elevador • [r.l.]

3.

Rapidamente, os jantares no apartamento de Maria Vitória se tornaram o ponto alto de seus dias.

Toda noite, ela tocava sua campainha com um sorriso, soltando um "já jantou?" assim que seus olhos se encontravam. E então Rafael sorria de volta, correndo para dentro, colocando o primeiro sapato que via em sua frente, desligando a live, e encaminhando-se para o apartamento vizinho.

Mavi era uma pessoa interessante, concluiu. Vinha do interior de São Paulo, mas se mudou para a capital após ser aceita no curso de Direito da USP. Não falava muito sobre si mesma, mas adorava ouvir.

Maria Vitória era... Diferente.

Rafael não sabia dizer por quê, ou como, mas a morena era diferente de todas as outras pessoas que conhecera em sua vida.

E, bom, ela cozinhava extremamente bem, isto era um fato.

De vez em quando, ela deixava-se tagarelar, e contava sobre sua avó materna, uma velha mulher italiana e a melhor cozinheira de São Paulo — a dona da maior parte das receitas que fazia.

Comiam strogonoff e conversavam sobre filmes quando a viu morder o lábio, ansiosa, antes de encostar o garfo no prato e perguntar, sem encará-lo:

— Falando em filmes... — ela começou, seu rosto tomando uma leve cor avermelhada. — Uma amiga minha me indicou um filme esses dias, e eu consegui baixar ele na internet, então, sabe, se você quiser ficar aqui depois de comer, a gente podia assistir juntos.

Ele sorriu, sentindo suas bochechas esquentarem.

— Ah, sim, claro. Eu quero sim. Qual o filme?