Trinta e Dois (Roy)

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— Não dá para negar, é você, tem sido você

e vai continuar sendo você... Minha escolha,

minha certeza, meu amor.


Dê valor enquanto a pessoa estiver viva, pois quando morre, não adiantar chorar. Eu tinha aprendido isso na pior maneira possível, que foi sentindo na pele. Ou melhor, no coração.

Lindos vasos de rosas vermelhas estavam postos em cima de pedestais, um de um lado e o outro do outro. E no meio, havia uma garota linda de cabelos sedosos que dormia calmamente, como se fosse um 

anjo, com as mãos cruzadas ao peito, segurando uma linda tulipa azul. Seu corpo estava coberto por lindas flores pequenas de cor rosa. Pude vê-la, antes mesmo de adentrar ao salão onde estava acontecendo seu funeral.

Todos ali presentes, em total luto, com roupas variadas em preto, choravam pela perda de uma garota extraordinariamente extraordinária. Apenas um casal estava em pé do lado da garota. A mulher em total desconsolo, segurando a mão do garota, enquanto chorava em prantos. O homem ao seu lado, com lágrimas que desciam sobre seu rosto, estava abraçado a mulher. Provavelmente eram os pais de Genevieve.

Ao adentrar o espaço, todos olharam estranhamente para mim, como se eu estivesse no velório errado. Mas era óbvio que ninguém me conhecia, pois não tinha chegado a conhecer ninguém da família de Genevieve. Provavelmente eles nem sabiam que ela tinha um namorado. Mas estava tudo bem em questão a isso, pois tinha a leve impressão de que não nos daríamos bem, principalmente com seus pais.

Apesar de não falarem absolutamente nada quando eu me aproximei do caixão, me olhavam com um semblante de estranheza, provavelmente se perguntando quem era eu e o que estava fazendo ali.

Mas naquele momento, não era o momento de responder perguntas e sim de estabelecer o silêncio por sua morte.

Eu estava segurando um lindo cravo vermelho.

Ao colocar ao lado de Genevieve, bem no alto de sua cabeça, como se fosse uma flor de mentira que prendiam seus cabelos, levei meus lábios até sua mãos que estavam cruzadas ao peito e dei um leve beijo.

— Espero que esteja bem com as estrelas, Genevieve.

E foi a última coisa que disse até certo momento.

Queria poder ficar, mas sabia que minha presença ali iria levantar perguntas, mas não queria aquilo para Genevieve. Apenas queria que ela fosse em paz.

Sem dar a mínima para as pessoas que ali estavam, segui para o lado de fora, esperando o momento que ela seria enterrada.

Só de pensar que não a veria mais na escola, que não a encontraria mais na sua segunda casa depois do inferno que era a primeira, fumando, bebendo e dançando sem se importar com a opinião alheia... Aquilo partia meu coração.

Prometa que vai aproveitar sua vida ao máximo? Prometa que vai sair, conhecer novas pessoas, se divertir e ser você mesmo? Me prometa?

— Eu prometo, Genevieve. — Disse, enquanto pensava no que ela me pedira antes de fechar os olhos no meu colo.

Depois de algumas horas, a família de Genevieve estava saindo da sala, acompanhando um caixão que vinha logo a frente, que estava sendo trazido por um pequeno carrinho em baixa velocidade, enquanto todos choravam a ponto de soluçarem logo atrás.

Fiquei alguns metros de distância o suficiente para não perceberem que eu ainda estava no cemitério.

Ao longe, pude vê-la sendo enterrada em um túmulo onde sua lápide havia um lindo anjo que estendia seus braços para o buraco feito no chão.

E com três batidas com água benta, um padre que ali estava, terminara o enterro, como se fizesse a alma de Genevieve ir para o céu.

***

Sabe aquele clichê que todos dizem que sua vida pode mudar da noite para o dia? Ou de uma hora para a outra?

Foi o que tecnicamente aconteceu assim que eu chegara em casa.

Ao me deparar, havia uma garotinha na varanda de casa, que brincava com bonecas, fazendo uma encenação de Momento das Garotas.

Ela era linda, com seus cabelos negros enrolados

— Oi garotinha. O que faz aí?

Eu pensava que ela estava perdida, pois ali era minha casa. Ou melhor, não por muito tempo, pois a ideia de me mudar e ir morar sozinho havia voltado.

— Mamãe, tem um garoto aqui fora.

Margaret, vulgo minha mãe, havia saído para o lado de fora, enxugando suas mãos com um pano de pratos.

— O que é que está acontecendo? — Disse, com um semblante em dúvidas.

— Era para ser uma surpresa, mas... Estella, conheça o seu irmão mais velho. E Roy, essa é Estella, a princesa. Sua nova irmã.

Num gesto de puro amor, Estella abrira um sorriso, estendeu os braços em minha direção, deixando suas bonecas caírem, enquanto me dava um abraço forte, cheio de amor, provavelmente dizendo: Ebá, eu tenho um irmão mais velho!

E eu respondendo: Eu tenho uma irmã mais nova.


O que dirão as Estrelas?Onde histórias criam vida. Descubra agora