15.

4.1K 399 76
                                    

Ele demorou mais do que gostaria tentando se lembrar de onde ficava a chave reserva do apartamento em frente ao seu. Sabia que havia uma porque, mais de uma vez, Vitória perdera suas chaves em algum lugar entre os sofás de Rafael e ficara com preguiça demais para procurá-las, recorrendo à pequena chave que ficava...

Escondida dentro do vaso de planta perto da porta? Ah, graças a Deus.

Quando finalmente entrou, percebeu que tudo estava muito quieto, o que seria completamente normal para àquela hora da manhã, se Vitória não tivesse ligado poucos minutos antes.

Nunca, em toda a sua vida, ouvira sua vizinha falando daquele jeito — era agonizante e fizera todos seus órgãos se revirarem em completo desespero. O pior era que ela não conseguia dizer o que queria, gaguejando sem parar, deixando-o ainda mais nervoso.

Correu até onde sabia que era o quarto da morena, sentindo o coração virar trezentos e sessenta graus ao vê-la sentada no chão, encarando a parede, apertando o celular com tanta força que seus dedos estavam completamente brancos. Logo foi até ela, colocando as mãos em seus ombros, observando com preocupação, procurando ferimentos aparentes, sem sucesso.

— Mavi? O que aconteceu? — perguntou, colocando um fio de cabelo atrás da orelha da garota quase que inconscientemente. — Você se machucou?

Ela abriu a boca para falar, mas nada saiu. Seus olhos começaram a lacrimejar.

— Eu... — finalmente começou, e ele aproximou-se para ouvir melhor. — Eu preciso ir pra casa, pra, pra casa da minha mãe, eu, eu, Rafael...

Um soluço interrompeu o discurso da morena, lágrimas manchando seu rosto. Rafael sentiu o coração acelerar quando ela soltou o celular para agarrar-se à sua blusa, a respiração rápida, completamente desesperada.

— Ei, ei — ele puxou-a para perto, abraçando-a. — Olha, tudo bem, tudo bem — afastou-se para encará-la, tentando manter a calma. — A gente vai pra casa da sua mãe, então. Eu vou pegar algumas coisas no meu apartamento e chamar um táxi ou um Uber ou procurar passagens de ônibus, e aí a gente vai. Vai ficar tudo bem, eu prometo. Você consegue levantar?

Ela assentiu, incerta. Apoiando-se nele, ficou de pé, mas suas pernas estavam muito fracas e teria caído novamente se Rafael não tivesse lhe segurado.

— 'Tá tudo bem, vai ficar tudo bem, eu prometo...

elevador • [r.l.]Onde histórias criam vida. Descubra agora