixar as coisas acontecerem.
— Juro que por um certo instante, eu pensei em ir na sua casa depois da escola e te esfaquear inteiro. — Disse Elisabeth, enquanto saíamos da sala de matemática para o intervalo.
— Eu disse que viria. Não poderíamos perder esse trabalho por nada.
— Eu sei, meu querido, só que você não chegava, então fui ficando cada vez mais nervosa com sua ausência.
Elisabeth era incrível em fazer milhares de coisas enquanto conversava e andava ao mesmo tempo. Com uma piranha na boca, juntava todo o seu cabelo atrás da cabeça, enquanto segurava alguns livros por debaixo do braço.
— Tem certeza de que não quer ajuda?
— Jshd5@!?jkc.
— O quê?
Elisabeth enfim prende a piranha em seu cabelo.
— Eu disse que não precisava, obrigada. O que eu quero saber é por que você chegou atrasado? Você nunca chegou em um único dia, pelo que eu me lembre, atrasado na escola. Principalmente numa apresentação.
— Roy apareceu em casa ontem. Algumas horas depois, assim que você saiu.
— Sério? O que ele foi fazer lá? E outra, como é que ele sabia onde você morava?
— Isso é algo de que eu não me toquei.
— Esse garoto me parece um tanto estranho, Ettore.
— De certa forma, mas um estranho bom. Do bem, digamos assim.
— Como pode saber isso?
— Eu o convidei para ficar conosco na hora do intervalo, tem algum problema?
— Não, não tem. Mas vou logo lhe avisando, se eu não for com a cara dele, apesar de ele ser um gatinho, não me force uma amizade, ok?
— Tudo bem.
Seguimos para o refeitório, onde habitava milhares de pessoas e grupos clichês de escolas. Nerds, CDF's, populares, patricinhas e por aí vai.
E ao longe, avistamos Roy, sentado numa mesa vazia que continha três cadeiras, contando com a dele. Ele já estava com sua bandeja, aproveitando muito bem sua maçã-verde, seu sanduiche de pasta-de-amendoim, seu suco de caixinha e seu pudim de chocolate.
Elisabeth adorava pudim de chocolate.
— Oi Corujinha, oi... — Disse Roy, se levantando e dando um olá com as mãos.
— Essa é Elisabeth, Roy.
— Oi é um prazer.
— Digo o mesmo, Roy.
Não esperava muito da reação de Elisabeth, porém o ato de Roy com ela foi algo que realmente conquistara a amizade da garota de óculos e de cabelos ruivos.
— Espero que você não se incomode Elisabeth, mas deixei esse pudim para você, pois era o último.
Pudemos ver os olhos de Elisabeth brilharem. E naquele momento eu soube que ela adoraria ter Roy como um amigo. Não porque ele guardar pudins de
chocolate para ela, mas pelo fato de ter sido generoso a ponto de ter guardado um pudim de chocolate para ela.
— Por favor, sentem-se.
***
Era algo reconfortante e desconfortante ao mesmo tempo, querer saber o que se passava na cabeça de Roy. De como era seu mundo. E como ele aproveitava o máximo daquilo tudo.
Algo em Roy despertava uma curiosidade insaciável de querer procurar, pesquisar, ir atrás, se perguntar o porquê daquilo e o porquê disso. É como se cada pergunta tivesse sua resposta, não importante se ela fosse algo religioso, científico ou sei lá mais o quê, porém que fizesse sentido em tudo.
Fizesse sentido pelo menos para mim.
— Foi bom conhecer você melhor Roy, de verdade. E obrigado pelo pudim. — Disse Elisabeth, dando tchau para nós, enquanto seguia para o carro de sua mãe.
— Vai fazer algo agora, depois da escola? — Me virei para Roy.
— Não, por quê?
— Que tal você ir para a minha casa? Meu pai não vai estar, mas pelo menos você conhece a minha mãe.
— Eu iria gostar muito.
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O que dirão as Estrelas?
RomanceUm amor traçado pelas estrelas.Duas histórias envolventes, que se interligam em uma só. Ettore, um garoto de 17 anos, via o mundo e as coisas de uma maneira que uma pessoa normal veria, mas em um dia tudo acaba mudando. Ele conhece Roy, que acaba d...